31 julho 2013

enfermeiros passam a poder prescrever, em Espanha

Se trata de un «pacto histórico» dentro de la Sanidad española. En un acto celebrado en el Palacio de Moncloa con la presencia de la ministra de Sanidad, Servicios Sociales e Igualdad, Ana Mato, y presidido por el presidente del Gobierno, Mariano Rajoy, el Ejecutivo selló el Pacto por la Sostenibilidad y la Calidad del Sistema Nacional de Salud (SNS) con los representantes de las profesiones médica y enfermera. Dos colectivos que representan a 500.000 profesionales sanitarios en España. El documento es fruto de dos acuerdos suscritos por el Ministerio con ambos sectores con vistas a avanzar en tres áreas: un Pacto por la Sanidad, una nueva política de recursos humanos y nuevas estrategias para impulsar la gestión clínica. Entre los principales puntos, destaca la próxima aprobación de un real decreto que terminará con el limbo legal en el que se encontraba la prescripción de medicamentos por parte del colectivo de enfermeros. Una situación que se produce a diario, pero que no estaba regulada a nivel nacional. Actualmente, la Ley del Medicamento de 2006 sólo permite la prescripción a médicos y odontólogos.

La Razón

30 julho 2013

inovação II



Depois de ler o artigo citado no post anterior e de uma breve pesquisa na net, que passou pelo blogue da Violet Blue, uma destacada colaboradora da Wired, lá descobri mais uma das tais que sendo uma grande p#$@ se dedica também, e com que afinco, às aspirações do intelecto.
Aqui fica um singelo fragmento das suas reflexões, em estrangeiro... pois claro.

Diário de uma escort exótica - Foucault
...
In modern nation-states in the West, a ‘qualified’ life relates to neoliberal ideals. Neoliberalism is a shift in political, economic and ideological policy that began in the 1980’s (Yang, 2013), which currently dominates many governments globally. Economically, it is a policy of free-markets with minimal government interventions. Politically, it is the diffusion of government into smaller institutions. The notion of ‘freedom’ and individualism is the ideology behind neoliberalism, where individual freedom is achieved only through free markets. Yet the hidden element is that neoliberal policies seek to maintain the power of economic elites, and, it’s a “political project to re-establish the conditions of capital accumulation.” Neoliberalism, according to Scoular, is the main idea behind a ‘qualified’ life in Agamben terms. She notes, “modern law operates to regulate the complete lives of individuals,” and thus the law influences social norms. For instance, prostitutes are marginalized due to social stigma. The stigma, as Davey and Kissil mention, is the result of laws that criminalize prostitutes. Prostitutes are criminalized because the state feels they pose a threat to their ideals. For instance, the Contagious Diseases Acts in the late 19th century are said to criminalize prostitutes for their alleged danger to public health. Medical discourses and sciences were used to justify penalizing ‘unregulated’ persons, but in reality it was a moral panic over ‘unregulated’ sexuality. Controlled sexuality was crucial to the Modern nation-state agenda. Thus, prostitutes can only be ‘qualified’ if they satisfy the needs of neoliberal ideals, such as self-regulating themselves in a manner which results capital accumulation. The law is a way of expressing state power in an indirect way, as it influences norms, and thus influences people to maintain neoliberal interests. I will discuss how neoliberal interests are maintained through prostitution laws, but first I will discuss feminism as theory, since certain feminist have a strong stance on prostitution laws.
...

Porque é que uma rapariga com esta capacidade de análise anda a dá-lo a vendê-lo? Aqui está um pormenor que não escapou à sua introspecção:

Diário de uma escort exótica - Socialismo

I find myself becoming more cynical towards Western-Liberal ideology, and all of its implications. I can sum up Western ideology as: money accumulation, perpetual growth, competition, individual gain and a discourse of ‘freedom.’ These are all values that I, unknowingly, adopted. Western-Liberal ideology is what I attribute to my self-destruction. I am starting to view Western-Liberal indoctrination as ‘poison.’ And people who practice such traits, I refer to them as ‘poisoned.’ I am ‘poisoned’ myself, yet I am aware of it’s negativity. Michel Foucault’s concept of biopower and how State power works indirectly to control our lifestyles, making us ‘self-regulators,’ also revolutionized my thoughts.

Em português, esta acompanhante de luxo prostitui-se por culpa dos valores do capitalismo que ela inconscientemente adoptou. Boing "#$%&/()=?

PS: Querida, quando passares pelo Porto dá 1 tok. Gostava de trocar umas ideias contigo sobre Rousseau e Kant. Já ouviste falar da Ayn Rand? BJ grande <3

inovação

Um produto novo: a puta intelectual

29 julho 2013

relativismo moral

"Si una persona es gay y busca al Señor y tiene buena voluntad, ¿quién soy yo para criticarlo?"

hijacked II



Às 8:37 da manhã de hoje, alguém na Nigéria interessou-se pelo meu email. E é verdade caros amigos, não estou retido no aeroporto de Milão.

hijacked

O MEU EMAIL: jsacouto@gmail.com FOI HIJACKED

a justiça em Espanha

2 casos

El maquinista del tren siniestrado en Santiago, Francisco José Garzón, quedó en libertad con cargos tras testificar durante dos horas ante el juez que instruye la causa por el accidente ferroviario más grave de las últimas cuatro décadas y en el que murieron 79 personas.
...
Garzón Amo ha aceptado este domingo en su testimonio de cerca de dos horas que lo ocurrido no es achacable a un fallo técnico, y tampoco a las condiciones del vehículo que pilotaba ni del trazado, sino a un "error humano", una distracción.

___________________________________________

El extesorero del PP Luis Bárcenas  ha pasado la noche en la madrileña cárcel de Soto del Real en la que fue ingresado a última hora de este jueves por orden del juez de la Audiencia Nacional Pablo Ruz. Bárcenas fue encarcelado ante el riesgo de fuga y para que no pueda manipular, destruir o construir pruebas del procedimiento en el que está imputado por blanqueo de dinero, fraude fiscal, falsedad de documentos y estafa procesal.

28 julho 2013

animais muitos espertos

O teólogo jesuíta Karl Rahner defendeu que é a consciência de Deus, a aceitação de um poder superior, a quem devemos fidelidade e a quem devemos seguir, que distingue os seres humanos das outras criaturas. Se a fé em Deus desaparecesse completamente da mente humana, nós não ... nos tornaríamos donos do nosso próprio destino; pelo contrário, desceríamos ao estado de animais muito espertos, e o nosso fim seria demasiado horrível de contemplar.

Paul Johnson

Teologia da Libertação

...
Até o Marxismo, apesar de definitiva e repetidamente identificado como uma ideologia sem mérito, criado por um vigarista intelectual que constantemente inventou e manipulou a sua "evidência científica", reapareceu de uma forma quase religiosa na chamada Teologia da Libertação. A Teologia da Libertação é pura e simplesmente uma heresia anti-Cristã, sem base moral, e infelizmente, como demonstrou a experiência latino-americana, uma fonte de violência e de mal moral.

Paul Johnson, no livro do meu último post

+ Paul Johnson


onde é que eu já ouvi isto?

O futuro exige a reabilitação da política

26 julho 2013

pop Francisco

Amor, amistad, sabor, revolución, conceptos y palabras que copan la mayoría de canciones de rock, son también las que mueven hoy el discurso del Papa

Caro PA,
Como é que uma organização com 2000 anos oscila, com tanta facilidade, entre o 8 e o 80? Entre Ratzinger e Bergoglio.

a Igreja tem de vir para a rua

...
Pero Jorge Mario Bergoglio no es un pontífice al uso, y la armó. En un momento del encuentro, pidió a los jóvenes: “Quiero que salgan a la calle a armar lío, quiero lío en las diócesis, quiero que se salga fuera, quiero que la Iglesia salga a la calle, quiero que la Iglesia abandone la mundanidad, la comodidad y el clericalismo, que dejemos de estar encerrados en nosotros mismos”. Después, se giró significativamente hacia los prelados que lo acompañaban y les dijo: “Que me perdonen los obispos y los curas si los jóvenes les arman lío, pero ese es mi consejo…”.

Comentário: "armar lío" - fazer barulho, criar bagunça, revoltarem-se, protestarem.

quanto vale uma vida?

O seguro obrigatório da Renfe (empresa pública) cobre até 36.000 € por passageiro, enquanto, também em Espanha, o seguro obrigatório automóvel cobre até 120.000 €.
Reparem ainda na linguagem grosseira e autoritária da seguradora:
"Los viajeros tienen 15 días para reclamar hasta 21.000 euros".

25 julho 2013

reforma do Estado... do Vaticano

Os candidatos a padres vão passar a estudar Teologia apenas em Lisboa, Porto e Braga. O Instituto Superior de Teologia de Viseu - onde estudavam 28 seminaristas das dioceses da Guarda, Bragança e Lamego -, encerrou no início deste mês e já não voltará a abrir portas. Em Setembro, os futuros sacerdotes serão transferidos para Braga. A ordem veio de Roma e foi comunicada, em Abril, pelo Patriarca de Lisboa aos bispos das quatro dioceses. Em Portugal, a formação de sacerdotes acontecia em três faculdades de Teologia (Lisboa, Porto e Braga) e em dois institutos superiores (Viseu e Évora). Mas o Vaticano decidiu não renovar as autorizações para o ensino nos dois institutos - que precisam de ser revalidadas de três em três anos e que terminam em 2014. O instituto de Viseu adiantou-se e, apesar de poder continuar a trabalhar por mais um ano, decidiu encerrar. Já a formação de padres em Évora, que também tem os dias contados, deverá manter-se até ao final do próximo ano lectivo.

Comentário: Francisco passa as palhetas a Crato e acaba com o ensino de teologia nos Institutos Superiores de Viseu e de Évora. A Igreja, obviamente, não quer Teólogos Técnicos, quer Doutores.

um país de faz de conta

Comissão Europeia impõe:
  1. CGD, BCP, BPI e Banif têm de reduzir balcões e trabalhadores. Há cenários diferentes nas vendas de activos que cada banco terá de fazer.
  2. Bruxelas proíbe bancos de novas aquisições e operações de risco
Comentário: Afinal os nossos banqueiros não passam de bancários.

24 julho 2013

Ética e Moral do Poder


Autorização para assassinar. Isto deve estar a fazer maravilhas pela contenção. A minha previsão é que o número e a ferocidade de inimigos dos EUA e Ocidente vai aumentar. Só podemos esperar o pior a seu tempo.
Não se esqueçam que, ao contrário do tempo das monarquias, a democracia pressupõe que a população está envolvida e concorda com as acções perpetradas em seu nome. A democracia tende a tornar  todos envolvidos. As maravilhas da modernidade.
http://www.policymic.com/articles/24164/a-list-of-children-killed-by-drone-strikes-in-pakistan-and-yemen
Obama has authorized 193 drone strikes in Pakistan – four times the amount authorized by George W. Bush. According to Global Research, over the past 4 years Obama has authorized attacks in Pakistan which have killed more than 800 innocent civilians and just 22 Al-Qaeda officers.
That constitutes at least 36 civilians per target.
How many of those are children? A new study puts it in perspective.
List of children killed by drone strikes in Pakistan and Yemen
PAKISTAN
Name | Age | Gender
Noor Aziz | 8 | male
Abdul Wasit | 17 | male
Noor Syed | 8 | male
Wajid Noor | 9 | male
Syed Wali Shah | 7 | male
Ayeesha | 3 | female
Qari Alamzeb | 14| male
Shoaib | 8 | male
Hayatullah KhaMohammad | 16 | male
Tariq Aziz | 16 | male
Sanaullah Jan | 17 | male
Maezol Khan | 8 | female
Nasir Khan | male
Naeem Khan | male
Naeemullah | male
Mohammad Tahir | 16 | male
Azizul Wahab | 15 | male
Fazal Wahab | 16 | male
Ziauddin | 16 | male
Mohammad Yunus | 16 | male
Fazal Hakim | 19 | male
Ilyas | 13 | male
Sohail | 7 | male
Asadullah | 9 | male
khalilullah | 9 | male
Noor Mohammad | 8 | male
Khalid | 12 | male
Saifullah | 9 | male
Mashooq Jan | 15 | male
Nawab | 17 | male
Sultanat Khan | 16 | male
Ziaur Rahman | 13 | male
Noor Mohammad | 15 | male
Mohammad Yaas Khan | 16 | male
Qari Alamzeb | 14 | male
Ziaur Rahman | 17 | male
Abdullah | 18 | male
Ikramullah Zada | 17 | male
Inayatur Rehman | 16 | male
Shahbuddin | 15 | male
Yahya Khan | 16 |male
Rahatullah |17 | male
Mohammad Salim | 11 | male
Shahjehan | 15 | male
Gul Sher Khan | 15 | male
Bakht Muneer | 14 | male
Numair | 14 | male
Mashooq Khan | 16 | male
Ihsanullah | 16 | male
Luqman | 12 | male
Jannatullah | 13 | male
Ismail | 12 | male
Taseel Khan | 18 | male
Zaheeruddin | 16 | male
Qari Ishaq | 19 | male
Jamshed Khan | 14 | male
Alam Nabi | 11 | male
Qari Abdul Karim | 19 | male
Rahmatullah | 14 | male
Abdus Samad | 17 | male
Siraj | 16 | male
Saeedullah | 17 | male
Abdul Waris | 16 | male
Darvesh | 13 | male
Ameer Said | 15 | male
Shaukat | 14 | male
Inayatur Rahman | 17 | male
Salman | 12 | male
Fazal Wahab | 18 | male
Baacha Rahman | 13 | male
Wali-ur-Rahman | 17 | male
Iftikhar | 17 | male
Inayatullah | 15 | male
Mashooq Khan | 16 | male
Ihsanullah | 16 | male
Luqman | 12 | male
Jannatullah | 13 | male
Ismail | 12 | male
Abdul Waris | 16 | male
Darvesh | 13 | male
Ameer Said | 15 | male
Shaukat | 14 | male
Inayatur Rahman | 17 | male
Adnan | 16 | male
Najibullah | 13 | male
Naeemullah | 17 | male
Hizbullah | 10 | male
Kitab Gul | 12 | male
Wilayat Khan | 11 | male
Zabihullah | 16 | male
Shehzad Gul | 11 | male
Shabir | 15 | male
Qari Sharifullah | 17 | male
Shafiullah | 16 | male
Nimatullah | 14 | male
Shakirullah | 16 | male
Talha | 8 | male
YEMEN
Afrah Ali Mohammed Nasser | 9 | female
Zayda Ali Mohammed Nasser | 7 | female
Hoda Ali Mohammed Nasser | 5 | female
Sheikha Ali Mohammed Nasser | 4 | female
Ibrahim Abdullah Mokbel Salem Louqye | 13 | male
Asmaa Abdullah Mokbel Salem Louqye | 9 | male
Salma Abdullah Mokbel Salem Louqye | 4 | female
Fatima Abdullah Mokbel Salem Louqye | 3 | female
Khadije Ali Mokbel Louqye | 1 | female
Hanaa Ali Mokbel Louqye | 6 | female
Mohammed Ali Mokbel Salem Louqye | 4 | male
Jawass Mokbel Salem Louqye | 15 | female
Maryam Hussein Abdullah Awad | 2 | female
Shafiq Hussein Abdullah Awad | 1 | female
Sheikha Nasser Mahdi Ahmad Bouh | 3 | female
Maha Mohammed Saleh Mohammed | 12 | male
Soumaya Mohammed Saleh Mohammed | 9 | female
Shafika Mohammed Saleh Mohammed | 4 | female
Shafiq Mohammed Saleh Mohammed | 2 | male
Mabrook Mouqbal Al Qadari | 13 | male
Daolah Nasser 10 years | 10 | female
AbedalGhani Mohammed Mabkhout | 12 | male
Abdel- Rahman Anwar al Awlaki | 16 | male
Abdel-Rahman al-Awlaki | 17 | male
Nasser Salim | 19

olha a surpresa...

Os homens não têm interesse nas notícias do nascimento do herdeiro britânico

As ideologias e a Ética e Moral

Ética (no sentido de direito): O quese pode fazer/não fazer independentemente das considerações sobre dever não fazer/fazer. As violações de princípos éticos legitimam o uso da violência em legítima defesa.

Ex: o uso da violência contra a vida ou propriedade honesta confere o direito ao uso da violência em legítima defesa e para conseguir a restituição aplicando uma punição proporcional. Um princípio universal intuitivo. Não carece que um poder o declare como tal, e se existe alguma justificação para um poder unilateral (monopólio do uso legítimo de violência) será para o fazer cumprir. Mas uma boa definição ética reduz o uso da violência legítima ao mínimo indispensável.

Moral: O que se deve fazer ou não fazer apesar de se poder não fazer/ fazer. As considerações morais não justificam o uso da violência e a forma de premiar/punir a boa/má moral devem ser actos de inclusão/ostracismo social (na medida que os direitos de propriedade o permitam, e apenas aí).

Ex: requisitos de admissão a comunidades sociais, empresas ou de propriedade como condomínios, a Igreja excomunga, as associações expulsam, as pessoas condenam no dia a dia, as listas negras (o que o estado está a fazer ao publicar os devedores fiscais, coisa que em tempos proibiu aos particulares de fazer, segundo creio). 

Noutras aplicações mais gerais a inclusão/ostracismo tem a capacidade de produzir ordem com um mínimo de violência. Por exemplo, o acesso a certos territórios (ex: cidades) pode ser acompanhado da exigência de um seguro de responsabilidade que certifica que a pessoa tem um comportamento civil correcto e no caso inesperado de vir a actuar com danos contra terceiros, a seguradora assume a responsabilidade. Noutros tempos isso era feito pelo patrono, ainda o é de certa forma, em certas situações. Uma determinada família assumia a responsabilidade (e assim certificava) por um determinado visitante na comunidade.

Creio que é fácil concluir que a destatização e a aplicação da liberdade conferida pelos direitos naturais tende em boa medida a produzir uma sociedade muito mais conservadora que o actual imparável progressismo crescente imposto pelo estado moderno. Algo de que os verdadeiros conservadores e tradicionalistas devem tomar nota.

Notas:

Se quisermos caracterizar as várias ideologias podemos construir uma matriz onde cada uma coloca os mesmos actos em princípios de Ética e Moral diferentes. O caso curriqueiro será os conservadores colocarem questões morais (comportamentos sociais) na lei definindo punições, por exemplo. O do socialismo transformar os actos de caridade em actos compulsórios.

Sim, a análise de casos extremos é complexa, existe a expressão inglesa que "extreme cases makes bad laws" porque a moral e a ética tendem a confundir-se. Ainda assim, a análise dos direitos de propriedade em jogo é o caminho mais seguro e consistente.

Por exemplo, quem tem direito a lugar nos barcos de emergência quando um navio se afunda? a regra de quem chega primeiro, se outra regra (a que os ocupantes tenham aderido previamente) não existir (por analogia como o axioma da aquisição de propriedade original - quem primeiro ocupa e usa um recurso escasso), quem depois chegar e quiser retirar à força quem já tinha tomado lugar estará sujeito ao uso de força legítima. O que diz a moral? sim, e as mulheres e crianças devem ter prioridade, mas isso deve ser um acto moral (voluntário) por parte das pessoas (homens) em questão.

funcionários públicos/ habitante

Washington DC 1/ 25
S. Francisco 1/ 28
Detroit 1/ 61

Portugal 1/ 14

os autos da inspecção

Os autos da inspecção judicial corroboram que a juíza, acompanhada por uma escrivã auxiliar, mas também pelos representantes legais das partes, quis saber todos os detalhes técnicos, de capacidade e lotação das três unidades envolvidas no caso e que acabou por visitar: a maternidade que ia ficar vazia, ao hospital pediátrico em processo de obras para receber os serviços transferidos ao Hospital de S. José, para onde seriam transferidas algumas operações. "Na altura chovia e como um dos argumentos da oposição à providência cautelar era de que entrava água pelo telhado, quis ir aos serviços nos últimos pisos e até ironizou que estava farta de apanhar chuva na MAC".

A sentença acaba por verter o tom assertivo e directo da juíza. Conclui que com a transferência para a Estefânia os utentes ficariam pior servidos, uma vez que os blocos operatórios e cuidados intensivos neonatais neste hospital, mesmo com obras, apresentam lacunas técnicas e de espaço. "A reiterada expressão - divulgada nos meios de comunicação social - de que a MAC não cabe no HDE, refutada pelas requeridas, deixou de ser mera frase, pois o que se apura é que a transferência da MAC implica a redução de prestação de serviços, de que modo e em que circunstâncias, não se sabe", diz a sentença.

Ionline

23 julho 2013

Caminha II


Caminha I


todos

Primeiro era necessário vigiar os terroristas, depois foi necessário vigiar as PEP's (ver post anterior), no futuro todos seremos vigiados.
E o futuro é hoje.

PEP

Um novo conceito: Pessoas Expostas Politicamente

¿Quiénes entrarán en la lista de vigilancia?

1. Se trata de aplicar a determinadas personas de ámbito nacional “expuestas políticamente” los controles reforzados que se hacen ya a los no residentes a efectos de prevención y lucha contra el blanqueo de capitales.
2. La “modificación de la ley 10/2010, de 28 de abril, de prevención de blanqueo de capitales y de la financiación del terrorismo” podría tramitarse como enmienda a la Ley de Transparencia por su paso por el Senado, aunque el Ministerio de Economía y Competitividad, autor de la norma, se plantea también tramitarla de forma separada.
3. Se considerarán personas con responsabilidad pública a: Jefes de Estado, jefes de Gobierno, ministros y altos cargos, parlamentarios, magistrados del Tribunal Supremo o Constitucional u otras instancias judiciales. con inclusión de los miembros equivalentes del Ministerio Fiscal, miembros de Tribunales de Cuentas o de consejos de bancos centrales, embajadores y encargados de negocios; el alto personal militar de las Fuerzas Armadas, miembros de órganos de administración, de gestión o de supervisión de empresas de titularidad pública. Se aplicará en los mismos criterios sobre el ámbito autonómico. También a quienes desempeñen o hayan desempeñado funciones públicas importantes en otros Estados miembros de la Unión Europea o en terceros países. El control se llevará a cabo hasta dos años después del cese.
4. Se controlará a alcaldes, concejales y demás cargos electivos en municipios de más de 5.000 habitantes.
5. También a cargos de responsabilidad en patronales, sindicatos y partidos políticos. 6. Afectará también a familiares y allegados.

Expansión

22 julho 2013

self-ownership

Este é um resumo possível da demonstração de Hans Hermann Hoppe sobre o "self-ownership" (vou usar a tradução algo deficiente de propriedade sobre o seu próprio corpo), e que depois pode ser estendida para a propriedade sobre recursos escassos. Digam o que disserem, na boa tradição reflexiva aristotélica-tomista.

No post sobre direitos naturais um leitor esforça-se por negar qualquer noção absoluta de direito, insistindo na primazia da vontade geral, embora se possa perguntar, como é que a vontade geral é formada? As pessoas não reflectem sobre o que pensam ser o direito formando depois um consenso sobre isso?

Outra observação é possível, o leitor chama de arbitrário qualquer noção de direito natural, mas é possível revertermos a classificação. Como é que algo onde aplicamos a nossa capacidade (ou tentativa) de chegar a uma verdade é arbitrário e a vontade geral não o é? Na verdade é o inverso, o consenso maioritário é algo mutável enquanto a tentativa de chegar a uma verdade, que pode falhar ou passar por um processo cumulativo de descoberta, não é arbitrário em si mesmo. E uma verdade é universal. Um consenso é particularista, ou seja, arbitrário.

Mas vamos ao argumento:
1. Nenhuma posição é racionalmente defensável a não ser que justificada por argumentação.
2. Nenhuma posição pode ser justificada por argumentação se negar uma ou mais pré-condições de uma troca de argumentos interpessoal.
3. Uma troca de argumentos interpessoal requer que cada participante nessa troca goze do controlo exclusivo sobre o seu próprio corpo.
4. Negar a propriedade sobre o seu próprio corpo é negar o controlo exclusivo  sobre o seu próprio corpo.
5. Assim, a negação da propriedade sobre o seu próprio corpo é racionalmente indefensável.

é inconstitucional credores não financiarem aumento de dívida

... para pagar pensões de reforma (e outros items da segurança social) cuja receita directa cobre pouco mais de 50% da despesa. "Diminuição retroativa de pensões é «manifestamente inconstitucional», diz Jorge Miranda. PS: Querem a fotografia do contrato "geracional"? Não sobra dinheiro para crianças e o aborto até é subsidiado.

das vias férreas

Por acaso entre final do séc. 19 e início do séc. 20, o tema das vias férreas foram um dos elementos que contribuiu para mais uma das bancarrotas históricas do país. Segundo creio, Alexandre Herculano era um dos que questionava essas grandes obras.

21 julho 2013

PR reclama vitória moral

... depois de entrada de leão e saída de sendeiro.

Três teses renascentistas para a esquerda

No Público de hoje, Francisco Louçã desenvolve três teses que considera fecundas (chama-lhes renascentistas) para a esquerda.

  1. A finança-sombra subjuga a economia que subjuga a democracia.
  2. Na Europa é preciso o primeiro Governo de esquerda que comece a romper o círculo vicioso da subjugação à finança.
  3. O Governo de esquerda (refere-se a Portugal) não se fará com os comprometidos da Troika e exige um novo mapa político.

Julgo que a tese segunda e a terceira, de natureza mais estratégica, são consequências da primeira e, portanto, limito-me à análise desta.

Ora afirma Louça, em defesa da sua tese primeira:

‹‹Há dois meses, o valor do mercado de derivados não regulados ultrapassou um quadrilião de dólares. Duplicou desde o início da recessão e é mais de 16 vezes o PIB mundial. É capital fictício, evidentemente, mas é capital – ou seja, o seu valor é garantido por salários, pensões e impostos, através do controlo implacável da dívida pública. Esvaziado, o Estado deixa de repartir bens públicos porque é uma agência de finança...››.

A minha primeira observação é que nem todos os derivados me parecem representar capital, embora possam ter por base ativos financeiros. Por serem contratos especulativos, são uma espécie de jogo de soma zero em que os lucros de uns correspondem a prejuízos de outros mas nenhum valor é criado.

Pensem nos contratos de SWAP de que tanto se tem falado. Houve quem perdesse – as empresas públicas, e houve quem ganhasse – os bancos, mas não se criou valor. Apenas se geriram riscos financeiros passando a bola de uns para os outros, o tal jogo de soma zero.

Assim sendo, não existe esse “capital fictício”, decorrente dos produtos derivados, de que fala o Francisco Louça. Isto não quer dizer, porém, que não existam graves problemas no sistema financeiro.

Se uma entidade bancária apostar em derivados de alto risco e perder milhões, no atual sistema, o Estado pode ser chamado ao resgate dessa entidade e isto não deve poder continuar a acontecer.

Penso que está aqui um princípio que eu subscreveria: os bancos que entrem em falência técnica não devem ser resgatados pelos contribuintes.

Outro aspecto que não é abordado no artigo é a verdadeira origem do tal “capital fictício” que melhor seria ser designado por “fiat money”. Será que a esquerda gostaria de regressar ao padrão ouro, como defende Ron Paul? Ficaria boquiaberto.

Em conclusão, a tese primeira de Louça falha o alvo e não acerta na causa das causas do “capital fictício”. Logo, as duas teses seguintes, dependentes logicamente da primeira, ficam arrumadas.

20 julho 2013

é Seguro

Detroit

Café com a Presidenta

Movimento negro cobra de Dilma cotas raciais no serviço público

Dilma: Lei de Cotas contribui para saldar dívida do Brasil com jovens pobres

o que é um Afro-Brasileiro?

BRASILIA (Brazil) (AFP) –  Brazil's president renewed her commitment to affirmative action programs for Afro-Brazilians in a meeting with 20 leading black groups, Racial Equality Minister Luiza Bairros said.
"The president reaffirmed that affirmative actions, and more specifically quotas, represent a central element of the struggle for equality in Brazil," the minister said after the gathering.
It was President Dilma Rousseff's first meeting with black civil rights groups since she came to power in January 2011.
"We are 51.7 percent of Brazil's population (of 194 million) and after 513 years of state neglect, we want our rights," said Educafro, a lobby group promoting the rights of black and indigenous Brazilians, in an open letter to Rousseff.
The organizations called on the federal government to implement a quota system for new public service contracts and exams to benefit Afro-Brazilians, who make up the country's majority but remain at the bottom of the socioeconomic ladder, according to Educafro head David Santos, a Franciscan friar.
They also want guaranteed access to international and domestic scholarship programs for black students, he added.
Last year, Rousseff indicated that she favored public service quotas for black Brazilians as a way to repay a historic debt for centuries of slavery and discrimination.
She also enacted legislation that reserves half the spots at federal universities for public school students, with priority given to black and indigenous people.
In Brazil, many wealthy families send their children to private schools, where the standard of education is often much higher.
The reserved seats at federal universities are to be distributed between black, mixed race and indigenous students, proportional to the demographics in each state of the South American country.
Santos said Rousseff reaffirmed her support for such measures, which are in the process of implementation.
The organizations also demanded that families of young blacks killed by police "receive financial compensation similar to those paid to families of victims of the (1964-1985 military) dictatorship".
A study released by the Latin American Studies Center Thursday found that 77 percent of young people murdered in Brazil were of African descent.

Fox News

17 julho 2013

direito natural (Henrique Raposo style)

Nota inicial: tenho alguma satisfação pessoal em ler estas reflexões, dado eu fazê-las há muito.

Em "Direito Natural" (20 Maio 2013, http://clubedasrepublicasmortas.blogs.sapo.pt/1266736.html)
"(...) Mas o que é o Direito Natural? É um sacrilégio tentar colocar séculos de pensamento numa casca de noz, mas vou tentar: o Direito Natural é a predisposição ética que nos garante um ângulo crítico sobre os diversos poderes que actuam na realidade, na história. Tal como tem salientado Ratzinger, o Direito Natural é uma atitude intelectual e moral que desafia o Poder, a Cidade, o Príncipe, o Direito Positivo. E esse desafio é feito através da seguinte afirmação moral: o Poder não é sinónimo de Verdade, as leis de um dado país não são donas da razão, isto é, os governos e os tribunais não têm o monopólio da moral e da legitimidade; a legalidade até pode ser legítima, mas ‘legalidade’ não é sinónimo automático de ‘legitimidade’. Por outras palavras, devemos ter sempre a consciência de que os direitos humanos “pertencem ao homem por natureza” e “que o Estado os reconhece, mas não os confere” (Ratzinger dixit). Os direitos humanos são, portanto, os direitos inalienáveis que nascem do Direito Natural (...)"
Em "Comunistas e fascistas: o Papa explica" (10 Julho de 2013, http://expresso.sapo.pt/comunistas-e-fascistas-o-papa-explica=f820811)
"Ao rejeitar a transcendência do Direito Natural, assumiu-se que o direito só podia ser positivo, assumiu-se que a noção de justiça só podia ser determinada pela vontade política. Um erro evidente: os homens falam recorrentemente em "leis injustas" e este julgamento parte sempre - explícita ou implicitamente - de um padrão de justiça que não depende da atmosfera do momento, dos políticos ou sequer da legislação do momento. O direito positivo não é sinónimo de bem ou verdade. Eis, portanto, a lição de história: a modernidade matou milhões através do comunismo e fascismo, as vanguardas modernas, porque libertou os políticos de qualquer travão moral, porque libertou a política de qualquer transcendência independente da imanência humana, porque destruiu o padrão de justiça universal que impõe os direitos inalienáveis do indivíduo, os direitos que não dependem da vontade do poder político. Este padrão universal pode ser apelidado de Direito Natural, sim senhor, mas isso é só uma forma de evitar a palavra proibida: Deus."
Nota final: Henrique Raposo está no caminho certo. Agora só tem de aplicar a mesma reflexão ao aparato do estado moderno e social-democracia. Sem direito natural, irão sempre aparecer novas formas de totalitarismo, e estamos no caminho de um. A tentativa da completa reconstrução igualitarista do homem supostamente legitimada pela vontade geral que centraliza e dispõe o monopólio sobre o direito que só se materializa hoje, na forma positiva/legislativa. É o resultado, intencional ou não, do constitucionalismo (terá reforma?) e do secularismo agressivo.

o choque entre uma visão política do passado e a realidade presente

The fact is that Obamacare has stalled because the liberal vision of the 19th-century of government as benevolent Leviathan has crashed head-on into 21st-century reality.

The Wall Street Journal's Daniel Henninger captured it well with this observation last week: "Even if you are a liberal and support the goals of the Affordable Care Act, there has to be an emerging sense that maybe the law's theorists missed a signal from life outside the castle walls. While they troweled brick after brick into a 2,000-page law, the rest of the world was reshaping itself into smaller, more nimble units whose defining metaphor is the 140-character Twitter message."

Simply put, the digitization of social interaction, economic transaction, the political process and everything in between is decentralizing the world, moving it in the opposite direction of the massive centralization of Obamacare. But nobody needs a federal bureaucrat to tell him what health insurance to buy when anybody with an Internet connection can simultaneously solicit bids from thousands of competing providers, pay the winner via electronic fund transfers, manage the claims process with a laptop, consult with physicians and other medical specialists via email, and even be operated on remotely by surgeons on the other side of the globe. Rather than imposing a top-down, command-economy, welfare-state health care model with roots in Otto von Bismarck's Germany of 1881, a 21st-century government would ask what is needed to apply to health care access the Internet's boundless capacity to empower individual choice.

Washington Examiner Editorial

Comentário: É exactamente isto que também se está a passar em Portugal. O choque entre uma concepção do Estado típica do Séc. XIX e a realidade do Séc. XXI.
Ainda, na minha opinião, é este choque que está na origen dos confrontos sociais na Turquia e no Brasil.

a minha previsão

Banco de Portugal revê previsões económicas

A minha previsão é que podemos estar certos de que, mesmo após a saída de Vítor Gaspar, as previsões económicas do governo, do Banco de Portugal e de todos os outros oráculos nacionais e internacionais que se dedicam à inglória tarefa de prever o nosso futuro, vão falhar.

PS: Reparem como a comunicação social reagia aos erros de previsão de Gaspar e como é compreensiva com os erros de previsão de Carlos Costa.

austeridade para pagar a dívida?

Dívida Pública Total: 2010: 162 mil Milhões de € 2011: 185 mil Milhões de € 2012: 204 mil Milhões de €

Uma música patriota (III)

de estrangeiros sobre a palavra saudade.

Love and Rockets - Saudade

 

16 julho 2013

Números da segurança social: despesa versus receita, 1º trim de 2013.

Peso da despesa da rubrica Subsídio e Pensões no PIB: 23.4% 
Peso da receita de contribuição para a Segurança Social e CGA: 11.6%
Fonte: http://www.conheceracrise.com/entrada/9/financas-publicas

Como é que várias pessoas com responsabilidade de clareza fazem continuamente questão de afirmar que a segurança social não tem problemas e está equilibrada? Recusando em seguida que seja preciso implementar uma reforma (com cortes evidentemente) do sistema?

O imposto (a que chamam taxa) de cerca de 28% sobre o produto de trabalho (salário bruto mais contribuição dita da entidade empregadora) que resulta da soma da contribuição do trabalhador mais a dita paga pela entidade empregadora, por estes números nem 50% da despesa cobre, o que leva a transferências do Orçamento de Estado de outras rubricas e a isso chamam de "sistema equilibrado".

O povo está a ser informado? Grosso modo, os descontos presentes transformam-se num direito que só está pago a 50%, e com tendência para decrescer. Alguém participaria voluntariamente de tal coisa? Um sistema deste tipo, deveria constituir-se quanto muito como um de complemento, onde a coerção pode ser tolerada com alguma paciência. Mas ainda assim os seus riscos devem estar isolados dos problemas das contas orçamentais e de tesouraria do Estado.

+ Aagnieszka


Uma música patriota (II)

Por portugueses.

Heróis do Mar - Saudade.

 

independência (II)

Cerca de 1/3 da dívida pública está na posse da Troika. Outro 1/3 em estrangeiros. Deixem de "pagar" a dívida já que esse é o problema (dizem). Vamos lá, homenzinhos.

PS: um dado interessante era saber onde a maioria dos políticos tem as suas poupanças. Será em dívida pública nacional, será em bancos nacionais? Hmm, desconfia-se que quem tem de financiar o não-corte-de-despesa são os outros, e a aclamação para os bancos nacionais "darem mais crédito à economia" não deve poder contar com os próprios. Ou talvez esteja enganado.

Camilo Castelo Branco sobre os temperados

"Este livro não pode agradar a ninguém. Nem aos absolutistas, nem aos republicanos, nem aos temperados. Chamo "temperados" aos que se atemperam às circunstâncias do tempo e do meio. Sãos o piores, porque são mistos - têm três doses de bílis azeda dos três partidos. São a mentira convencional - a máscara. Déspotas para zelarem a liberdade, livres para glorificarem o despotismo." 
Primeiras palavras ("Proémio") do seu livro, Perfil do Marquês de Pombal.

Estado salva banqueiros?

Preço de uma acção do BANIF em 16 Julho de 2007: 6.32€
Preço de uma acção do BANIF hoje: 0.037€

Uma queda de 99.4%. Para todos os efeitos, para os accionistas do BANIF, é como se o banco tivesse efectivamente falido. Já os depositantes, mesmo não segurados, continuam sem sentir qualquer crise bancária. A intervenção do Estado nos bancos é para salvar banqueiros?

uma boa católica



A tenista polaca Agnieszka Radwanska posou nua para a revista "Body Issue", da ESPN e foi expulsa de um movimento católico do seu país. Nas imagens, a tenista aparece sentada ao lado de uma piscina que está coberta por bolas de ténis.

Comentário: Cá por mim, a Aagnieszka pode vir para Portugal quando quiser e continuar a ser uma boa católica, nós não somos fundamentalistas. Aliás, a Agnieszka Radwanska é a prova viva de que a Mulher é a obra-prima de Deus e a sua presença, no nosso país, pode ajudar a converter muitos agnósticos e até ateus. Reparem na beatitude com que sopesa as bolas... o catolicismo dos polacos deve ter sofrido uma grande dose de luteranismo.

15 julho 2013

escutamo-nos uns aos outros

... entidades com competências para fazer escutas: além da PSP, da GNR, da PJ e do SEF, também órgãos como a ASAE, a Autoridade da Concorrência, a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, a PJ Militar, a Autoridade Tributária ou a Direcção-Geral das Alfândegas podem escutar conversas.

ne cede malis

Acabei de ler, este fim de semana, a biografia de Sócrates, do Paul Johnson. O velho filósofo, como sabemos, foi julgado e condenado à pena capital. Sócrates discordou da sentença, que lhe pareceu profundamente injusta, mas acatou-a como cidadão cumpridor da Lei.
A grande mensagem filosófica de Sócrates foi que "um mal nunca pode reparar outro mal" e que "a vingança é sempre um péssimo remédio".
Lembrei-me destes princípios, a propósito destas manifestações.

estado de direito e obediência

Repare-se que na verdade, os "direitos" a isto e aquilo a que o deputado do PCP Miguel Tiago alude já o são por acção do "estado de direito", legitimado pela vontade geral, sobre direitos de propriedade assim expropriados. A diferença não é abismal.

Hoje, a própria direita conservadora perdeu o norte quanto à supremacia do direito natural sobre a vontade geral. Por isso, tudo está em aberto. Só é preciso o discurso certo e o tempo para percorrer processualmente os passos determinados para o estado de direito incorporar e aplicar com a sua força própria qualquer tipo de expropriação.

Noutros tempos, a tradição defendia a propriedade da expropriação, a inovação era vista como usurpadora. No tempo moderno, pouco ou nada está a salvo.

O que me leva à questão da obediência.

A quem devemos obedecer? ao direito natural e a quem o melhor preserva. O que é um "estado de direito"? Um que melhor respeita a propriedade ou cujo consenso de intervenção é de tal ordem que permite presumir unanimidade (o direito de secessão permite isso). Na ideia de lei natural, seja quem for o líder ou forma de governação ou poder, este também obedece a algo previsível e determinável pela razão e justiça da natureza humana.

Algumas monarquias absolutas como no Dubai fazem-no muito razoavelmente. Ter petróleo não é o segredo. Basta olhar para a Venezuela.

Perigo iminente

migueltiago
Ao contrário do resto do Mundo ocidental, Portugal é um bom local para ser comunista. Talvez porque, à excepção do período 74-75, Portugal tem estado sempre distante do perigo comunista. Chegavam-nos histórias da União Soviética, mas que eram demasiado longínquas para criar as defesas em relação ao comunismo que foram criadas noutras zonas da Europa. Os comunistas, ao contrário dos seu congéneres totalitários de extrema direita, fazem parte do sistema. A ausência prolongada de cargos governativos permitiu-lhes ainda excluir-se de qualquer decisão difícil: os comunistas são sempre o polícia bom do parlamento que exige salários e pensões mais altas, mais redistribuição, mais emprego público, mais dinheiro para a cultura e cada um dos lóbis eleitorais, mas com a possibilidade de se esconder na altura de assumir os custos dessas exigências.
Eles podem sobreviver como partido longe do governo porque tal não os afasta dos tachos necessários à sobrevivência no sistema partidário. Os comunistas beneficiam do tipo de tachos que qualquer partido aspiraria a ter: tachos permanentes não sujeitos ao escrutínio democrático. São os tachos nos sindicatos, em empresas Municipais e associações de “cidadãos” (tudo pago com dinheiro público). Eles não têm votos, mas com uma presença desproporcional nos meios de comunicação social influenciam as decisões políticas ao manipular a opinião pública e, acima de tudo, ao manipular a percepção do que é a opinião pública. Eles não têm votos, mas, tal como no PREC, dominam as manifestações de rua, fazendo crer a muitos (até aos partidos rivais) que a opinião pública quer aquilo que eles acham que deveria querer. Os partidos corruptos do centro farão sempre aquilo que acharem que lhes garante mais votos e são os comunistas, através do domínio da rua, que manipulam essa percepção. À falta de poder democrático, os comunistas dominam o maior lóbi do país, a função pública, e têm, através desse domínio, impedido qualquer reforma, contribuindo como ninguém para o empobrecimento do país. Os partidos corruptos do centro podem dominar o espaço governativo, mas são eles, os comunistas, que mais influenciam as políticas.
Mas que não se iludam aqueles que pensam que os comunistas tendo tanto a ganhar com o sistema actual, não deitariam tudo a perder em nome da ideologia. Eles são acima de tudo uma seita que acredita nos benefícios da sua ideologia totalitária, apesar de todas as evidências em contrário. Não se deixem iludir pela fachada democrática que assumem durante tempos mais serenos. Eles andam aí, prontos a aproveitar uma crise no sistema para atacar, prontos para utilizar a insatisfação em relação ao sistema que minaram por dentro durante anos para nos imporem a solução final de Cuba ou da Coreia do Norte. Não se iludam aqueles que pensam que bastava esperar que os velhos líderes morressem: há aí uma nova geração de Miguel Tiagos, criada entre as seringas da Festa do Avante, pronta a assaltar o país. É importante não baixar as defesas: o perigo do totalitarismo e escravidão comunistas não desapareceu.

uma anedota

Ensino superior -  Reitores acusam tutela de não saber ajustar oferta à procura

Comentário: É muito interessante esta perspectiva porque  demonstra profunda ignorância. Nenhum poder central consegue substituir-se aos mercados no equilíbrio entre a oferta e a procura. O facto de os reitores ainda acreditarem na "história da Carochinha" diz muito sobre o nosso ensino universitário.

13 julho 2013

sacrifica a reputação

François Hollande trava a Taxa Tobin, depois de a defender durante anos. Poderíamos dizer que Hollande "colocou a França acima da sua reputação".

Ler notícia no El País

12 julho 2013

Uma música patriota

do estrangeiro.

Bruce Springsteen - This Land Is Your Land

"This Land Is Your Land" é uma das mais famosas músicas foclóricas dos Estados Unidos. A letra foi escrita por Woody Guthrie em 1940, mas com uma melodia já existente, em resposta a "God Bless America" de Irving Berlin, que Guthrie considerou surrealista e complacente. (wikipédia)

independência

Estado e bancos em falência técnica e o regime diverte-se sustentado por credores estrangeiros a quem manda ir lixar-se.

José Miguel Júdice diz no Jornal de Negócios: "Era preciso um golpe de estado ou uma revolução que mudasse o sistema político português. Está a fazer a apologia de um novo golpe? “Estou, claro. As revoluções são sempre anti-constitucionais. Umas têm sucesso e reescrevem a História, outras não.”

Há uma caminho. Querida Troika, devolva-nos a nossa independência: mande-nos lixarmo-nos, isto é, às nossas elites, incluindo eu e todos nós. O que vier, nós teremos de aguentar. E quem pouco tem, pouco perde. Os sectores exportadores, turismo e a agricultura parecem não estar mau de todo. O resto, é que tem mais a perder, que se lixe por uns tempos. A necessidade aguça o engenho.

Não tem muito perdão não perceber que a dívida pública não é o problema até agora. Nenhuma dívida tem sido paga, pelo contrário, tem sido aumentada para sustentar uma estrutura económica pública versus privada insustentável, mas que muitos jurariam ainda não chegar. É preciso mais, parecem dizer. Mas a parte da recessão que dramaticamente tem eliminado actividade económica directa e indirecta dependente do OE, ou que estava assente na anterior bolha económica, é benigna. Tem de se passar por ela.

Os mais desrespeitados têm sido os desempregados. E os pequenos e médios empresários. As suas falências não contam. As do círculo são sempre publicitadas e algumas evitadas por protecção. Já os desempregados não podem fazer greves para proteger a totalidade do seu salário porque o perderam na sua totalidade, nem têm o Tribunal Constitucional para os defender, dado que "equitativo" é proteger a totalidade do rendimento de quem tem trabalho, já de si, protegido. Os desempregados são sim usados como argumento para se defender "políticas de crescimento" cuja tradução é: défice financiado pelos credores. Mas a queda de salários pode ser necessária para dar mais emprego a todos. De resto, em alguns sectores estarão mesmo a baixar, ainda que pelo penoso e mais lento processo de despedimento e contratação. Alguns argumentos para a saída do € são relevantes. Os salários nominais estão impedidos de baixar, mas se for por via cambial de uma moeda desvalorizada já sim, e parece que poderá contribuir definitivamente para o emprego.

Tal como um salário mínimo fixado na metrópole política prejudica em muito quem tem um rendimento per capita na sua metade. Basta imaginar o que se passaria mesmo em Lisboa, se o salário mínimo fosse fixado no dobro, tipo 900 Euros, que pouco afectará países com o dobro do rendimento da Grande Lisboa. Que argumentos podem inventar para concluir que proibir alguém de aceitar/oferecer um emprego por 850 Euros seria algo justo? Justo para quem? A justiça passa por proibir as pessoas de acesso a trabalho em zonas (em termos relativos) mais carenciadas, necessitadas de micro-empregos e micro-negócios (e que um dia podem vir a ser bem mais do que isso)? Isso não é igualdade de oportunidades.

Também não tem muito perdão que se pretenda esconder que a estrutura do sistema de pensões de reforma está a ganhar um peso impossível de carregar. Várias figuras políticas chegam a sugerir que não, apesar da tributação de cerca de 28% sobre o produto do trabalho não conseguir pagar cerca de 60% das reformas actuais, e o restante depender do engano de transferências do OE. Quanto mais as pensões futuras, onde a evolução demográfica indica suicídio colectivo. Equiparar um sistema colectivista a um contrato privado, ou até como "mais que um contrato privado" tem a sua piada. O comunismo é mais consistente. Para não falar na evidência histórica de todos os regimes monetários e políticos passarem cronicamente por situações de falência, por vezes, várias vezes por século.

A verdade é que compensa cada vez mais pertencer à crescente maioria receptora do OE que a crescente minoria contribuidora líquida do OE. Para começar, parece já ter a maioria dos votos, e quem tem maioria tem "toda a legitimidade".

Precisamos de independência para nos refocarmos. Mesmo (ou será, para?) com estado e bancos em falência. Uma coisa está assegurada: os regimes passam mas os municípios ficam. E o que vier virá. Implica sair da UE? Não sei. Do €? de quem quiser. O Panamá não tem moeda nem Banco Central com essas funções.

Mas não é isso que o centro político fará ou pelo menos tentará, cederá mais uns pedaços de soberania (nota: a moeda não é um pedaço de soberania, a moeda é um instrumento económico que facilita trocas voluntárias, só o estatismo a transforma num problema de soberania), perpetuar a ideia que o poder local depende absolutamente de si, ao mesmo tempo que finge desprezar a mão externa que o sustenta.

Mas precisamos é de independência, local antes de nacional. Quando se tem muitas dúvidas volta-se a casa. A nossa pátria é a terrinha, não é o "orçamento de estado" disputado por ideologias e doutrinas.

PS: Quem sabe se possa adoptar o regime de monarquia-semi-absoluta-demo-constitucional-católica-com-direito-de-secessão do Liechtestein? Talvez uns quantos municípios, individualmente o possam vir a desejar, não de forma simultânea, deixemos a doença do conceito de nacionalismo republicano de lado. Esses podem reunir-se num município só deles, por exemplo, nas Berlengas. E isto, no longo prazo, dá muitas voltas.

GlaxoSmithKline

China’s Ministry of Public Security said a probe in Changsha, Shanghai and Zhengzhou found that GSK had tried to generate sales and raise drug prices by bribing government officials, pharmaceutical industry associations and foundations, hospitals and doctors.
“Following initial questioning, the suspects have confessed,” the ministry said, adding that the investigation was still in progress. It did not state the number of suspects or their positions in the company.
“There are many suspects, the illegal behaviour continued over a long time and its scale is huge,” the ministry said. The probe had only previously been reported on a microblogging site that referred to Changsha, a provincial capital in central China.
Company staff had issued fake VAT receipts and used travel agents to issue fake documents to gain cash, according to the ministry. Some executives had also taken advantage of their positions to take kickbacks from organising conferences and projects, it said.
GSK, which with other multinationals is under investigation in a separate probe into drug pricing in China, said Thursday’s ministry statement was the first formal communication it had received from the authorities detailing the allegations. The company said it was willing to co-operate with the authorities.
“We continuously monitor our businesses to ensure they meet our strict compliance procedures – we have done this in China and found no evidence of bribery or corruption of doctors or government officials. However, if evidence of such activity is provided we will act swiftly on it,” the company said.


Comentário: A China é dos poucos países com capacidade para confrontar multinacionais como a GSK

banqueiro do ano a nível mundial


11 julho 2013

gestão e governação

O melhor gestor é aquele que acaba por se tornar desnecessário, é um exercício de anulação a favor do bem comum da organização. A política é o contrário disso, tudo faz para as pessoas se convencerem da sua indispensabilidade. As monarquias bem menos. Estão lá, mesmo as electivas. Têm todo o interesse em deixar os governados governarem-se e actuar muito moderadamente.

para o alegre bardo socialista

É uma treta,
Mas não é peta
Que se acabou a teta
E não há chupeta.

Que Cavaco?

Cavaco
Ninguém parece ter entendido as implicações do discurso de Cavaco Silva de ontem. Mais do que dar respostas, Cavaco Silva deixou muitas perguntas no ar. A verdade é que para saber exactamente o que vai acontecer é preciso perceber que Cavaco falou ontem. Existem quatro possibilidades:
Cavaco Salomão: Cavaco optou por uma solução salomónica, de psicologia inversa. Ao mandatar os partidos a se unirem deixará o ónus da estabilidade governativa neles. É uma solução que faz sentido porque, seja em 2014 ou em 2015, parece certo que o PS voltará ao poder. Qualquer reforma a sério do país não pode ser feita sem o acordo do PS, com o risco de tudo se inverter quando este partido voltar ao poder. Claro que o grande risco aqui é alimentar os partidos de extrema esquerda (o PCP e o BE) que têm já mais de 20% nas sondagens. E, claro, para ser uma verdadeira decisão salomónica, Cavaco teria que ter já um pré-acordo do PS.
Cavaco Laranja: Cavaco não consultou o PS sobre esta solução e tem a consciência que o PS não a aceitará. Depois de o CDS de Portas ter dado um tiro no pé ao criar a crise política, o PS ficará com o ónus de não ter contribuido para a resolver. Passos Coelho sairia da situação como o único estadista que tentou até ao fim manter um governo estável e cumprir com as obrigações internacionais. A possibilidade de o PSD ganhar as próximas eleições, mesmo que antecipadas, passa de nula a possível.
Cavaco Primeiro: Cavaco quer criar a impressão de estar a dar aos partidos uma oportunidade de se entenderem, sabendo à partida que tal não acontecerá. A falta de entendimento entre os partidos justificará depois a introdução de um governo de iniciativa presidencial. A recente entrada em cena de Manuela Ferreira Leite criticando o executivo PSD pode indicar ser ela a escolhida para liderar esse governo. O facto de criticar um executivo liderado pelo PSD coloca-a acima de qualquer suspeita em termos de independência.
Cavaco Histórico: Cavaco quer ser o último presidente da III República.

o Presidente apoiará uma personalidade de reconhecido prestígio


10 julho 2013

Roosevelt

Cavaco Silva esqueceu um princípio fundamental que Roosevelt evocou, pela primeira vez, em 1901: ‹‹fale suavemente e tenha à mão um grande porrete››.
Ao afirmar que não era possível, neste momento, dissolver a AR, o Presidente limitou-se a falar suavemente. Mais valia que fizesse o seu sermão aos peixes.

Irlanda: ordem e monarquia sem monopólio

1. Ireland: Stateless for 2000 Years (vídeo)

Entrevista de Thomas Woods a Professor Gerard Casey of University College, Dublin http://www.tomwoods.com/blog/ireland-stateless-for-2000-years/

2. Artigo "Sociedades sem Estado: a antiga Irlanda"

http://www.libertarianismo.org/index.php/academia/artigosnovo/295-sociedades-sem-estado-a-antiga-irlanda

 "Uma geração mais jovem de historiadores irlandeses, menos influenciada pela grande luta pela libertação nacional que MacNeill, candidamente admitiu o fato embaraçoso: a sociedade irlandesa era de fato anárquica. Como D. A. Binchy, o maior expert irlandês contemporâneo no direito irlandês antigo, escreveu: "não havia legislatura, conselhos municipais, polícia ou execução pública da lei" e "o Estado existia somente de forma embrionária". "Não havia traço de justiça administrada pelo Estado"

(...) Examinemos agora mais de perto a sociedade e as instituições sociais irlandesas. A instituição política básica da antiga Irlanda era o Tuath... Excluídos estavam os homens sem propriedade, escravos, estrangeiros, foras-da-lei e pequenos artesãos. As ações políticas eram tomadas numa assembléia anual de todos os Homens Livres; os reis eram eleitos ou depostos, as guerras declaradas e tratados de paz acordados, questões de interesse comum discutidas e políticas decididas. A assembléia era o povo soberano em ação. Os membros do tuath não eram necessariamente ligados por laços familiares, exceto incidentalmente.

(...) O chefe do tuath era o rei. A natureza do reinado na Irlanda precisa ser procurada em tempos pré-cristãos... A conversão ao cristianismo modificou as funções religiosas dos reis para se encaixar nos requerimentos das práticas cristãs, mas não as eliminou totalmente. Até que ponto o rei era representante de um Estado? Os reis irlandeses tinham apenas duas funções de caráter similar ao do Estado: eles tinham que presidir a assembléia do tuath e representá-lo em negociações com outros tuatha; e tinham que liderar o tuath nas batalhas quando ele entrava em guerra. Ele claramente não era um Soberano e não exercia nenhum direito de administrar a justiça sobre os membros do tuath. Quando ele mesmo era uma parte num processo, ele submetia seu caso a um árbitro judicial independente. E ele não legislava.

Como então a lei e a ordem eram mantidas? Primeiro, a lei em si era baseada nos costumes imemoriais passados à frente oralmente através de uma classe de juristas profissionais conhecidos como filid. Esses juristas adicionavam algum novo aspecto à lei básica de tempos em tempos para fazê-la responder às necessidades dos tempos; várias escolas de jurisprudência existiam, os juristas profissionais eram consultados pelas partes das disputas para fornecerem conselhos quanto a que lei valia em casos particulares e esses mesmos homens freqüentemente agiam como árbitros entre as partes em disputa. Eles permaneciam sempre como pessoas privadas, não oficiais públicos; seus trabalhos dependiam do conhecimento que tivessem do direito e de suas reputações como juristas. Eles são os únicos "juízes" que a Irlanda celta conhecia; suas jurisprudências eram a única lei irlandesa, de escopo nacional, e completamente dissociada dos tuatha, dos reis e de seus respectivos desejos."

(...) Quase toda transação legal concebível funcionava através da fiação. Como o direito irlandês não distinguia entre ofensas de dano [N.T.: "tort offences"] e criminais, todos os criminosos eram considerados devedores — devendo restituição e compensação a suas vítimas — que assim se tornavam seus credores. A vítima juntava seus fiadores e apreendiam o criminoso ou proclamavam publicamente o processo e exigiam que o criminoso se submetesse à adjudicação de suas diferenças. Neste ponto o criminoso podia mandar seus fiadores negociarem uma resolução direta ou concordar em mandar o caso para um dos filid."

Padrão-ouro, capitalismo e tradicionalistas

A propósito do post "E em padrão-ouro".

Em padrão-mercadoria ortodoxo...

(ouro/prata/bitcoin/etc com 100% de reservas, ou seja, onde os depósitos-à-ordem não podem constituir crédito ao banco, retirando a capacidade a este de criar moeda para conceder crédito, restringindo-se assim ao que deve ser o seu papel de intermediação de poupança).

... ou qualquer regime monetário onde a quantidade de moeda seja estável, o crescimento económico materializa-se na redução de custos e preços nominais, o que é normal, porque o crescimento económico, em si mesmo, opera com a redução de custos e preços relativos, ou se quisermos, reais.

Neste estado de coisas, o facto dos preços descerem não se traduz em nenhuma dificuldade acrescida no serviço de dívida. Os preços descem naqueles pontos onde a produtividade foi aumentada, ou seja, por exemplo, numa empresa que tenha conseguido aumentar a margem de lucro (estado sempre precário e temporário, se em concorrência) e/ou o volume de vendas, tendo assim os meios para servir a mesma dívida nominal. Tal como, ceteris paribus, os salários nominais não têm de descer, sendo certo que se o tivessem (por variações na procura de moeda), ainda assim o poder de compra real seria aumentado.

Este seria o normal funcionamento de uma economia saudavelmente conservadora (não no sentido ideológico), que beneficiaria o pequeno aforrador (como a de pequenos e médios agricultores, a classe talvez mais prejudicada pelo inflacionismo), que pode quer acumular poupança monetária independentemente dos produtos financeiros oferecidos pela banca, sem enfrentar a sua desvalorização pela inflação; como a poderá aplicar com uma remuneração mais conveniente (dados os bancos deixarem de criar crédito), repartindo assim os benefícios de uma forma mais justa e natural com o empreendedor que busca financiamento, ainda que intermediado pela banca.

Evitar-se-ia assim o capitalismo artificialmente especulativo, alimentado por um sistema bancário que fornece crédito a juros artificialmente baixos, induzindo uma elite financeira-industrial com mais poder (e lucros) que o que seria natural, baseado numa pirâmide de crédito crescente e que serve também o poder político centralizado do estado moderno (o qual, como eu digo com frequência, será sempre um agente de transformação compulsiva da ordem social) e cuja relação com a banca é ambivalente. Numa pirâmide de crédito a solvabilidade dos estados e banca é interdependente. Seja qual for o regime político, por causa disso, esse mesmo regime tornar-se-à refém da lógica do sistema (outros dirão, "refém da banca") ou vulnerável às suas falhas.

Um regime monetário ortodoxo é uma peça fundamental para reconciliar o capitalismo [que em si significa a acumulação de poupança->investimento e não o acto de procura de crédito->criação monetária pela banca] com os tradicionalistas.

Aconselho a obra excelente do economista da escola austríaca: The Ethics of Money Production, JÖRG GUIDO HÜLSMANN (em pdf).

Na sua introdução podemos ler:
"First, this book applies the tradition of philosophical realism to the analysis of money and banking. The great pioneer of this approach was the fourteenth century mathematician, physicist, economist, and bishop, Nicholas Oresme, who wrote the first treatise ever on inflation and, in fact, the very first treatise on an economic problem. Oresme exclusively dealt with the debasement of coins, a form of inflation that is unimportant in our age. But the principles he brought to bear on his subject are still up to date and have by and large remained unsurpassed. In modern times, Oresme’s work has found its vindication in the writings of the Austrian School."
E o capítulo 13 versa sobre: "The Cultural and Spiritual Legacy of Fiat Inflation"

DNA privacy

in spying we trust

O passo seguinte: O Presidente pede aos funcionários públicos que se espiem uns aos outros

un gran problema

Lea los documentos originales

uma Constituição Socialista

A culpa é da Constituição e da protecção que esta dá aos trabalhadores, mas também da contestação social, potenciada pelo direito de realizarem manifestações e demais protestos contra as mudanças indesejadas que os governos na Europa tentam por estes dias implementar. É para estes "culpados" que a JP Morgan aponta num relatório de final de Maio, em que é pintado um cenário onde aparentemente, não fossem "os constrangimentos constitucionais" em países como Portugal, até estaria tudo a correr bem.
Ionline

E em padrão-ouro?

Convém ler este excelente post do Mário Amorim Lopes, onde ele fala da carga fiscal escondida pela dívida acumulada. No final ele faz uma observação interessante:

Parece-me por demais evidente que se este nível de carga fiscal já é elevado, incrementá-lo seria suicidário. A única alternativa é cortar na despesa. Ou, claro, uma outra revolução industrial que catapulte a taxa de crescimento do PIB para a casa dos dois dígitos(...)

Uma revolução industrial que  catapultasse o crescimento do PIB para taxas de dois dígitos resolveria o problema, mas apenas num sistema de moeda fiduciário e inflação baixa. Num sistema de padrão-ouro, um crescimento económico generalizado, globalizado, apenas traria deflação, aumentado assim o valor real da dívida. 

09 julho 2013

recuperação económica?

OCDE afirma que a recuperação económica está a ganhar força em Portugal e na zona Euro

Comentário: Bem gostaria que esta notícia fosse verdadeira, mas não acredito. Porquê? Porque há mais de 10 anos que não temos crescimento económico, porque a nossa dívida cresceu e porque não efectuamos reformas estruturais.

O melhor cenário possível é apenas travarmos a espiral recessiva, o que, convenhamos, já seria uma boa notícia.

08 julho 2013

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"A remodelação não vai alterar o rumo da política portuguesa", assegurou o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble (que entretanto se sabe ter dado o seu aval a Maria Luís Albuquerque)

Paulo Portas exige fim do "Gasparismo"

Justiça

Esta parece-me ser uma definição proto-católica universalista do sentido de dedicação à causa da "liberdade" por Murray Rothbard (de um conhecido texto seu denominado why be a libertarian?).
"... só pode ser fundamentada numa paixão pela justiça…. não pela execução de um jogo intelectual ou o cálculo frio de ganhos económicos em geral. 
Outros objetivos radicais - tais como a "abolição da pobreza" - são, em contraste com este, verdadeiramente utópicos, porque o homem, simplesmente com a sua simples vontade, não pode abolir a pobreza. 
A pobreza só pode ser abolida por meio da operação de certos factores económicos - nomeadamente a aplicação de poupança em capital - o que só pode operar transformando a natureza num longo período de tempo.  Em suma, a vontade do homem está aqui severamente limitada pelo funcionamento - para usar um termo antiquado, mas ainda válido - da lei natural.  
Mas as injustiças são acções infligidas por um grupo de homens em outros, e são precisamente as acções dos homens, e, portanto ... a sua eliminação que estão sujeitas à vontade instantânea do homem."

Ó Liberdade

Madame Roland, Viscondessa Roland de la Platière. Passando à frente da Estátua da Liberdade (instalada para comemorar a Jornada de 10 de Agosto de 1792), ela teria exclamado, um pouco antes da queda da lâmina da guilhotina :« Ó Liberdade, quantos crimes cometem-se em teu nome !» via wiki

07 julho 2013

Uma irrevogável promoção semântica

passosAparentemente, Paulo Portas venceu. Saiu deste episódio como vice primeiro-ministro, número dois do governo com coordenação da área económica, e responsável pela importante reforma do estado. A perda de confiança entre os credores que entretanto causou, sem outro resultado que não a sua promoção pessoal, quase que passa para segundo plano. Mas será mesmo assim? Vamos por pontos. Primeiro, vice-Primeiro-Ministro é um cargo com simbologia política, mas pouco mais. A definição vaga de ser responsável pela coordenação da área económica e diálogo com a troika valerá de pouco se Álvaro Santos Pereira e Maria Luis Albuquerque se mantiverem nos seus cargos. Mesmo que Álvaro Santos Pereira abandone o Ministério da Economia, Paulo Portas continuará a ser responsável pelo Ministério da Economia num país sem dinheiro. Segundo ponto: deixá-lo responsável pela reforma do estado é uma armadilha política. Este governo foi, até hoje, incapaz de operar qualquer reforma decente no estado. Com o líder do partido minoritário ao leme dessa reforma, ainda menos provável será que tenha sucesso. A diferença é que, agora, esse fahanço terá a cara de Portas. Mesmo que houvesse uma real intenção de reformar o estado por parte de Paulo Portas, essa reforma enfrentaria, inevitavelmente, vários interesses instalados, o que não é o forte de Portas. Portas, mesmo que tenha intenção de reformar o Estado, acabará por recuar com receio de perder votos. Ou seja, a única grande responsabilidade de Portas está, infelizmente, destinada a ser um fracasso. Finalmente, com esta promoção, Portas perdeu o afastamento das decisões mais populares que o seu anterior cargo lhe permitia.
Em teoria Paulo Portas ganhou poder e salvou a face. Na realidade é uma promoção semântica. Portas passou a ser ministro sem pasta, responsável pela área que irá um dia ser vista como o grande falhanço deste governo e, na condição de Vice Primeiro-Ministro, não poderá mais alegar não ter responsabilidade nas suas decisões menos populares. Pelo caminho ainda minou a confiança dos credores e custou ao país umas centenas de milhões de euros em juros a troco de uns efêmeros e aparentes ganhos políticos. 

um homem para o nosso tempo

Os livros podem ser um bom refúgio...

ignorância atrevida

Estava eu a ler este artigo do Jonathon Moseley sobre o Presidente Obama - Is Obama a Victim of Self-Esteem Education? - quando me ocorreu que também em Portugal os políticos parecem sofrer do mesmo mal. Combinam a ignorância e a arrogância em doses inimagináveis.

É como se fossem amadores, para utilizar o título do livro do Edward Klein citado no artigo que referi. ‹‹Nem sabem o que não sabem››.

Quem assistiu ontem à comunicação do PM ao País, devidamente ladeado pelo nosso futuro VPM, não pode deixar de se interrogar se os intervenientes terão qualquer noção dos desafios que têm pela frente. Ou será que pensam que os problemas se resolvem apenas porque "se sentem numa boa" e elevaram os seus níveis de auto-estima?

06 julho 2013

um pacto suicidário

O acordo apresentado por PPC mais parece um pacto suicidário para ambos os partidos da coligação. Para o PSD que vai ser castigado por entregar dossiers de grande relevância a um pequeno partido minoritário. Para o CDS porque aceita uma "tarefa impossível", coordenar uma economia em espiral recessiva, negociar com parceiros que não estão para aí virados e ainda somar o quase certo fiasco da reforma do Estado. Tarefa que necessita de uma abordagem que está nos antípodas da narrativa desenvolvida pelos protagonistas do CDS.
É a vida.

renewal of vows... in Las Vegas


ao mesmo nível

BE 9 - CDS 9

05 julho 2013

ética empírica

“Analisámos a ética das preferências de género e das técnicas de escolha do sexo no contexto britânico e não encontrámos razões para prever consequências danosas nem para as futuras crianças, nem para a sociedade em geral, se estas técnicas forem disponibilizadas por razões ‘sociais’ no quadro regulamentado do nosso sector do tratamento da infertilidade”, disse Stephen Wilkinson, professor de Bioética da Universidade de Lancaster e autor principal do relatório, citado em comunicado da Universidade de Keele.

Em particular, os autores concluem que o facto de permitir a selecção do sexo dos filhos não conduziria, naquele país, a um desequilíbrio entre os sexos na população. Por outro lado, constatam que o sexismo não é inerente à escolha do sexo dos filhos – e que, mesmo isso se verifique em certos casos, não representa riscos suficientes para as futuras crianças que justifiquem a proibição da prática. E, muitas vezes, o que os pais desejam é ter filhos dos dois sexos.

Público

Comentário: Não percebo como se pode decidir sobre a ética de um determinado assunto com base em "consequências previsíveis", tanto mais que nas ciências sociais as consequências são quase sempre imprevisíveis. Os julgamentos éticos têm de ser determinados com base em princípios apriorísticos e, neste caso, escolher o sexo dos filhos não é ético porque essa escolha não respeita "a vontade de Deus".