31 janeiro 2013

O ouro, os bancos e a esquerda contra a financeirização

E agora recupero um post escrito no Vento Sueste em 2010.

Também se podia chamar: "O ouro, os bancos e a direita tradicionalista contra a financeirização"


"Um aspecto que deve ser apreciado na velha ordem, é que no padrão-ouro, os preços tinham uma tendência para descer de forma estável (o aumento da produtividade e crescimento económico é isso mesmo, uma descida de preços reais, só ofuscada pelo inflacionismo), isso permitia a poupança pela população de forma completamente independente dos bancos e do sistema financeiro, dos seus produtos, das suas bolhas, e das suas falências (e, diria eu, dos regimes políticos).

As pessoas, principalmente as menos dadas a investimentos mais complexos e com risco, poupavam acumulando moeda física (também existia uma desconfiança saudável com os bancos e os depósitos). A independência de mercados financeiros e sistema bancário estava assim assegurada.

O outro aspecto da "financeirização" é, claro está, a capacidade do sistema bancário conceder crédito produzindo moeda em vez de ter de convencer poupança monetária prévia a ser mobilizada a troco de um juro. Essa capacidade está na origem complexo banca-indústria-poder-político. A expansão de crédito beneficia os primeiros receptores das novas quantidades de moeda, cuja despesa na economia é efectuada antes que esta antecipe subidas de preços (inicialmente de activos reais e financeiros produzindo a bolha, e só mais tarde com alguma relevância nos preços no consumidor). É este "complexo" que, quando a inevitável crise aparece, depois é protegido pelos bancos centrais e regime (pela emissão de mais moeda e colocando as taxas de juro nominais a perto de zero e as reais a negativo - uma punição da poupança).

A poupança monetária é sempre prejudicada. As pessoas mais conservadoras no sentido prático e não ideológico e prudente do termo, e que menos tiraram partido do sistema de expansão de crédito enquanto outras beneficiavam da bolha, deveriam ser as que depois, num movimento de queda de preços e falências, poderiam ver a sua poupança aplicada quer em activos desvalorizados, quer em crédito a juros reais elevados. Seria a vingança contra os especuladores com crédito fácil.

Num movimento de deflação maligna (resultado de uma crise económica e bancária) existiria uma redistribuição de propriedade dos mais alavancados-especuladores para os mais sóbrios e não-financeirizados. Uma espécie de revolução natural (resultado da pura aplicação de direitos de propriedade e contratos a favor dos mais sóbrios e como disse, menos "financeirizados").

Mas não. Quando a crise aparece, é emitida toda a moeda e os juros fixados ao mais baixo nível possível para ajudar os tais especuladores que mais recorreram ao crédito fácil (a expressão "crédito fácil" faz sentido no contexto em que ele pode ter lugar sem mobilização de poupança monetária prévia e assim sendo, a taxas de juro artificialmente baixas)."

os conservadores não são alinhados

Não deve ser sem angústia que alguém se propõe destruir as fundações de uma sociedade sem ter nada para as substituir.
Edmund Burke (cito de cor).

Na minha opinião, os conservadores não podem ser alinhados ideologicamente. Tendem a ser mais de esquerda em países socialistas e mais de direita em países liberais. Porquê? Porque se opõem a mudanças radicais (conservar...) e isso implica concessões à esquerda e à direita, consoante as circunstâncias.
Permitam-me dar um exemplo, que em Portugal é sempre melhor do que mil palavras.
Como libertário eu sou contra qualquer envolvimento do Estado na saúde e penso que tenho boas razões para isso. A minha costela conservadora, porém, está disposta a aceitar um SNS mais pequeno, com mais concorrência com o sector privado, mais descentralizado e gerido de forma mais profissional.
O ideal da liberdade diz-me que o Estado na saúde é um mal. A tendência conservadora diz-me para minimizar esse mal. Acabar, de um golpe de caneta, com o SNS seria errado. Penso que muitos conservadores subscreveriam esta minha posição, que, atenção, não vejo como sendo de esquerda.

PS: Hesitei antes de escrever este post porque o Rui A. escreveu tanto, e tão bem, sobre este assunto, aqui no Portugal Contemporâneo, que a minha opinião pode parecer impertinente. Quem é que se interessa por opiniões pessoais?

O mito de Lincoln

Henrique Raposo há muito que defende uma figura que não existe. Responsável por uma guerra para impedir a secessão dos Estados do Sul decidida pelos seus orgãos legislativos e que provocou cerca de 600 000 mortos (seria proporcionalmente equivalente a cerca de 3 a 4 milhões hoje) usando a escravatura como boa desculpa, e depois de ter sido imposta uma tarifa até 70% nas importações e que prejudicava especialmente o Sul agrícola que quase tudo o resto importava (da Europa) e era assim a forma de beneficiar o Norte mais industrial. Aqui deixou de ser a "A Republic, Not an Empire: Reclaiming America's Destiny" com diria Pat Buchanan. Foi o seu momento Rubicão. De resto tinha sido antecipada pelos anti-federalistas.

Lincoln por ele próprio:

 * July 17, 1858: “What I would most desire would be the separation of the white and black races.”

 * Aug. 21, 1858:”I have no purpose to introduce political and social equality between the white and black races (…) I, as well as Judge Douglas, am in favor of the race to which I belong having the superior position.” And, “Free them [slaves] and make them politically and socially our equals? My own feelings will not admit of this. We cannot, then, make them equals.”

 * Sept. 18, 1858:”I will to the very last stand by the law of this state, which forbids the marrying of white people with Negroes.”

 * In his First Inaugural Lincoln promised to invade any state that failed to collect “the duties and imposts,” and he kept his promise.

 * April 19, 1861: the reason Lincoln gave for his naval blockade of the Southern ports was that “the collection of the revenue cannot be effectually executed” in the states that had seceded.

 * Congress, July 22, 1861: that the purpose of the war was not “interfering with the rights or established institutions of those states” (i.e., slavery), but to preserve the Union “with the rights of the several states unimpaired.”

 * Aug. 22, 1862: “My paramount object in this struggle is to save the Union, and it is not either to save or destroy slavery. If I could save the Union without freeing any slave, I would do it”

Fonte: Let's put myths to rest

(via Wikipedia) Charles Dickens: "used his magazine, All the Year Round, to attack the new tariff. On December 28, 1861 Dickens published a lengthy article, believed to be written by Henry Morley,[15] which blamed the American Civil War on the Morrill Tariff:
If it be not slavery, where lies the partition of the interests that has led at last to actual separation of the Southern from the Northern States? …Every year, for some years back, this or that Southern state had declared that it would submit to this extortion only while it had not the strength for resistance. With the election of Lincoln and an exclusive Northern party taking over the federal government, the time for withdrawal had arrived … The conflict is between semi-independent communities [in which] every feeling and interest [in the South] calls for political partition, and every pocket interest [in the North] calls for union … So the case stands, and under all the passion of the parties and the cries of battle lie the two chief moving causes of the struggle. Union means so many millions a year lost to the South; secession means the loss of the same millions to the North. The love of money is the root of this, as of many other evils... [T]he quarrel between the North and South is, as it stands, solely a fiscal quarrel."

30 janeiro 2013

Paradoxos - o conservador como anarquista

Recuperei um post meu de 13 de Maio de 2005 no blog da Causa Liberal (e depois de uns acertos):

Apesar do vírus igualitarista, internacionalista e em última análise da tendência para o governo mundial (ainda que inconsciente nuns casos e outros nem por isso) ter já infectado aqueles para quem a propriedade, família, a comunidade e a nação constituem as células da civilização ainda passa pelos conservadores a defesa dessas soberanias.

E o que é a propriedade senão um espaço de soberania, de exclusão de terceiros, da capacidade de aplicar unilateralmente as suas regras?

O argumento do "Conservador como Anarquista", passa pelo raciocínio simples de que o espirito conservador procura uma ordem social e homogeneidade de valores nestas células mas combatem - ou deviam combater - ferozmente a legitimidade da intervenção de terceiros nesses espaços de soberania (na sua propriedade, na sua família, na sua comunidade, na sua nação, na sua Igreja). Assim, a proteção dessa soberania no fundo reclama a capacidade autónoma de definir as regras que regem cada uma dessas entidades.  A diversidade autónoma é sempre útil e dinamizador da civilização. As pessoas pertencem a certo sítios e essa identidade preenche a sua razão de ser (a tendência creio, até será o estado moderno desmultiplicar-se em múltiplas nações, para horror do internacionalismo que persegue uma identidade uniformizadora - quem sabe, o bom cidadão do mundo - e por mundo - será esse tal de estado supra-nacional).

Ora, se a procura de uma ordem social no Estado-Nação define um monopólio legislativo e do uso de violência territorial por parte do Estado (que pode ser equilibrado por um processo de descentralização), a defesa da soberania do Estado-Nação significa a recusa em delegar ou reconhecer legitimidade que "outros" tenham a capacidade última de impor legislação externa (a não ser que seja adoptada voluntariamente) e apliquem o uso da violência unilateralmente para a impor.

Como já ouvi dizer o Professor Adriano Moreia, "vivemos em anarquia internacional" e eu acho que ainda bem. Quem se sente conservador e também liberal, deve preservar a diversidade das soberanias e isso significa a capacidade de definir autonomamente a lei e inferir da necessidade ou não do uso da violência quando julgue necessário.

E por isso mesmo, apesar da minha discordância total com a "Guerra do Iraque", espero bem que nunca um organismo internacional-proto-governo-mundial venha a ter a capacidade unilateral e monopolista de pre-condicionar os actos julgados como necessários por cada entidade soberana. Os EUA tomaram uma iniciativa que julgaram necessária e acarretam os custos dessa decisão E isso faz parte da "anarquia internacional" que deve ser preservada. E o que podemos observar da história?

Quando uma das entidades soberanas se porta especialmente mal, várias agências independentes (Estados-Nação) coordenam os seus esforços para combater esse comportamento. E isso meus amigos, chama-se Anarquismo, palavra que significa Sem Poder.

Adenda:

Porque uma boa parte da ciência política denomina de utopia a realidade em que se encontra é um mistério.

Em especial os inúmeros praticantes dessa arte duvidosa que dá pelo nome de geo-estratégia, sempre envoltos em enredos muito para além da defesa territorial da sua própria nação. Esses são mesmo os verdadeiros praticantes da anarquia internacional.

Na verdade em muitos aspectos, essa direita da geoestratégia em muitos aspectos tem praticado não a anarquia mas anomia, dado as suas acções indiciarem que não existe qualquer norma aplicável nas relações internacionais, embora queiram fazer crer o contrário (para libertar as mulheres, impedir os religiosos ortodoxos disto e aquilo, fomentar a democracia e o direito gratuito ao aborto, etc.). Tudo serve para justificar o intervencionismo sem qualquer noção de soberania. Isso não é anarquia - é a desordem total que é para o que serve o termo anomia. O direito e a justiça e as regras da prudência, o bem e o mal, a lógica existem para além de qualquer poder humano. Não é o facto de existir ausência de um monopólio da violência que torna a realidade sem ordem (ao que aplicam o termo "anarquia"), é o não reconhecimento de regras universais comuns capazes de serem entendíveis e descobertas por todos, e assim praticadas.

Portanto, quando me apelidam de ancap encolho os ombros.

os judeus ateus

Zionism versus Bolshevism

Texto do Winston Churchill de 1920.

Ao renegarem a religião, muitos ateus assumem o destino de criar o paraíso na Terra

Qual é a quantidade de moeda óptima?

Não há quantidade "óptima". Qualquer quantidade serviria, o que interessa é que a quantidade seja estável. No limite podia ser fixa que não haveria qualquer razão para a economia deixar de crescer. Ou seja, não interessa a sua quantidade num momento (depois de ter sido selecionada como moeda), o que interessa é que não varie muito de um momento para o outro. E como digo, podia ser fixa.

Não, não estou a defender que se fixe a quantidade de moeda. Estou a defender que poderia ser fixa e que o objectivo de aumento burocrático da quantidade de moeda para tentar estabilizar os preços a uma inflação no consumidor de 0-2% para além de desnecessária, tem causado muitos males porque a inflação no consumidor (e a própria ideia de índice de preços tem problemas inúmeros) não capta, nem pode captar, alterações em toda a cadeia económica (nomeadamente preços de activos reais, financeiros, de bens intermédios, etc.).

Podem ler o artigo acabado de publicar em português no mises.org.br: Qual é a oferta monetária “adequada” para uma economia?, Murray N. Rothbard.

o mundo até ontem

O Homo Sapiens está mais preparado para o passado do que para o futuro porque o passado - em termos evolutivos - é como se tivesse acabado ontem.
Eis um tema que me interessa sobremaneira, já está no Kindle e logo à noite vou ler.

A tradição católica (4) - Medieval


"But first Grice-Hutchinson showed that the works of even earlier Scholastics as far back as Aristotle contained a subjective-value analysis based on consumer wants alongside the competing objective conception of the just price based on labor and costs. In the early Middle Ages, Saint Augustine (354–430) developed the concept of the subjective-value scale of each individual. By the High Middle Ages, the Scholastic philosophers had largely abandoned the cost-of-production theory to adopt the view that the market's reflection of consumer demand really sets the just price. This was particularly true of Jean Buridan (1300–1358), Henry of Ghent (1217–1293), and Richard of Middleton (1249–1306). As Grice-Hutchinson observed:

Medieval writers viewed the poor man as consumer rather than producer. A cost-of-production theory would have given merchants an excuse for overcharging on the pretext of covering their expenses, and it was thought fairer to rely on the impersonal forces of the market which reflected the judgment of the whole community, or, to use the medieval phrase, the "common estimation." At any rate, it would seem that the phenomena of exchange came increasingly to be explained in psychological terms.[5]"
New Light on the Prehistory of the Austrian School - Murray N. Rothbard

PS: A teoria do custo-da-produção foi um dos erros graves produzido por Adam Smith e que permitiu a Marx desenvolver a sua teoria maléfica. Como vemos, muitos antes de Smith, já a teoria económica tinha avançado na direcção certa, mas ignorada depois por muito tempo (como tudo de origem nos intelectuais católicos quer de língua latina quer de língua alemã).

Só foi recuperado no final do séc. 19, não por acaso em Viena, o centro do conhecimento na altura, e a capital da contra-reforma. Ainda assim este ressurgimento foi novamente calado com o séc. 20, com Keynes, as duas guerras mundiais, e o ascensão do Anglo-Saxonismo que pretende tudo ter criado debaixo dos céus, apagando tudo o que outros tinham produzido, antes e melhor.

But we are back.

Moeda - Padrão Bitcoin


O que pode dar confiança a uma tal moeda alternativa? que a sua quantidade seja estável (segundo parece progride segundo uma determinada fórmula conhecida) e que o afastamento do risco de colapso institucional  e manipulação esteja assegurado.

A primeira condição parece estar assegurada:
"via wikipedia - Ao contrário das convencionais moedas fiduciárias, Bitcoin se destaca por nenhum administrador poder controlar seu valor devido a sua natureza descentralizada [18], suavizando possíveis instabilidades causadas por bancos centrais. Existe uma inflação limitada e controlada programada no software da Bitcoin, porem é previsível e de conhecimento público[1]. Essa inflação portanto não pode ser manipulada para alterar a distribuição de renda entre os usuários."
A segunda, nem por isso. É um "conceito", pode estar sujeito a riscos desconhecidos disruptivos.

Pode assim vir a ser usado para transacções de menor valor e curto prazo e que não envolvam a detenção por longos períodos de grandes saldos.

Qual a desvantagem em relação ao ouro? O ouro como bem físico não está sujeito a uma existência conceptual e a sua quantidade é a mais estável que se conhece para uma mercadoria usável como meio de troca.

Mas venha a concorrência.


Hoje na Bloomberg: "An increase in the value of bitcoin, the world’s largest online currency, may fuel concerns that virtual money could undermine the role of central banks."

tem graça

Os juízes não apreciaram a prosa do Miguel

a revolução francesa

“Há um Estado mas está totalmente falido”, disse Sapin. “Por isso fomos forçados a impor um plano de redução do défice e nada nos fará desviar desse objectivo.”

aí está

Islândia não tem de reembolsar Reino Unido e Holanda

sacrossanta

tó, tozé e a sacrossanta unidade do partido

Rui A., sobre o Tó e o Tozé, no Blasfémias

29 janeiro 2013

os reacionários (2): o remexido

També gosto deste trecho, é uma queda por quem perdeu na história. Perdido mas sem perder.

Remexido

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Remexido ou Remechido (como se escrevia no século XIX), nome por que ficou conhecido José Joaquim de Sousa Reis (Estômbar,19 de Outubro de 1797 - Faro2 de Agosto de 1838) foi um célebre guerrilheiro algarvio, que nasceu no Algarve em 1797, em Estombar.

[editar]História

Casou-se em S. Bartolomeu de Messines. Deve-se, aliás, ao seu casamento, o nome por que ficou conhecido, já que se rebelou (remexeu) contra o seu tutor, que lhe proibia o casamento. Era um homem de posses, capitão de ordenanças, além de exercer a função de recebedor do concelho. Servindo D. Miguel, e lado a lado com o brigadeiro Cabreira, derrotou o famoso Sá da Bandeira na batalha de Sant’ Ana. Estava-se na época da guerra civil, entre liberais e miguelistas de qual ele era acérrimo defensor destes últimos.
Quando o primeiro duque da Terceira invadiu o Algarve, no decurso da Guerra Civil portuguesa, o Remexido escondeu-se na serra algarvia[1], onde, recorrendo a uma táctica de guerrilha e apoiado por serranos, venceu sistematicamente as tropas governamentais. Diversos crimes foram cometidos em seu nome e rapidamente se tornou uma lenda de temor que se espalhou até ao Alentejo. Contudo, estudos recentes parecem ilibá-lo de tais crimes e acções ignominiosas.
De facto, no final da guerra, em lugar de lhe concederem o perdão a que, nos termos da Convenção de Évora-Monte, tinha direito, as novas autoridades liberais queimaram-lhe a casa, açoitaram-lhe publicamente a mulher com a palmatoria (castigo comum na época atribuído às prostitutas) por não revelar onde ele se encontrava escondido e, por fim, mataram-lhe um filho de 14 anos. Revoltado contra tal crueldade, vingou-se como podia e jamais se entregou, mantendo a sua acção de guerrilha ainda durante vários anos. Procurava castigar os que os perseguiam, mas perdoava aos soldados que lhe caíam nas mãos, porque desempenhavam um serviço que eram obrigados a fazer. Por fim, foi capturado, levado a Conselho de Guerra e fuzilado em Faro. Julgado por um Conselho pouco simpatizante da "causa miguelista", e mesmo tendo-lhe a rainha D. Maria II concedido o perdão, tal ordem não foi cumprida e fuzilaram-no por interesses políticos e pessoais.

os reacionários (I): D. Miguel I de Portugal

Gosto deste trecho retirado da wikipédia:

"Ideologia

D. Miguel era um homem de ideais católicos e tradicionalistas, os quais defendia com frontalidade. Era pouco popular entre a burguesia, mais aberta à influência do ideário liberal, mas gozava de grande popularidade entre o povo, que, caído na miséria após as guerras contra Espanha eFrança, via num rei forte a figura de um salvador. A isto acresce que era a Igreja quem muitas vezes matava a fome do elevadíssimo número de mendigos e deserdados de mais de 30 anos de guerras, pelo que a inimizade dos liberais face a esta instituição terá levado a que o povo se colocasse ainda mais do lado miguelista.
D. Miguel era também um admirador do chanceler Metternich da Áustria, embora afirmasse não ser adepto de uma monarquia absoluta mas apenas pretender libertar Portugal das influências estrangeiras, principalmente das ideias da Maçonaria, que considerava nefastas."

Pois bem. Quem venceu a guerra civil foi D.Pedro. Os "liberais" e constitucionalistas. O que aconteceu? O Estado foi empossado de muitos mais poderes que anteriormente (porque esse é o paradoxo do constitucionalismo) e daí a pouco tempo tinha lugar o roubo massivo de propriedade da Igreja, com o fecho de conventos e mosteiros (agora pousadas? estabelecimentos do estado?), a expulsão de um número elevadíssimo de pessoas que viviam em comunidade e em apoio ás populações locais e que não sabiam viver de outra maneira, foram para mendigos, assim referido por Alexandre Herculano.

uma vergonha

É possível acabar uma licenciatura em Portugal sem nunca ter tido um orgasmo, porque as universidades estão anquilosadas.

PS: A foto foi tirada da net  e não indicia, de forma alguma, que as figurantes caem no paradigma descrito
:-)

inimigo público tem concorrência séria

Are U coming?

The University of Minnesota - Twin Cities (UMTC) is set to hold an event this spring designed to help its female undergraduate students achieve more and greater orgasms — A Universidade do Minnesota vai realizar um evento primaveril para ajudar as estudantes a terem mais e melhores orgasmos.

Comentário: E depois não querem que a gente diga que as universidades portuguesas estão atrasadas, pois estão atrasadas e muito.

A tradição católica (3) - os pré-austríacos

Na wikipedia em português sobre o referenciado Martín de Azpilcueta (1492-1586):

"Foi um dos lentes de origem castelhana que lecionavam na Universidade de Coimbra, em Portugal. Como Martinho de Azpilcueta, como é chamado pelos portugueses, eram de Espanha outros lentes como Afonso do Prado, Francisco de Monzón, Juan de Pedraza, Martinho Salvador Azpilcueta, João Peruchio Mongrovejo, Bartolomeu Filipe, Luís Alarcão, Afonso Rodriguez de Guevara, Francisco Franco, Henrique Cuellar e outros.

Está citado ainda entre os importantes precursores do liberalismo econômico, com outros escolásticos espanhóis como Luis de Molina (1535 – 1600), Juan de Mariana (1536 – 1623) e o arcebispo Diego de Covarrubias y Leyva (1512 - 1577).

O jesuíta Luís de Molina, autor de obras jurídicas, contribuiu para o Liberalismo econômico e para a Teoria do Direito ao afirmar a importância da liberdade individual, ao opor-se à regulamentação governamental nas trocas do mercado e ao teorizar sobre os direitos da propriedade privada.

De acordo com ele, “a lei, a jurisdição e a propriedade são coisas comuns à toda a raça humana, e estão baseadas não na fé e na caridade, mas surgem direta ou indiretamente da própria natureza das coisas e de seu fundamento primeiro 

O Dr. Navarro seria o primeiro a explicar, em 1556, as bases da Teoria Quantitativa da Moeda.

Diego de Covarrubias y Leyva, designado Arcebispo de Santo Domingo pelo imperador Carlos V em 1546, foi aluno de Martín de Azpilcueta Navarro na Universidade de Salamanca. Por ter afirmado que “o valor de uma coisa não depende de sua natureza objetiva, mas da estimativa subjetiva dos homens, mesmo que tal estimativa seja insensata”, é considerado o primeiro autor a expor, em 1554, a Teoria Subjetiva do Valor..."

o abstracto

Eu concordo com muito da crítica assente no termo "abstracto" efectuada por PA ao longo dos tempos.

De certa forma, no caso prático da Moeda, foi porventura terem "abstractizado" um bem-mercadoria escolhido cumulativamente ao longo da história como meio de troca, que conduziu a grandes problemas.

Tal como na Justiça.

Seja qual for a crítica que se possa fazer à separação efectuada por Rothbard entre direito (ética) e moral e a sua análise de casos práticos (no seu Ethics of Liberty) onde o critério de análise é o concreto - os direitos de propriedade em jogo -  não se pode acusar de "abstracta" tal análise como em outros critérios de justiça, assente em conceitos vagos e e conceptuais. Daí a tentativa  - na chamada libertarian theory of justice [termo estrangeiro para o português jusnaturalismo concreto] - de manter o direito penal no princípio geral concreto de restituição (de um qualquer direito de propriedade) e/ou punição proporcional, que foi sendo subvertido por critérios de justiça cada vez mais ... abstractos.

sugestões ultraliberais

Governo estuda introdução de ‘chip’ obrigatório nas ex-Scut

Miguel Macedo aguarda por inquérito e sugere lista de passageiros nas excursões


Um governo verdadeiramente ultraliberal devia obrigar cada cidadão a transportar um chip implantado na cabeça. Resolvia o problema das ex-SCUT's, a lista de passageiros nos transportes públicos e até a questão das facturas obrigatórias. O número do chip identificador corresponderia ao número de contribuinte.
Atenção, eu quero 0,01 % de todas as transacções efectuadas com recurso a este chip, porque a ideia foi minha. Chamem-lhe taxa Tobin Joaquim.  

capital virtual


A irrealidade do sistema monetário e a prova de que os próprios reguladores e eu diria até os próprios banqueiros percebem mal o próprio sistema em que operam (de resto, a própria constatação das recorrentes bolhas/crises bancárias provaria isso de qualquer forma) pode ser visualizada nos aumentos de capital dos bancos onde estes oferecem incentivos para que os clientes ou outros participem no aumento de capital com o recurso ao crédito do próprio banco.

Eu já referi este assunto várias vezes. Aqui vai outra vez:

Banco anuncia aumento de capital e oferece crédito para os subscritores do capital (estas operações já tiveram lugar e foram públicas e por isso têm o conhecimento e consentimento dos reguladores). E de resto temos a operação de entrada no capital do BANIF pelo Estado que, bem vistas as coisas, podia ser assim realizado pelo processo abaixo descrito e assim nada ser necessário ao Estado despender. Basta onde está crédito ler Dívida do Estado e onde está DO ler conta do Estado junto do BANIF.

1. Vamos ver o que se opera ao nível do balanço partindo de uma situação inicial:

Activo: 1000  (constituído genericamente por uma carteira de crédito)
Passivo: 900 (constituído genericamente por depósitos à ordem e a prazo)
Capital: 100

2. Concessão de crédito pelo Banco aos futuros subscritores de capital

Activo: 1000 + 100 = 1 100 (100 é novo crédito criado “do nada”)
Passivo: 900 +100 = 1000 (100 é dinheiro criado “do nada” e depositado na conta DO dos subscritores que solicitam o crédito para ocorrer ao aumento de capital)
Capital: 100

3. Realização do aumento de capital

Activo: 1000 +100 = 1 100
Passivo: 900 + (100 – 100) = 900, a conta de DOs dos novos accionistas é debitada pelo aumento de capital

Capital: 100 +100 = 200 o capital aumenta por contrapartida do débito das DO´s dos subscritores (que tinham anteriormente sido creditadas pelo crédito concedido)

4. Situação Final:

Nada em termos reais se passou, dinheiro criado do nada serviu para aumentar o activo (crédito concedido) e o capital foi aumentado e para cúmulo, os rácios de solvabilidade aumentaram:

Rácio de solvabilidade simples inicial = Capital / Activo = 100 / 1000 = 10%
Rácio de solvabilidade simples final = 200/ 1100 = 18%

Se alguém quiser por em causa o raciocínio faça o favor. Isto não quer dizer que este efeito se passa na totalidade dos aumentos de capital em bancos, mas em parte é, e a mera possibilidade de poder ser revela o sistema.

Claro que isto representa a total subversão do conceito de capital, que deve constituir, sim, poupança monetária prévia (abstenção de consumo) precisamente para servir de capital mobilizável a qualquer momento para fazer face a perdas potenciais e financiar a actividade.

bem-aventurados

Primeira tentativa:

Porque é que os portugueses acreditam no que não veem e não acreditam no que está à vista? A primeira explicação que me ocorre é que o que não veem faz parte da tradição familiar ou da comunidade. Acreditam na influência de um Santo, por exemplo, porque a mãe e a avó já o faziam e lhes asseguraram que era remédio eficaz. Em quase todas as aldeias havia um bruxo ou uma cigana que lia a sina e se os pais acreditavam é porque tinham motivos. Hoje, os bruxos têm programas de televisão e é, por assim dizer, o Estado que os abona, o que ainda tem mais valor.

Relativamente ao que está à vista — eu dei como exemplo a ida à Lua, o ataque às torres gémeas ou, para as mentes mais evoluídas, o potencial gerador de riqueza do capitalismo — os portugueses exercem a “dúvida metódica”. Porquê? Pela razão oposta, são acontecimentos ou conceitos abstractos sem relação com o quotidiano. A família não conhece nenhum capitalista e o único ricaço da aldeia é um “pato bravo” amigo do presidente da câmara, de quem ouvem dizer o pior possível. Quem defende o capitalismo está a defender esse sujeito em particular.

Vou ver se me ocorrem outras ideias.

28 janeiro 2013

A tradição católica (2): Martin de Azpilcueta Navarrus (1493-1586)

Depois de ter referenciado o Bispo Nicholas Oresme (em 1377) passamos aos escolásticos ibéricos (retirado de Economic Thought before Adam Smith, Murray N Rothbard), e com uma referência a Portugal.

"Renowned for his saintly life and vast learning, the gaunt, hook-nosed Dominican Azpi1cueta was regarded as the most eminent canon lawyer of his day. After teaching canon law in Cahors and Toulouse in France, Azpilcueta returned to take up a chair at Salamanca, where his overflowing lectures featured a new method of teaching civil law by combin- ing it with canon law. In 1538, Azpilcueta was sent by Emperor Charles V to be rector of the new University of Coimbra, in western Portugal. There he developed the principles of international law originally set forth by his mas- ter, Vitoria. Azpilcueta spent his last years in Rome, a trusted adviser to three popes, dying at the advanced age of 93.

 Azpilcueta used his great influence to advance economic liberalism farther than it had ever gone before, among the scholastics or anywhere else. In sharp contrast to de Soto's admiration for comprehensive price control, Azpi1cueta was the first economic thinker to state clearly and boldly that government price-fixing was imprudent and unwise. When goods are abun- dant, he sensibly pointed out, there is no need for maximum price control, and when goods are scarce, controls would do the community more harm than good. But Azpilcueta's outstanding contribution to economics was his theory of money, published in his Comentario resolutoio de usuras (1556) as an appen- dix to a manual on moral theology.

The manual and the commentaries in the appendix were translated into Latin and Italian, and proved to be influential for Catholic writers for many years. Azpilcueta built on the analysis of Cardinal Cajetan to present the first clear and unambiguous presentation of the 'quantity theory of money'. Or rather, he breaks firmly with the tradition that money can in any sense be a fixed measure of value of other goods. In contrast to older emphasis on foreign exchange, or money in terms of other monies, Azpilcueta clearly identified the value of money as its purchasing power in terms of goods. Once Azpilcueta grasped these two points firmly, then the 'quantity theory' followed directly. For then, like other goods, the value of money varied inversely with its supply, or quantity available.

As Azpilcueta put it:

'all merchandise becomes dearer when it is in great demand and short supply, and that money, in so far as it may be sold, bartered, or exchanged by some other form of contract, is merchandise, and therefore also becomes dearer when it is in great demand and short supply'.

 It should be noted that this splendid and concise analysis of the determi- nants of the purchasing power of money does not make the mistake of later 'quantity theorists' in stressing the quantity or supply of money while ignor- ing the demand. On the contrary, demand and supply analysis was applied correctly to the monetary sphere.

 Thus, Azpilcueta wrote:

 ...other things being equal, in countries where there is a great scarcity of money all other saleable goods, and even the hands and labor of men, are given for less money than where it is abundant. Thus we see by experience that in France, where money is scarcer than in Spain, bread, wine, cloth and labor are worth much less. And even in Spain, in times when money was scarcer, saleable goods and labor were given for very much less than after the discovery of the Indies, which flooded the country with gold and silver. The reason for this is that money is worth more where and when it is scarce than where and when it is abundant.

 Martin de Azpilcueta, in this case influenced by his colleague de Soto, also developed the latter's
purchasing-power parity theory of exchange rates, at the same time that he worked out the 'quantity
theory', supply and demand analysis of the value of money. The two of course, go hand in hand.

 One of Azpilcueta's most important contributions was to revive the vital concept of time-preference, perhaps under the influence of the works of its discoverer, San Bernardino of Siena. Azpilcueta pointed out, more clearly than Bernardino, that a present good, such as money, will naturally be worth more on the market than future goods, that is, goods that are now claims to money in the future. 

As Azpilcueta put it:

'a claim on something is worth less than the thing itself, and ... it is plain that that which is not usable for a year is less valuable than something of the same quality which is usable at once'."

E assim podemos ver o porquê de serem apelidados de pré-austríacos.

Teoria e história

(Lamento vir com mais abstracções mas como fez parte de muito palavreado meu enquanto comentador por aqui, quis voltar ao assunto de forma um pouco mais organizada e depois partir para outra.)

A grande luta intelectual de Mises no seu tempo foi com o historicismo (cuja face moderna é o empirismo).

Diz Mises:
"In the view of historicism the field of the science of human action is constituted only by history and the historical method. Historicism maintains that it is a waste of effort to search after universally valid regularities that would be independent of time, place, race, nationality, and culture. All that sociology and economics can tell us is the experience of a historical event, which can be invalidated by new experience. "
                       Epistemological Problems of Economics - The Task and Scope of the Science of Human Action

No prefácio sobre a última obra de Mises, "Teoria e História", Rothbard diz:
 "in the words of the original motto of the Econometric Society, "Science is prediction." And to become a "hard" or real science, economics must treat individuals not as unique creatures, each with his or her own goals and choices, but as homogenous and therefore predictable bits of "data.
Mas o quantitativo no campo da acção humana perde aplicabilidade (no campo de formar uma ciência quantitativa) porque:
- as nossas preferências não são mensuráveis mas apenas ordenáveis: prefiro A a B e B a C. Não prefiro A o dobro de B e B 2,15 x C. Um problema para os neoclássicos
- e ainda que alguma espécie de quantidade fosse possível atribuir a "utilidades" não existem fenómenos homogéneos ao longo do tempo para aplicar uma mesma medida. E ainda que os houvesse, aquilo que sabemos amanhã não é previsível (o estado do nosso conhecimento), e aquilo que sabemos amanhã conduz-nos a comportamentos diferentes perante, por hipótese, o mesmo fenómeno dito homogéneo (mas como digo, uma impossibilidade ou na verdade até uma contradição dado então nunca se tratar do mesmo fenómeno homogéneo).
E como diz Hoppe (Economic Science and the Austrian Method), o primeiro problema dos empiristas é que uma proposição afirmando que não existem leis não-empiristas é ela própria uma afirmação não-empirista aparentemente não passível de provar empiricamente. Como sabem que têm razão?

Ora  o interessante na praxeologia de Mises é que de certa forma afirma que não existem regularidades mecânicas e quantitativas mas existe pelo menos  a possibilidade de tecer leis universais que restringem a nossa acção, derivados da realidade da condição de escassez de meios para prosseguir fins que a natureza humana não cessa de perseguir porque--- age.

Mas vamos a exemplos de leis universais que não carecem de verificação empírica, a ser postas em causa terão de se demonstrar a sua invalidade lógica dentro da acção humana (Hoppe):

"Law of marginal utility: Whenever the supply of a good increases by one additional unit, provided each unit is regarded as of equal serviceability by a person, the value attached to this unit must decrease. For this additional unit can only be employed as a means for the attainment of a goal that is considered less valuable than the least valued goal satisfied by a unit of such good if the supply were one unit shorter.
Or take the Ricardian law of association: Of two producers, if A is more productive in the production of two types of goods than is B, they can still engage in a mutually beneficial division of labor. This is because overall physical productivity is higher if A specializes in producing one good which he can produce most efficiently, rather than both A and B producing both goods separately and autonomously. 
 [Nota: e nesta lei de Ricardo (generalizada para a cooperação social) um meio de troca é                      conveniente para esta especialização, começando por constituir-se como um bem valorizado por qualquer outro motivo que começa a ser utilizado por se tornar crescentemente o mais "líquido" em diversos actos de troca até que ganha valor apenas e só por constituir um meio de troca universalmente aceite. Passa a ter uma procura apenas para esse fim - como meio de troca - independentemente de ter tido ou ainda ter outro tipo de procura para outro fim.]
Whenever the quantity of money is increased while the demand for money to be held as cash reserve on hand is unchanged, the purchasing power of money will fall.
O que é que liga estas afirmações à realidade? o facto de falarem da acção humana, com um propósito e que implicam a escolha de meios para atingir fins escolhidos e que levam tempo.  É como dizer, que preferimos mais do que menos (ainda que com utilidade decrescente) e antes do que depois (é esta preferência que forma a natureza do juro). E que produzir mais fins (os que cada um prefere segundo a sua ordenação não cardinal) com menos meios e antes do que depois é um fim geral da acção humana.

Assim, não é possível prever quantitativamente grandezas e situá-las no tempo, é possível tecer leis gerais que representam restrições universais à acção humana: é necessário tempo e no mínimo o acto de não-consumo (de fins) para produzir bens (meios) que aumentem a produtividade na prossecução de determinados fins.

Outro aspecto da questão - diz Rothbard sobre os neoclássicos - é aplicabilidade ao génio humano e o seu papel na capacidade de coordenar e mesmo criar meios inexistente para satisfazer fins desejados pelas pessoas, ou mesmo, que ainda nem sabem porventura que o vão desejar (porque nem o conhecem).
"One reason orthodox economic theory has always had great difficulty with the crucial concept of the entrepreneur is that each entrepreneur is clearly and obviously unique; and neoclassical economics cannot handle individual uniqueness."
O ponto de partida é claro o axioma de acção humana:
Professor Hans-Hermann Hoppe explains this in his treatise, Economic Science and the Austrian Method:
[T]he proposition that humans act ... fulfills the requirements precisely for a true                 synthetic a priori proposition. It cannot be denied that this proposition is true, since the denial  would have to be categorized as an action — and so the truth of the statement literally cannot be undone!
This also implies that the action axiom is a statement about a fact of reality. Even though an individual might try to deny the axiom, his real behavior attests to its existence. Action is the deliberate employment of means for attaining ends. In this case, the actor's end is the denial of the action axiom. His attempted means is the statement, "Humans do not act."  
          Em Doubt the Action Axiom? Try to Disprove It, Gennady Stolyarov II

bem-aventurados os que não viram e creram


Nos países do Sul as pessoas têm tendência a acreditar no que não veem e a duvidar do que está à vista de todos.
Sobre a primeira parte da minha afirmação penso que é inquestionável. Os portugueses têm os seus santos padroeiros, fazem-lhes promessas e não duvidam das suas intervenções no quotidiano das suas vidas.
Pese embora que muitos teólogos, da própria Igreja Católica, advertem que o transcendental não interfere no real e que os milagres são uma raridade. A Igreja, claro está, aceita a sua existência, mas duvida da maioria, pelo que me apercebo.
Relativamente à segunda parte, julgo que também haverá poucas dúvidas. Há portugueses que duvidam que o homem algum dia tenha posto “os cascos” na Lua, ou que ainda acreditam que a queda das torres gémeas foi obra do Bush.
Relativamente ao potencial do capitalismo, o assunto é um pouco mais rebuscado, exigindo já um QI superior à temperatura ambiente, em Fahrenheit, mas mesmo assim não deixa de ser extraordinário que perante a evidência acumulada, especialmente ao longo do último século, os portugueses duvidem. Pelo contrário, acreditam nas virtudes do socialismo que não estão à vista em lado nenhum.
Vou pensar no assunto e tentar encontrar uma explicação racional para este aparente paradoxo. Acreditamos no que não vemos e não acreditamos no que está à vista.
Não aceitamos o espírito científico de um S. Tomé e preferimos a bem-aventurança dos que “não viram e creram”.
Curioso.

the great bond bubble

 Yields ou Tx juro implícita nos títulos de dívida a 10 anos nos EUA (fonte : Bloomberg).

No final de Julho passado atingiu um mínimo a cerca de 1.38% e agora aproxima-se dos 2%. A inflação encontra-se a 1.7% (Dezembro) e a taxa de juro de curto prazo controlada pelo FED a 0.25% [taxa de juro real bem negativa nos prazos mais curtos].

Com o arrebentar da bolha em 2008, a fuga de todo o tipo de activos incluindo a fuga do risco Estados e do sector bancário global é parte da explicação para as actuais taxas, e têm ajudado Obama a praticar défices de cerca de 8% sem problema... para já.


Uma via para simplificar os conceitos

e porventura poupar tinta e tempo a todos  é... declarar o Estado o princípio de todas as coisas.

Por exemplo: Moeda, o que é?

Segundo o chamado Chartalism (ou State Theory of Money) que se tornou até dominante Moeda é... o que o Estado diz que é.
Chartalism is a descriptive economic theory that details the procedures and consequences of using government-issued tokens as the unit of money, i.e., fiat money. The name derives from the Latin charta, in the sense of a token or ticket.[1] The modern theoretical body of work on chartalism is known as Modern Monetary Theory or (MMT).(...) 
Knapp coined the term "chartalism" in his State Theory of Money, which was published in German in 1895 and translated into English in 1924. Knapp argued that "money is a creature of law" rather than a commodity.[4]"
ou numa descrição ainda mais sucinta e directa:
Modern Monetary Theory views money as a "creature of the state". Chartalism is the belief that money or "the unit of account" is determined by a Sovereign government or other governing authority. This contrasts with mainstream views of money as having arisen by people spontaneously agreeing to use precious metals as a medium of exchange. 
E pronto, acabam-se as discussões sobre o assunto. Claro que tal definição pouco faz para explicar o dito de Voltaire (1694-1778):
Toda a moeda por fiat acabará eventualmente por regressar ao seu valor intrínseco - zero.
E temos uma lista (incompleta) aqui:

  • Angola (1991-1999)
  • Argentina (1975-1991)
  • Austria (1921-1922)
  • Belarus (1994-2002)
  • Bolivia (1984-1986)
  • Brazil (1986-1994)
  • Bosnia-Herzegovina (1993)
  • Bulgaria (1991-1997)
  • Chile (1971-1973)
  • China (1939-1950)
  • Ecuador (2000)
  • Greece (1944-1953)
  • Georgia (1995)
  • Germany (1923-1924, 1945-1948)
  • Greece (1944-1953)
  • Hungary (1922-1927, 1944-1946)
  • Israel (1979-1985)
  • Japan (1944-1948)
  • Mexico (2004)
  • Nicaragua (1987-1990)
  • Peru (1984-1990)
  • Poland (1922-1924, 1990-1993)
  • Romania (2000-2005)
  • Russia (1921-1922, 1992-1994)
  • Taiwan (late-1940s)
  • Turkey (1990s)
  • Ukraine (1993-1995)
  • United States (1812-1814, 1861-1865)
  • Vietnam (1981-1988)
  • Zaire (1989-1996)
  • Zimbabwe (1999-2007)

Amarrados


Foi votado na passada sexta-feira um projecto de lei sobre a precariedade laboral. A precariedade laboral é um tema recorrente na agenda da esquerda e tem-se tornado ainda mais discutido nos últimos tempos.
Começo por constatar o óbvio: ninguém gosta de ser precário. Mantendo tudo o resto constante, todos gostaríamos de ter um emprego que nos garantisse um salário permanente, independentemente da  produtividade, das oscilações da economia ou de outras alterações no mercado. Mas a economia é uma realidade dinâmica em que mudanças tecnológicas, aumentos de eficiência e simples oscilações no mercado fazem com que a necessidade de mobilidade de factores seja constante. Todos beneficiamos com este dinamismo. Todos beneficiamos da inovação e dos aumentos de eficiência recorrentes desta mobilidade de factores. Mesmo aqueles que se podem encontrar em determinado momento do lado perdedor (os que deixam de ser necessários), no médio prazo também acabam por beneficiar. Colocar entraves à movimentação de trabalhadores entre empresas e sectores atrasa o desenvolvimento da economia, colocando um travão ao crescimento e à inovação. É também um entrave ao empreendorismo e à sobrevivência de muitas empresas. Manter um empregado que não tem um nível de produtividade suficiente para justificar o seu emprego (seja porque passou a produzir menos ou porque aquilo que produzia deixou de ser procurado), pode ser bom para o empregado no curto prazo, mas é mau para toda a economia e para o próprio empregado no médio prazo.
A flexibilidade laboral também incentiva a criação de emprego e contribui para aumentar o nível salarial.Um bom exemplo disto é o mercado das empregadas de limpeza doméstica que será um dos empregos com maio número de empregados e empregadores individuais distintos no país. É uma relação laboral que envolve milhares de famílias e milhares de empregadas de limpeza doméstica, mas não estarei a exagerar se disser que quase todas estas relações laborais são precárias e informais. Muitas destas relações são regulares, outras nem tanto, mas quase todas funcionam no princípio da mais absoluta precariedade em que a empregada pode ser dispensada de uma semana para a outra (a designação “mulher-a-dias” não engana). Quando as famílias sentem algum aperto, mudam de casa ou deixam de estar satisfeitos com a sua empregada, simplesmente terminam a relação laboral. Agora imaginemos que se obrigava a que todas estas relações de trabalho fossem formalizadas e que se impunha a rigidez laboral com que a esquerda sonha. Certamente algumas destas empregadas saíriam a ganhar, mas a maioria simplesmente perderia o emprego. Outras só manteriam essa ocupação se aceitassem um grande corte de salário. A maior parte das famílias que as contrata não aceitaria o peso de mais uma despesa recorrente ou a obrigação de manterem uma empregada permanente mesmo em alturas em que viessem a não poder pagar ou não precisar dos seus serviços (já para não falar de todos os aspectos fiscais ligados à formalização do contrato).
Eu sou precário, e não me lembro de alguma vez não o ter sido. Nunca me faltou o emprego, embora aceite que isso possa vir a acontecer um dia. Por outro lado, sei também que não poderia ter o emprego e o salário que tenho (e empregos e salários que tive no passado) se a precariedade não fosse algo aceite no meu meio profissional e no meu país de emigração. Ninguém me pagaria aquilo que paga se soubesse que eu me poderia vir a acomodar e deixar de garantir os mesmos níveis de produtividade que justificam esse salário.
A precariedade laboral garante maior geração de riqueza e mais emprego. Se há algo que a esquerda ainda não percebeu, ou percebeu e não se importa, é que precariedade no emprego também é precariedade no desemprego. Dito de outra forma, rigidez no emprego tende a provocar rigidez no desemprego, beneficiando os trabalhadores actuais, mas prejudicando aqueles que estão desempregado.
Tornar o mercado laboral mais rígido pode beneficiar alguns, mas terá custos para o crescimento económico, para o emprego e para o nível de salários. Num país estagnado, sem empregos e com salários muito baixos é uma ideia assassina.

o problema grego

Desde hace milenios se conoce la riqueza de este rincón de Calcídica, en el norte de Grecia: cobre, plata, plomo, zinc y, sobre todo, oro, que ha cuadruplicado su valor en los últimos 10 años. Solo en Skouries, las reservas se estiman en 3,6 millones de onzas, más de 100 toneladas. Pero donde algunos ven negocios y oportunidad de trabajo en una tierra cercada por el desempleo, otros temen la destrucción de un ecosistema en favor de un desarrollismo, empujado por la crisis económica, del que no se fían.
El País

Comentário: O problema grego - não acreditam no capitalismo e não têm confiança nas instituições.

claro


OCDE
“Portugal deve reduzir os impostos sobre o trabalho e as empresas”

27 janeiro 2013

Mozart was a Red





Uma preciosidade da história do movimento libertarian. Podemos ver o jovem Jeffrey Tucker recentemente aqui referenciado por PA a propósito da sua conversão ao Catolicismo, a desempenhar o papel de Nathaniel Branden, o, por algum tempo, acólito preferido de Ayn Rand. E a peça explica o encontro de Rothbard com Ayn Rand. E o desencontro.

Kant was a Red

O comentador Francisco teceu esta conclusão num comentário no post original de PA "Não existe":
"O único aspecto aqui onde eu talvez concorde com o PA é que há uma certa tendência para extrapolar os conceitos abstractos para fora do pequeno domínio onde eles aproximam a realidade, e torná-los absolutos, o que pode levar a alguns delírios intelectuais."

Pois essa absolutização pode tomar diferentes formas.

PA socorre-se muitas vezes de Kant para por associação validar as suas teses. No limite: Kant estava errado e como Kant usava pensamento abstracto, logo, Mises (ou "moeda", ou...)  = abstracto = errado. 

Ora eu não ponho em causa o que se possa dizer da crítica a Kant, o que temo é que, num velho tique de Ayn Rand (e não estou a por em causa o que Ayn Rand criticou em Kant) se leve longe demais nas demonstrações por associação.

O comentário foi assim:

"O PA não gosta das abstracções porque:

- ninguém se entende sobre o seu significado
- não têm realidade concreta

A 1ª objecção é uma não-questão circular. Não existe nada que tenha uma definição absoluta e 

universal. Peço ao PA se consegue arranjar uma definição consensual do que é Deus, e pergunto-lhe 
se isso o coíbe de afirmar que Deus existe. Isto porque o prório conceito de definição é abstracto. As definições só existem na nossa cabeça, mesmo que se tratem de coisas concretas como a caneta que está na minha mesa.

Portanto, o PA, quando quer falar de Deus, define-o à sua maneira e não se fala mais nisso. Para o dinheiro e a espécie é exactamente a mesma coisa. Se os quer discutir, a primeira coisa que tem que fazer é escolher as suas definições e partir daí.

A 2ª objecção também não concordo muito com ela. As abstracções tanto podem não ter nada a ver com a realidade, como podem ter tudo a ver com a realidade. E como é que podemos saber isso? Pegamos numa abstracção e comparamos com a realidade. Certamente essa abstracção não representa toda a realidade, mas pode ser que capte uma parte."

a tentação do niilismo intelectual

Por vezes detecto uma espécie de fuga à tentativa de reflexão, quando num determinado ponto se declara algo parecido a como não é possível saber a verdade sobre as coisas, serão "meras palavras", e coisas similares. Aí de facto, qualquer busca pela verdade pára.

É isto que PA pode estar perto de fazer aqui:

"Mas o dinheiro de que fala o von Mises não é esta nota de dez euros que eu tiro da carteira, nem nenhuma nota que você possa ter na carteira, nem nenhuma outra coisa em concreto, como beijinhos. É um bem que serve como meio  de pagamento. É uma abstracção. Não tem realidade concreta."

PA saca de uma nota de 10 e quase parece afirmar não é possível estabelecer qualquer análise de causa e efeito, princípios governadores da sua utilização na acção humana. Apenas que saca da nota e alguém a aceita, porque sim. Isto é real porque acontece. A refexão não existe porque serão meras palavras e conceitos?

A seguir pega nas actuais definições quantitativas da actual moeda imposta pelo poder político, enferma como eu disse, de enormes problemas, e e declara que é visível a confusão daí dando como provada a sua tese.

O que mostrou de facto é que a actual moeda tem problemas evidentes no facto evidenciado por PA de ser altamente confuso saber o que é e como medir. Existe o M0, o M1, etc.

Mas "a moeda", o que é, e não deve ser, existe.

a existência existe?

O dinheiro existe? E a espécie? Com certeza que existem, mas não na realidade, como diz e bem o PA. Existem enquanto conceitos culturais, existem na matriz cultural que nos rodeia, que nos forma e que nos educa e sem a qual estaríamos reduzidos à animalidade, sem consciência da própria existência, que já de si é outro conceito cultural.

No mundo real, o indivíduo está submetido ao determinismo material, ao aqui e agora, como intuiu Bento de Espinosa. Não é livre, não reflete a imagem do Criador. É precisamente quando elabora conceitos abstractos, que estão desligados do lugar e do tempo, que o homem supera esse determinismo e conquista a liberdade. Somos livres, na matriz cultural, no espírito, somos livres quando aceitamos a eternidade e o infinito, outros conceitos culturais.

Eu sei muito bem onde janto e com quem janto e nunca jantei com a eternidade, nem com o infinito, já ouço o PA. O que é a eternidade? A eternidade é Deus. Eu nunca jantei com Deus, até agora, mas Deus janta comigo todos os dias. Deus, outro conceito, o que é? Todos os conceitos estão em constante evolução. As palavras que os expressam têm uma etimologia e uma semântica. E é certo que no futuro terão significados que não antevemos neste momento. Por isso é difícil dar-lhes definições objectivas.

O conceito actual de dinheiro vai evoluir, assim como o de espécie e o de existência, e até o de vida, mas isso não significa que os devamos abandonar. Seria um erro grave usar a razão para destruir os elementos que a suportam, sem conceitos não há racionalidade.

Quando os cientistas se referem a conceitos como a espécie, ou a vida, fazem questão de começar por definir o que entendem e em que sentido vão utilizar esses conceitos. Desenham depois os seus modelos e tiram conclusões que só são válidas para as variáveis estudadas e em circunstâncias específicas. Podemos ou devemos tirar daí conclusões práticas que — ‹‹ganhem um carácter prescritivo e se transformem em "políticas" que, de um modo ou de outro, sejam impostas à comunidade›› (PA). A minha resposta é a seguinte: com certeza que devemos, agora impô-las à comunidade não.

Todo o conhecimento médico é gerado com recurso ao método científico. Os resultados valem o que valem, permitem chegar a conclusões e recomendar determinados tratamentos. O que não permitem é um grau de rigor impositivo. Lembram-se da epidemia da Gripe A, a medicina chegou a conclusões válidas. Daí a recomendações políticas que obrigassem toda a população a ser vacinada é que vai um passo de gigante.

O PA, neste aspecto tem razão, a maior parte dos estudos científicos, pelo menos na área das ciências sociais, não pode traduzir-se em políticas. O dinheiro existe? E a espécie? E a existência? Claro que existem, na matriz cultural, no nosso espírito.

Padrão - Teorema da Regressão

Fonte: Study Guide to The Theory of Money and Credit - Mises, por Robert P. Murphy, pdf

 Regression Theorem: 

Mises’s argument that the current purchasing power of money is influenced by people’s memory of yesterday’s purchasing power. The causality is traced back in time, until the point at which the money good was valued as a regular commodity in direct exchange. 

Importante porque explica também como pode uma moeda imaterial ter lugar: resultando da transição de uma anterior já aceite, usada e valorizada como moeda (não que algum acto compulsório não tenha de ter lugar em algum ponto).

-------------

Alguns conceitos (em estrangeiro):

Medium of exchange: A good that is accepted in exchange, with the intention of trading it away to acquire something else in the future.

 Money: A medium of exchange that is generally accepted in the community.

 Money Neither a Production Good nor a Consumption Good.

Objective exchange value of money: The possibility of obtaining a certain quantity of other goods in exchange for a unit of money.

Commodity money is a common medium of exchange that is also an economic good in its own right. For example, gold, sil- ver, and even tobacco have historically been used as money, and yet people also valued and traded these commodities for other reasons.

Fiat money is accepted as a common medium of exchange not because of its technological properties, but because of a special legal designation provided by the appropriate authority. For exam- ple, in the current United States “green rectangular pieces of paper” become money when certain ink patterns are placed on them.

Money certificates: Money substitutes that are fully backed by money (in the narrower sense). 

Fiduciary media: Money substitutes issued over and above the money (in the narrower sense) held in the redemption fund. Fiduciary media are “unbacked.”

Commodity Credit: A loan granted through the renunciation of the use of present goods by the lender.

Commodity credit may involve money certificates but not fiduciary media.

Circulation Credit: A loan granted even though the lender does not sacrifice the use of present goods. Circulation credit involves the use of fiduciary media.

Credit money occurs when a claim on a physical or legal person, falling due in the future, is itself used as a medium of exchange.

 Loan banking: Banking through the use of commodity credit, where the bank receives loans from
one group of savers in order to itself make loans to another group of borrowers. The savers do not consider this money as part of their cash balances during the term of the loan to the bank.

 Deposit banking: Banking through the use of circulation credit, where the bank receives deposits into current accounts from one group of clients in order to make loans to another group of borrowers. The depositors consider this money to be part of their cash balances, even though much of it has been lent out to others. In modern times, one of the major controversies within the Austrian School concerns the legitimacy of fractional reserve banking. Some Austrians follow Murray Roth- bard who argued that bank issuance of fiduciary media leads to the boom-bust cycle and is inherently fraudu- lent—akin to a warehouse manager renting out the goods that were supposedly placed with him for safekeeping. Other Austrians such as George Selgin and Steve Hor- witz call their position “free banking” and believe that there is no reason for banks to necessarily keep 100% per- cent reserves of money in the narrower sense, in order to fully cover all outstanding customer deposits. The free bankers argue that market forces will determine the proper ratio of money certificates to fiduciary media in a competitive banking system. (Virtually all modern Austrians agree that government-
sponsored central banking and fiat currency are both economically destructive and morally illegitimate. The dispute concerns the proper practice of private banks operating in a laissez-faire environment.)


Padrão-Deus


O shilling da Somália é um caso notável. A moeda está efectivamente sem Banco Central há alguns anos, não tendo, portanto, qualquer tipo de reservas que a sustentem (ouro, dívida ou moeda estrangeira). Além de não ter reservas, também não existe qualquer enforcement do monopólio da emissão por parte do estado, sendo as falsificações recorrentes. Apesar disso, a velocidade de impressão dos falsificadores tem sido inferior à dos bancos centrais oficiais, levando a que o seu valor tenha aumentado nos últimos anos. O gráfico em baixo representa a evolução desse valor em relação ao dólar:



Segundo a Economist, o shilling consegue manter-se como meio de troca preferencial na Somália (em conjunto com o dólar) porque já faz parte do tecido social e ninguém se arrisca a recusá-lo. Sendo literalmente um papel impresso sem qualquer valor, nem reservas que o sustentam, e não havendo qualquer coerção estatal para o seu uso, é um milagre que o shilling continue a ser moeda de uso corrente na Somália. Roubando a expressão ao professor: Deus está no shilling.