21 julho 2013

Três teses renascentistas para a esquerda

No Público de hoje, Francisco Louçã desenvolve três teses que considera fecundas (chama-lhes renascentistas) para a esquerda.

  1. A finança-sombra subjuga a economia que subjuga a democracia.
  2. Na Europa é preciso o primeiro Governo de esquerda que comece a romper o círculo vicioso da subjugação à finança.
  3. O Governo de esquerda (refere-se a Portugal) não se fará com os comprometidos da Troika e exige um novo mapa político.

Julgo que a tese segunda e a terceira, de natureza mais estratégica, são consequências da primeira e, portanto, limito-me à análise desta.

Ora afirma Louça, em defesa da sua tese primeira:

‹‹Há dois meses, o valor do mercado de derivados não regulados ultrapassou um quadrilião de dólares. Duplicou desde o início da recessão e é mais de 16 vezes o PIB mundial. É capital fictício, evidentemente, mas é capital – ou seja, o seu valor é garantido por salários, pensões e impostos, através do controlo implacável da dívida pública. Esvaziado, o Estado deixa de repartir bens públicos porque é uma agência de finança...››.

A minha primeira observação é que nem todos os derivados me parecem representar capital, embora possam ter por base ativos financeiros. Por serem contratos especulativos, são uma espécie de jogo de soma zero em que os lucros de uns correspondem a prejuízos de outros mas nenhum valor é criado.

Pensem nos contratos de SWAP de que tanto se tem falado. Houve quem perdesse – as empresas públicas, e houve quem ganhasse – os bancos, mas não se criou valor. Apenas se geriram riscos financeiros passando a bola de uns para os outros, o tal jogo de soma zero.

Assim sendo, não existe esse “capital fictício”, decorrente dos produtos derivados, de que fala o Francisco Louça. Isto não quer dizer, porém, que não existam graves problemas no sistema financeiro.

Se uma entidade bancária apostar em derivados de alto risco e perder milhões, no atual sistema, o Estado pode ser chamado ao resgate dessa entidade e isto não deve poder continuar a acontecer.

Penso que está aqui um princípio que eu subscreveria: os bancos que entrem em falência técnica não devem ser resgatados pelos contribuintes.

Outro aspecto que não é abordado no artigo é a verdadeira origem do tal “capital fictício” que melhor seria ser designado por “fiat money”. Será que a esquerda gostaria de regressar ao padrão ouro, como defende Ron Paul? Ficaria boquiaberto.

Em conclusão, a tese primeira de Louça falha o alvo e não acerta na causa das causas do “capital fictício”. Logo, as duas teses seguintes, dependentes logicamente da primeira, ficam arrumadas.

4 comentários:

Anónimo disse...

Caro CN,

Talvez queira pegar nesta questão levantada pelo Louça...
Os derivados criam capital fictício?
Qual a origem do capital fictício?
Quererá a esquerda acabar com o fiat money?

Ricciardi disse...

Bem, olhe, eu por acaso sou daqueles que pensa que os derivados, nomeadamente a criação de um mercado de futuros sobre produtos agrícolas em Portugal, poderia contribuir para um planeamento mais eficaz da
produção agrícola e até motivar e fazer crescer este sector.
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Os beneficio dos derivados são imensos. A muitos níveis.
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Nada disto obsta, porém, que eu defenda que a banca comercial devesse estar absolutamente proibida de o fazer. Exactamente porque fá-lo com a massa dos clientes.
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Quanto ao jogo de soma nula. Pois é verdade... numa perspectiva de tesouraria ou dos fluxos do negócios em si mesmo. Mas se pensar nas externalidades positivas que os derivados potenciam, e que acima referi, facilmente compreenderá que os derivados geram ou possibilitam a execução dos negócios de forma mais segura.
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Os agricultores que lidam bem com estes produtos derivados(não existem em Portugal, mas existem muitos na Holanada, EUA etc) colhem frutos imensos com isto. Desde logo ao fazerem short hedging. E isso permite-lhes até negociar com os seus bancos financiamentos a novos investimentos dando como garantia a cobertura ora efectuada.
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É uma pena que em Portugal se utilize este mercado para a pura especulação financeira. É uma pena.
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Rb

Vivendi disse...

Bom post Joaquim.

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