12 julho 2013

independência

Estado e bancos em falência técnica e o regime diverte-se sustentado por credores estrangeiros a quem manda ir lixar-se.

José Miguel Júdice diz no Jornal de Negócios: "Era preciso um golpe de estado ou uma revolução que mudasse o sistema político português. Está a fazer a apologia de um novo golpe? “Estou, claro. As revoluções são sempre anti-constitucionais. Umas têm sucesso e reescrevem a História, outras não.”

Há uma caminho. Querida Troika, devolva-nos a nossa independência: mande-nos lixarmo-nos, isto é, às nossas elites, incluindo eu e todos nós. O que vier, nós teremos de aguentar. E quem pouco tem, pouco perde. Os sectores exportadores, turismo e a agricultura parecem não estar mau de todo. O resto, é que tem mais a perder, que se lixe por uns tempos. A necessidade aguça o engenho.

Não tem muito perdão não perceber que a dívida pública não é o problema até agora. Nenhuma dívida tem sido paga, pelo contrário, tem sido aumentada para sustentar uma estrutura económica pública versus privada insustentável, mas que muitos jurariam ainda não chegar. É preciso mais, parecem dizer. Mas a parte da recessão que dramaticamente tem eliminado actividade económica directa e indirecta dependente do OE, ou que estava assente na anterior bolha económica, é benigna. Tem de se passar por ela.

Os mais desrespeitados têm sido os desempregados. E os pequenos e médios empresários. As suas falências não contam. As do círculo são sempre publicitadas e algumas evitadas por protecção. Já os desempregados não podem fazer greves para proteger a totalidade do seu salário porque o perderam na sua totalidade, nem têm o Tribunal Constitucional para os defender, dado que "equitativo" é proteger a totalidade do rendimento de quem tem trabalho, já de si, protegido. Os desempregados são sim usados como argumento para se defender "políticas de crescimento" cuja tradução é: défice financiado pelos credores. Mas a queda de salários pode ser necessária para dar mais emprego a todos. De resto, em alguns sectores estarão mesmo a baixar, ainda que pelo penoso e mais lento processo de despedimento e contratação. Alguns argumentos para a saída do € são relevantes. Os salários nominais estão impedidos de baixar, mas se for por via cambial de uma moeda desvalorizada já sim, e parece que poderá contribuir definitivamente para o emprego.

Tal como um salário mínimo fixado na metrópole política prejudica em muito quem tem um rendimento per capita na sua metade. Basta imaginar o que se passaria mesmo em Lisboa, se o salário mínimo fosse fixado no dobro, tipo 900 Euros, que pouco afectará países com o dobro do rendimento da Grande Lisboa. Que argumentos podem inventar para concluir que proibir alguém de aceitar/oferecer um emprego por 850 Euros seria algo justo? Justo para quem? A justiça passa por proibir as pessoas de acesso a trabalho em zonas (em termos relativos) mais carenciadas, necessitadas de micro-empregos e micro-negócios (e que um dia podem vir a ser bem mais do que isso)? Isso não é igualdade de oportunidades.

Também não tem muito perdão que se pretenda esconder que a estrutura do sistema de pensões de reforma está a ganhar um peso impossível de carregar. Várias figuras políticas chegam a sugerir que não, apesar da tributação de cerca de 28% sobre o produto do trabalho não conseguir pagar cerca de 60% das reformas actuais, e o restante depender do engano de transferências do OE. Quanto mais as pensões futuras, onde a evolução demográfica indica suicídio colectivo. Equiparar um sistema colectivista a um contrato privado, ou até como "mais que um contrato privado" tem a sua piada. O comunismo é mais consistente. Para não falar na evidência histórica de todos os regimes monetários e políticos passarem cronicamente por situações de falência, por vezes, várias vezes por século.

A verdade é que compensa cada vez mais pertencer à crescente maioria receptora do OE que a crescente minoria contribuidora líquida do OE. Para começar, parece já ter a maioria dos votos, e quem tem maioria tem "toda a legitimidade".

Precisamos de independência para nos refocarmos. Mesmo (ou será, para?) com estado e bancos em falência. Uma coisa está assegurada: os regimes passam mas os municípios ficam. E o que vier virá. Implica sair da UE? Não sei. Do €? de quem quiser. O Panamá não tem moeda nem Banco Central com essas funções.

Mas não é isso que o centro político fará ou pelo menos tentará, cederá mais uns pedaços de soberania (nota: a moeda não é um pedaço de soberania, a moeda é um instrumento económico que facilita trocas voluntárias, só o estatismo a transforma num problema de soberania), perpetuar a ideia que o poder local depende absolutamente de si, ao mesmo tempo que finge desprezar a mão externa que o sustenta.

Mas precisamos é de independência, local antes de nacional. Quando se tem muitas dúvidas volta-se a casa. A nossa pátria é a terrinha, não é o "orçamento de estado" disputado por ideologias e doutrinas.

PS: Quem sabe se possa adoptar o regime de monarquia-semi-absoluta-demo-constitucional-católica-com-direito-de-secessão do Liechtestein? Talvez uns quantos municípios, individualmente o possam vir a desejar, não de forma simultânea, deixemos a doença do conceito de nacionalismo republicano de lado. Esses podem reunir-se num município só deles, por exemplo, nas Berlengas. E isto, no longo prazo, dá muitas voltas.

4 comentários:

Ricciardi disse...

Há, no entanto, uma coisa que não percebo. Se este governo tem credibilidade, externa, como afiança; se os resultados das políticas levadas a cabo são positivas, como propalam, então, raios, porque carga de agua precisa o governo, que tem maioria parlamentar, do apoio do PS?
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Se as metas tivessem sido cumpridas, em Julho de 2014, a troika sairia e, enfim, a normalidade democrática seria reposta.
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Então, porque é que o governo pretende o acordo do PS?
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É evidente. O governo já percebeu que será necessário um 2º resgate. Só mesmo a necessidade de haver um 2º resgate é que justifica a necessidade em obter acordo com o PS.
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Ora, se é preciso um 2º resgate, o governo devia dizer abertamente isso. E acabava-de imediato se esta novela.
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Rb

Vivendi disse...

O regime é uma palhaçada

PS está disponível para dialogar mas recusa solução sem eleições.

As ordens do comando central socialista (Mário Soares, Almeida dos Santos, Socráticos Costados,...) devem ter sido claras ao inSeguro, não e não...

O pote a dividir por três também pouco rende, a republiqueta está falida mas o que ainda importa para os partidos, antes de tudo mais, é a gamela que se pode dividir com os amigos.

Cavaco, provocou mais instabilidade há já difícil situação que Portugal atravessava. Total falta de sentido de estado. Bastaria ter feito uma consulta rápida e informal para saber quais as verdadeiras intenções de cada partido, mas para ele era pouco protagonismo, e lá teve que submeter o país ao imbróglio e ao escárnio internacional.

Como se não bastasse, as intenções mais que previsíveis de cada partido foram descortinadas em apenas um dia mas o país e os credores internacionais ainda vão ter de aguentar o desenlace presidencial e esperar por uma "personalidade de reconhecido prestígio" para promover o diálogo.

Governar um país não é andar por aí a fazer novelas, Não é deixar toda uma sociedade em risco e desprotegida, Governar é fazer o que for preciso para colocar o país nos eixos e defender o interesse que proteja o maior número possível de portugueses.

Os portugueses estão primeiro, não os partidos. Mas nesta III republiqueta os interesses das minorias foram sempre superiores aos interesses da maioria.

Esta república é um autêntico circo, sem ponta por onde se lhe pegue, e como tal só merece isto, implodir. Mais vale implodir um regime do que acabar com uma nação implodida.

Portugal tem 870 anos de história, cambada de palhaços!

Ricciardi disse...

«A solução certa para o ciclo económico não é para ser encontrada na abolição dos booms e manter-nos permanentemente numa meia-recessão; mas na supressão das recessões e assim manter-nos permanentemente num quasi-boom»
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Eu aprecio gajos pragmaticos. Num qualquer blog (insurgente, parece-me) li que o pessoal tinha de sofrer muito para debelar a crise.
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E até foi mais longe. Disse o autor que um fumador só deixa de fumar quando tem um AVC. A ameaça de doença cura o vicio. Portanto, quando bate no fundo e corre riscos de vida é que é motivado a deixar de fumar.
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Ora bem, os Austerianos Radicais, liberais todos eles, que defendem este absurdo, acham que para deixarmos de fumar temos de ter um AVC.
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Os Austerianos advogam, pois, a indução de um AVC para deixar o vicio.
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O mesmo é dizer que a cura para os males económicos se faz introduzindo uma bacteria maligna no sistema. A doença provocada gerará, assim, segundo eles, a cura da maleita.
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Eu, enfim, até percebo a lógica da vacina. Um bocadinho do virus mortos, em doses muito diluidas, suscitam reforço das desfesas do corpo.
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Mas porra, já não percebo que se injecte o pessoal com virus vivinhos e em doses industriais. O gajo morre. Ai morre morre.
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Rb

Euro2cent disse...

> José Miguel Júdice diz no Jornal de Negócios:

Esse é uma daquelas víboras espertas e com bom faro. Tenta encostar-se ao que lhe cheire que vai vingar.

Felizmente, o caracter é-lhe demasiado transparente, e inspira uma saudável repugnância instintiva a quem não seja cego e surdo.

Aliás, isso acontece-lhe regularmente - ainda há uns anos se arrimou ao PS, fazendo uns fretes, e só levou promessas falsas em troca. Antes tinha-se chegado à frente para candidato a PR do PSD, e nem aí lhe pegaram.