29 julho 2011

Sapateiro não aguenta a pressão

Espanha vai às urnas a 20 de Novembro.

a bestialidade

Tando estabelecido qual é, no meu julgamento, a maior qualidade e o maior defeito do povo português (generalizável, com maior ou menor intensidade, a todos os povos de cultura católica: brasileiros, espanhóis, italianos, argentinos, etc.) é altura de responder à mesma questão em relação aos povos de cultura protestante.


A sua maior qualidade está no intelecto - a racionalidade. O seu maior defeito está no coração - a bestialidade.


Este julgamento é generalizável a todos os povos de cultura protestante, com vários graus de intensidade, maior no protestantismo luterano (alemães, noruegueses, dinamarqueses, suecos, etc.) e menor no protestantismo anglicano (ingleses, americanos, canadianos, australianos, etc.).

Marshall McLuhan



No passado dia 21 celebrou-se o centenário do nascimento do sociólogo canadiano Marshall McLuhan, um homem que dedicou uma boa parte da sua vida a pensar, e a procurar prever, os efeitos da tecnologia na sociedade. Foi ele também que cunhou a célebre expressão que descreve o mundo moderno e tecnológico como uma Aldeia Global (The Global Village).
O evento mereceu um artigo no l'Osservatore Romano, porque McLuhan era católico, tendo-se convertido ao catolicismo depois de uma conversa com Chesterton em 1936.
O artigo chamou a minha atenção por uma descrição que lá é feita por Jacques Maritain acerca do que é um católico:

“Who knows if the key is not found in Maritain’s old idea that a Catholic must be anti-modern and ultra-modern at the same time, combining the two contradictory exhortations of St. Paul: that of not conforming to the mentality of this world, and that of being “all things to all men,” becoming Jewish with the Jews, Gentile with the Gentiles, television-friendly with those who watch television.”

Um católico gosta de televisão quando está entre pessoas que vêem televisão e abomina a televisão quando está entre pessoas que detestam a televisão. Ele é chinês na China, judeu em Israel, muçulmano no Irão.Intelectualmente, ele é tudo e o seu contrário. Desde que agrade a quem está com ele. Ele é simpático, a sua única caraterística permanente.

o seu maior defeito

Eu cheguei recentemente a uma conclusão que procurava há anos e que, quase de certeza, já não vou modificar. Os portugueses falam tanto de si próprios, e geralmente mal, que a minha questão era a seguinte: Qual é a maior qualidade, e qual é o maior defeito, do povo português?
(Refiro-me ao povo, em sentido estrito, e não à elite).

A resposta é a seguinte:

A maior qualidade do povo português está no coração - a sua bondade. O seu maior defeito está no intelecto - a sua bronquidão (cf. aqui)

Mas hoje não estou muito certo que o seu maior defeito não seja, afinal, também uma qualidade.

está noutro sítio

O Anders Breivik matou por ideologia. Um produto típico da cultura dele, que eu tenho referido aqui como o protestantismo germânico ou luterano. O manifesto que ele deixou na internet mostra um homem estudioso, meticuloso, articulado, racional. Cita familiarmente muitos autores modernos - Marx, Marcuse, Adorno, Burke, ... - e conhece as suas respectivas biografias. Todos os autores que cita, e são numerosos, pertencem à sua cultura - a protestante. Existe uma excepção, um ideólogo de cultura católica, porque a cultura católica - para ser verdadeiramente universal - tem de ter de tudo, imita tudo, por isso também há-de ter os seus ideólogos. Só que estes permanecem raridades, excepções, não fazem massa. Refiro-me a Antonio Gramsci.

O inimigo ideológico do Breivik é o "marxismo cultural" porque o "marxismo económico" ele considera-o morto pela experiência soviética. O "marxismo cultural" exprime-se através do socialismo-democrático, de que o Partido Trabalhista é o intérprete na Noruega (em Portugal, o alvo do Breivik seria, em primeiro lugar, o PS, seguido de perto pelo PSD).

O "marxismo cultural" manifesta-se através de várias políticas e atitudes culturais: o multiculturalismo, as ideologias do género, o relativismo cultural, o feminismo, a tolerância ao divórcio, ao aborto e à pornografia, a desvalorização da autoridade, etc. O islamismo merece particular atenção ao Breivik porque é a mais numerosa comunidade imigrante no Ocidente e, segundo ele, a mais perigosa, constituindo de longe a maior ameaça à civilização Ocidental.

Embora o seu inimigo principal, em termos ideológicos, seja Marx, Breivik, no essencial, comporta-se como um verdadeiro marxista. Tal como Marx, Breivik vê a sociedade como uma luta (o mesmo com Hitler: Mein Kampf, A Minha Luta). Para Marx era uma luta entre capitalista e proletários, para Breivik é uma luta entre inimigos e defensores da civilização Ocidental. Tal como Marx (ou Hitler), também para Breivik a luta só pode acabar com uma vitória total de uma das partes, aniquilando a outra. O recurso à violência - e à violência de massa, porque o inimigo é um inimigo de massas - torna-se inevitável. Tal como Marx (ou Hitler), Breivik publica um Manifesto. Nele, é identificado o inimigo, definidos os objectivos e as estratégias e é feito o apelo a uma guerra sem quartel, até ao esmagamento total.

Esta cultura a que o Breivik pertence mata por ideias. É uma cultura que acredita que a verdade está no intelecto, na razão humana (Kant). É uma cultura racionalista. É esta cultura que produz os intelectuais, e o Breivik é um intelectual, e um intelectual que vai ficar para a história. Não porque as ideias sejam originais, mas por aquilo que as ideias o levaram a fazer.

Então, mas a Verdade não está na razão humana, no intelecto? Não, não está. Só uma pequena parte está aí e é a parte mais superficial. A maior parte, e a mais profunda, está noutro sítio. Mas que Verdade é essa - a do intelecto ou da razão humana - que conduz directamente à morte em massa? Que verdade tinha Breivik para se comportar exactamente como Marx e Hitler, precisamente as duas figuras que ele mais abomina?

os bárbaros falam de nós

After living beyond its means for decades, Portugal is now feeling the full brunt of the crisis. The government is responding with a brutal austerity package. But savings alone won't do the trick -- the country needs to find ways to expand industry and make itself more attractive for investment. The good news is that positive models already exist within its own borders.

Der Spiegel

o André de Brites

Em Portugal é quase impossível aparecer um psicopata como o Anders Breivik, a liquidar, de uma assentada, 76 pessoas. A nossa cultura não propicia estes comportamentos.
Imaginemos uma espécie de clone tuga do Anders, o André de Brites. O nosso André é um psicopata certificado, com distúrbio delirante de grandeza. Vive isolado numa finca e acredita que Deus lhe confiou a missão de salvar Portugal de ser colonizado por imigrantes africanos.
O André, sendo um português de gema, nunca dedicaria horas a fio a estudar “o problema”. Analisaria o assunto pela rama, não planearia, confiaria no improviso, iria gabar-se das suas pretensões ainda antes de as executar e, por fim, estabeleceria objectivos mais modestos e, digamos, menos cansativos. Talvez matar uns 7 imigrantes, setenta e tal... daria muito trabalho.
O nosso André, porém, nem esse objectivo mais despretensioso iria conseguir realizar. Eu julgo que acabava por se envolver num confronto qualquer com um africano, pensava em liquidá-lo, erguia o punho mas acabava a gritar: segurem-me senão eu mato-o!
Após essa cena, os vizinhos passavam a trazê-lo debaixo de olho e as pretensões do André a um lugar na história iam ficar-se por aí. Ele seria a pessoa que quase tinha salvo Portugal.

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Cristas bane gravatas no Ministério - 15 de Julho

Dispensa de gravata entra amanhã em vigor - 30 de Julho


O estado a que isto chegou, 15 dias para tirar a gravata.

e nazismo tb não

"O fascismo não é possível em Portugal. Entre nós, não há homens sistematicamente violentos."
Salazar, citado por PA

28 julho 2011

nós não somos bárbaros

«Podemos ser preguiçosos, podemos não saber como nos governar, mas não matámos 6 milhões de judeus».
Boaventura Sousa Santos
Via Insurgente

Esta afirmação do BSS pode ser hiper, mega, giga, tona politicamente incorrecta, mas não é estúpida. A cultura portuguesa não é tão bárbara como a germânica.

para pensar

Deuteronómio 5:4-6

4 Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
5 Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.
6 E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.


Os textos sagrados reflectem a experiência e os valores universais da espécie humana. No Deuteronómio, "Deus alerta" para que os filhos sofrerão pelos pecados dos pais. Eu julgo que esta é uma verdade que não devemos ignorar.
Quando alguém se torna num assassino, por exemplo, os filhos, os netos e até os bisnetos sofrem as respectivas consequências. São olhados com suspeição e têm mais dificuldade em singrar.
Quem é que vai querer relacionar-se, por exemplo, com a família do Anders Breivik? Quem é que vai deixar de olhar para os noruegueses (a tribo do Anders) sem se lembrar da chacina do dia 25 de Julho?
Este reflexo é um verdadeiro instinto de defesa que faz parte da natureza humana. Estamos vivos porque os nossos antepassados souberam evitar pessoas problemáticas.

até a morte

A maior parte das pessoas que morreram na Ilha de Utoya, na Noruega, tinham entre 12 e 17 anos. Segundo o Público de hoje,

"... o Partido Trabalhista Norueguês, proprietário da Ilha desde os anos 1950, não a usa para férias. Todos os anos por esta altura recebe afiliados da juventude socialista (AUF) de toda a Noruega para um programa de seminários, workshops, debates, discursos, actividades e, sim, também lazer.
(...)
À tarde, um dos ícones do partido, a antiga primeira-ministra Gro Harlem Brundtland, vai discursar. «Ela costuma dizer que tudo está ligado a tudo em política», comenta Khamshajiny Guranatnam. O discurso que faz é «incrível», segundo ela." (p. 16).

O que é que leva um partido político a arregimentar crianças de 12 ou 15 anos, muito antes de elas atingirem a idade do entendimento? Fazer-lhes a cabeça, abusá-las espiritualmente.
Quanto à tese de que tudo está ligado a tudo em política é, de facto, uma tese impressionante. E verdadeira: até a morte. Não só tudo está ligado a tudo, como vale tudo, incluindo manipular espíritos infantis.

azul de tornesol

O verdadeiro teste do liberalismo governamental: a privatização da CGD. Ou pinta ou não pinta.

spooky

O antigo director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), Jorge Silva de Carvalho, confessou, em entrevista ao Diário de Notícias (DN), que que enviou emails do seu computador pessoal sobre algumas matérias referidas pelo semanário Expresso.
No entanto, todos eles, os emails tiveram uma justificação. Não existiu, assegura, qualquer violação do dever de sigilo, acrescentando que os serviços de informações não colaboram, por regra, com as empresas privadas mas há excepções.
Essa colaboração existe quando as empresas são estratégicas para o interesse do Estado. O antigo director das "secretas" garante, nesta entrevista, que fez tudo dentro da lei, de forma registada, documentada e com autorização superior.


PS: Presumo que numa situação de grande crise económica, todas as empresas são estratégicas para o interesse do Estado. Uma multinacional que decida encerrar e despedir umas centenas de trabalhadores, por exemplo, poderá ser alvo do interesse do SIED?
E quando duas empresas concorrentes, estratégicas para os interesses do Estado, solicitam a colaboração do SIED? E a CMVM tem de ser informada?
Que grande trapalhada.

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Director do fisco da Madeira criou off-shore.

Ex-director do SIED assume envio de emails para a Ongoing.

27 julho 2011

agora a França

Défice - 3,8 em 2012
Dívida - 87,2% do PIB

Segunda maior economia da zona Euro, também, em situação delicada.

a verdade católica

Se este tipo tivesse tido um pai em casa nada disto tinha acontecido:

Breivik was born in London, on 13 February 1979.[27][28] His father, Jens Breivik, is a Siviløkonom (Norwegian professional title, literally "civil economist"), who worked as a diplomat for the Royal Norwegian Embassy in London and later Paris. Breivik’s parents divorced when he was one year old.[29] His father later married a diplomat, Tove Øvermo; they divorced when the younger Breivik was 12. His mother also remarried, to a Norwegian army officer.[30]

Both his natural parents are said to hold left-of-centre political views. Breivik wrote that his parents supported the policies of the Norwegian Labour Party and that his mother was a moderate feminist. He wrote: "I do not approve of the super-liberal, matriarchal upbringing as it completely lacked discipline and has contributed to feminising me to a certain degree."[31] (aqui)

PS. Joaquim, rui a.: Eu não vos dizia, no Domingo, no meio da leitoada?

um psicopata

Breivik não é um norueguês ou um conservador ou um enigma. É um psicopata. É incurável. Não é um doente mental. Tem uma personalidade defeituosa, incapaz de empatia. É um desalmado.
Miguel Esteves Cardoso, hoje no Público

Se bem interpreto o texto de hoje do MEC, no Público, o que o autor nos pretende transmitir é que o Sr. Breivik é completamente responsável pelos seus actos e que não pode alegar insanidade mental como desculpa.
Estou de acordo, embora a psicopatia seja considerada um distúrbio mental nos tratados de psiquiatria.

é só garganta

Os bancos são entidades especiais. O BPI, por exemplo, com um capital de 2.800 M€ controla activos de 26.060 M€. Isto significa que pequenos solavancos macroeconómicos podem atirar um banco para a insolvência, com toda a facilidade.
A tutela dos bancos centrais destina-se, precisamente, a prevenir situações complicadas que iriam sair caras aos contribuintes. Surpreende, portanto, o dislate dos responsáveis pela banca, com declarações que desafiam e até desrespeitam a supervisão.

desbocado

Fernando Ulrich voltou hoje a criticar o programa da troika para a banca portuguesa, entrando em dissonância com as declarações do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, que tem apelado aos bancos portugueses para venderem activos.
“Ficaria chocado se Portugal seguisse um caminho em que os bancos portugueses fossem obrigados a vender as operações resultantes do seu processo de internacionalização”, afirmou Ulrich na apresentação de resultados do banco.
“Penso que não é necessário em qualquer banco português” proceder à venda desses activos, afirmou Ulrich, quando questionado se os planos de desalavancagem poderiam levar o BPI a vender a maioria do capital da operação em Angola
O presidente do BPI aproveitou a conferência de imprensa para reiterar críticas ao programa da troika.


JN

Como é que um banqueiro bancário vem para a praça pública criticar o governador do Banco de Portugal?

desmesura

A palavra "ganância" pode ter sido expulsa da linguagem económica, mas continua a existir na velha linguagem da moral, que condena os excessos e a desmesura, os avarentos como os pródigos, os cobardes como os temerários. Mas o que caracterizará melhor a modernidade que a desmesura? Desmesura da população, da produção, do lixo. No cinema, nos videojogos, na música, desmesura dos efeitos especiais; desmesura nos concertos rock, na noite, no consumo de drogas, nas máfias que em todo o mundo dominam sectores inteiros da economia. Desmesura nas despesas do Estado, para fins militares ou para todos os que solicitam subsídios injustificados, reformas aos 30 anos e privilégios para políticos de todos os tipos, mesmo que isso obrigue os países a acumular dívidas imensas.

Francesco Alberoni

stiglitz tá indignado, pá

Stigliz aos seus discípulos: indignai.vos, pá!

26 julho 2011

Os católicos rezam ou oram a Deus

A propósito deste post, recebi o seguinte email de um amigo. O email tem o título "Quem é que pode falar com Deus?" C

Caro Prof. Pedro Arroja,

Quem diz que fala com Deus faz lembrar os loucos que se julgam Napoleão.

O criminoso de Oslo disse ter falado com Deus, como quem tomou com ele cerveja. Nesse sentido percebe-se o seu post:

Os protestantes falam com Deus. Nós, católicos, é que não fazemos isso. Nós falamos com o padre, e o padre é que fala com Deus.

A ideia protestante de pôr a populaça a falar com Deus dá este resultado - Deus passa a ser assim uma espécie de buddy ou amigalhaço com quem nós conversamos de vez em quando.

A diferença entre o Protestantismo e o Catolicismo nesta matéria ajuda também a compreender porque é que este tipo de crime, sobretudo perpetrado por um homem que se reivindica cristão, seria impossível num país católico. É que num país católico ele iria explicar ao padre, não directamente a Deus. E o padre iria fazer saber aos mais próximos, senão mesmo à polícia, que aquele irmão estava perturbado e a precisar de ajuda urgente.

É, de facto, muito necessário prevenir formas falsas ou fraudulentas de oração. O protestantismo apostou no exame livre e pessoal da Escritura e tornou o critério subjectivo o grande ponto de partida da oração, arriscando tornar a oração num mero delírio auto-centrado. Um dos "must" do cristianismo (leia-se catolicismo) é os homens poderem falar mesmo com Deus. Os homens falaram com Deus feito homem: Jesus Cristo era mesmo Deus e falava mesmo com os homens, das coisas grandes e das triviais. Os homens falam com Deus dirigindo-se a Ele, com ou sem fórmulas.

Bento XVI escreve na Spe Salvi:

Quando já ninguém me escuta, Deus ainda me ouve. Quando já não posso falar com ninguém, nem invocar mais ninguém, a Deus sempre posso falar.

Falar com Deus é uma arte para ser aprendida, nem toda a aparência de oração é oração. Ainda a Spe Salvi:

O modo correcto de rezar é um processo de purificação interior que nos torna aptos para Deus e, precisamente desta forma, aptos também para os homens.

Na oração, o homem deve aprender o que verdadeiramente pode pedir a Deus, o que é digno de Deus. Deve aprender que não pode rezar contra o outro. Deve aprender que não pode pedir as coisas superficiais e cómodas que de momento deseja – a pequena esperança equivocada que o leva para longe de Deus.

Deve purificar os seus desejos e as suas esperanças. Deve livrar-se das mentiras secretas com que se engana a si próprio: Deus perscruta-as, e o contacto com Deus obriga o homem a reconhecê-las também.

Algumas das ferramentas que garantem que a oração é autêntica oração (mais da Spe Salvi):

Para que a oração desenvolva esta força purificadora, deve, por um lado, ser muito pessoal, um confronto do meu eu com Deus, com o Deus vivo; mas, por outro, deve ser incessantemente guiada e iluminada pelas grandes orações da Igreja e dos santos, pela oração litúrgica, na qual o Senhor nos ensina continuamente a rezar de modo justo.

Na oração, deve haver sempre este entrelaçamento de oração pública e oração pessoal. Assim podemos falar a Deus, assim Deus fala a nós. Deste modo, realizam-se em nós as purificações, mediante as quais nos tornamos capazes de Deus e idóneos ao serviço dos homens.

Como se vê, a intermediação da Igreja é mesmo necessária, e o seu post reflecte essa intuição. Num discurso em Maio passado, disse ainda Bento XVI:

Como nunca deixou de fazer, ainda hoje a Igreja continua a recomendar a prática da direcção espiritual, não apenas a quantos desejam seguir o Senhor de perto, mas a todos os cristãos que quiserem viver com responsabilidade o próprio Baptismo, ou seja, a vida nova em Cristo.

Com efeito, cada um e de modo particular quantos responderam ao chamamento divino e a uma sequela mais próxima, têm necessidade de ser acompanhados pessoalmente por um guia seguro na doutrina e perito nas realidades de Deus; ele pode ajudar a evitar fáceis subjectivismos, pondo à disposição a própria bagagem de conhecimentos e experiências vividos no seguimento de Jesus.

Trata-se de instaurar esta mesma relação pessoal que o Senhor mantinha com os seus discípulos, aquele vínculo especial com o qual Ele os conduziu, atrás de si, a abraçar a vontade do Pai (cf. Lc 22, 42), ou seja, a abraçar a cruz.

Desde Junho, às 4ªs feiras, Bento XVI iniciou um ciclo de discursos sobre a oração. Num deles falou dos Salmos como guia para que a oração seja mesmo conversa com Deus:

Os Salmos são dados ao fiel precisamente como texto de oração, que tem como única finalidade tornar-se a oração daqueles que os assumem e com eles se dirigem a Deus. Dado que são uma Palavra de Deus, quem recita os Salmos fala a Deus com as palavras que o próprio Deus nos concedeu, dirige-se a Ele com as palavras que Ele mesmo nos doa. Deste modo, recitando os Salmos aprendemos a rezar. Eles constituem uma escola de oração.

Eles são-nos doados para que aprendamos a dirigir-nos a Deus, a comunicarmos com Ele, a falar-lhe de nós com as suas palavras, a encontrar uma linguagem para o encontro com Deus. E, através de tais palavras, será possível também conhecer e aceitar os critérios do seu agir, aproximar-se ao mistério dos seus pensamentos e dos seus caminhos.

Do mesmo modo como as nossas palavras não são apenas palavras, mas ensinam-nos um mundo real e conceitual, assim também estas preces mostram-nos o Coração de Deus, pelo que não só podemos falar com Deus, mas podemos aprender quem é Deus e, aprendendo a falar com Ele, aprendemos como ser homens, como sermos nós mesmos.

A oração pode ser um processo difícil mas é indispensável. João Paulo II alertou:

Mas seria errado pensar que o comum dos cristãos possa contentar-se com uma oração superficial, incapaz de encher a sua vida.

Sobretudo perante as numerosas provas que o mundo actual põe à fé, eles seriam não apenas cristãos medíocres, mas « cristãos em perigo »: com a sua fé cada vez mais debilitada, correriam o risco de acabar cedendo ao fascínio de sucedâneos, aceitando propostas religiosas alternativas e acomodando-se até às formas mais extravagantes de superstição.

Por isso, é preciso que a educação para a oração se torne de qualquer modo um ponto qualificativo de toda a programação pastoral.

Um abraço

"Eles olham-nos de cima"

Este fim-de-semana estive a conversar com uma jovem portuguesa de 26 anos que está a fazer um mestrado em Copenhaga, na Dinamarca. Começámos por falar da Universidade e ela disse tudo aquilo que eu esperava. Era tudo muito bem organizado, e os estudos eram levados muito a sério.

Levei depois a conversa para o campo que mais me interessava, perguntando-lhe: "E gostaria de ficar lá a viver?" Ela sorriu e abanou negativamente a cabeça. Ainda não tinha conseguido fazer um único amigo dinamarquês,"Eles olham-nos de cima...", acrescentou. Às quatro e meia já é de noite e cada um fica sozinho em sua casa, parece que já não há mais nada para fazer durante o dia. Contou-me a história daquele português que trabalha em Copenhaga e que há dias encontrou um colega de trabalho no Metro. O colega passou por ele e nem sequer lhe falou. E referiu-me também a história mais deliciosa de todas. Para encorajar as pessoas a falarem umas com as outras, o governo decretou recentemente que nos transportes públicos passariam a existir bancos especiais, aos pares, pintados de cores diferentes, onde só se poderiam sentar pessoas que fossem a falar umas com as outras. Pouco tempo depois revogou a medida, porque ninguém se sentava nesses bancos.

o grande problema



Imagine-se, ... este engraçadão ... a explicar coisas a Deus!

É preciso pretensão, isto sim, é alienação, explicar coisas a Deus, ainda por cima de política.

O problema - o grande problema - é que a alienação não é só dele. É de toda a cultura a que ele pertence - a cultura do protestantismo -, uma cultura que julga falar com Deus, onde qualquer homem julga que fala com Deus. Mas fala mesmo? Não, não fala. Está a delirar, para utilizar a terminologia do Joaquim.

O ponto é muito mais importante do que à primeira vista pode parecer. O Protestantismo atacou o Catlocismo sob o argumento de que este não era fiel às Escrituras. Quem tem razão neste ponto, quem é fiel às Escrituras, o Protestantismo ou o Catolicismo? Pode o povo - qualquer homem do povo - falar com Deus, como pretende o Protestantismo, ou isso é matéria reservada aos padres, como afirma o Catolicismo?

Lendo o Novo Testamento, o único homem que fala com Deus é Cristo. O povo, nenhum homem do povo, fala com Deus. O povo pede a Cristo muitos milagres e outros favores, e Este, intercedendo junto de Deus, muitas vezes lhos concede. Mas quem fala com Deus é Cristo, não o povo. O povo fala com Cristo que é um Homem (embora também, em parte, Deus).

Na realidade, Cristo, sendo filho de Deus, sendo Ele próprio, em parte, Deus, é o único Homem que tem acesso ao conhecimento e à privacidade de Deus e que, portanto, pode falar com Ele. Está, portanto, errada a tradição protestante. O povo não pode falar com Deus, só pode falar com homens (incluindo Cristo, o Homem). E está, portanto, certa a interpretação católica, que põe o povo a falar com homens - os padres - que são representações de Cristo. Estes, sim, enquanto forem representações fieis de Cristo, é que podem falar com Deus. Mais ninguém.

uma opinião

How does a man in one of the most peaceful societies in the world come to the conclusion that shooting a large number of people unknown to him is to serve the cause of his country?
Several ingredients must be in the witch’s brew of Anders Breivik’s mind.
First is resentment; second, self-importance; third, the desire for fame or notoriety; fourth, the search for a transcendent meaning to life, and fifth, a difficulty in forming ordinary human relationships, whether of love or friendship.
A final precondition is an above-average level of intelligence, for this is necessary in order to rationalise the commission of a deed that would otherwise be repugnant.

Resentment arises when you are not treated or rewarded as you think you deserve to be. Your merits, whether by virtue of birth or accomplishment, go unrecognised. You are therefore a victim of injustice. By definition you can do no wrong when you try to right them.
Self-importance prevents you from putting the wrongs you think you have suffered into any kind of perspective.
You do not see that, by the standards of most people, you have suffered little. You cannot see the difference between mere inconvenience or distaste and severe oppression.
In a world in which celebrity seems so important, obscurity is felt by many as a wound to their ego. Why should others be famous and not me?
If you cannot achieve celebrity by force of talent, then you can do so by means of murder – witness the Crossbow Cannibal.
A wider cause gives meaning and purpose to your life, and persuades you that your resentment, your anger, is not petty or personal, but something much grander. Breivik thought that by acting on his personal resentments he was a saviour of Europe; he might just as well have been an animal rights activist as a nationalist. His monomania relieved his inner emptiness.
A difficulty in forming normal human relationships is another cause for resentment of a man like Breivik, and of yet another wound to his ego. It has to be compensated for somehow, and producing an event of historic importance is one way to do it.
A man must be intelligent to act like Breivik – for he needs not only to plan and execute his “historic” deed, but to be able to weave a coherent, if paranoid and ultimately stupid, justification for it.
The pity for others of a mass killer like Breivik is nil; for himself, infinite.


Dr Theodore Dalrymple

25 julho 2011

a favor do direito de porte de armas

Se a Noruega reconhecesse o direito de porte de armas, a chacina de sexta-feira dificilmente teria ocorrido com aquela dimensão, porque alguém estaria armado na ilha de Utoeya e ofereceria resistência ao criminoso. Refiro-me a vigilantes, seguranças e até simples cidadãos.
Quando este direito não é reconhecido, os cidadãos ficam indefesos, à mercê de criminosos. Criminosos que nunca têm qualquer dificuldade em deitar a mão às armas que pretendem.

um elemento importante do delírio

Todos estão errados e só o próprio é que está na posse da verdade.

Manifestação, hoje, em Oslo.

I explained to God...

O Anders Breivik pode muito bem ser um alienado e entrar em delírio - não sei -, mas não pela razão que o Joaquim indica aqui - a de que fala com Deus. Porque falar com Deus é o bread and butter do Protestantismo. Os protestantes falam com Deus. Nós, católicos, é que não fazemos isso. Nós falamos com o padre, e o padre é que fala com Deus.

A ideia protestante de pôr a populaça a falar com Deus dá este resultado - Deus passa a ser assim uma espécie de buddy ou amigalhaço com quem nós conversamos de vez em quando:

I prayed for the first time in a very long time today. I explained to God that unless he wanted the Marxist-Islamic alliance and the certain Islamic takeover of Europe to completely annihilate European Christendom within the next hundred years he must ensure that the warriors fighting for the preservation of European Christendom prevail. (aqui)

Na sua oração, ele não foi pedir perdão a Deus por aquilo que ia fazer. Ele foi explicar a Deus...

A diferença entre o Protestantismo e o Catolicismo nesta matéria ajuda também a compreender porque é que este tipo de crime, sobretudo perpetrado por um homem que se reivindica cristão, seria impossível num país católico. É que num país católico ele iria explicar ao padre, não directamente a Deus. E o padre iria fazer saber aos mais próximos, senão mesmo à polícia, que aquele irmão estava perturbado e a precisar de ajuda urgente.

un protestante

"Un fondamentalista è un protestante..."

contente

Reparem como este alienado parece contente. A indiferença emocional é outro elemento das doenças mentais.

grotesco

Figures seen by the Daily Mail show that 155 ‘admixed’ embryos, containing both human and animal genetic material, have been created since the introduction of the 2008 Human Fertilisation Embryology Act.
This legalised the creation of a variety of hybrids, including an animal egg fertilised by a human sperm; ‘cybrids’, in which a human nucleus is implanted into an animal cell; and ‘chimeras’, in which human cells are mixed with animal embryos.


Mailonline

quaisquer razões servem

No seu delírio psicótico, os doentes mentais confabulam sobre os assuntos mais diversos, em particular sobre os que estão relacionados com possíveis catástrofes. Muitas vezes, o doente mental assume o papel de profeta, Messias e até de salvador do mundo. No momento actual, temas como a islamização da Europa, o aquecimento global, o excesso de população ou a libertinagem sexual, são tudo assuntos que podem focar a atenção de um psicótico e desencadear um morticínio, como o que aconteceu na Noruega.
É muito difícil prevenir estes incidentes. Uma sugestão que eu deixo é que evitemos os catastrofismos milenaristas que deixam toda a gente stressada e os doentes mentais descontrolados.

três garrafas

Enquanto pagava a conta num restaurante de Estocolmo, em que um simples copo de vinho tinto me tinha custado 15 euros (mais Moms - taxas de serviço - de 23%), eu sorri para o empregado e disse: "Eh, eh, lá no meu país por este preço eu comprava três garrafas...".

punição de Deus

Eu penso que os atentados de Oslo terão uma efeito muito mais pronunciado e duradouro na sociedade ocidental do que tiveram os atentados de Nova Iorque, há dez anos. A diferença é que eles agora foram perpetrados por um insider, ainda por cima um homem nascido e crescido naquele que é considerado o país mais desenvolvido do mundo - a Noruega.

Os atentados de Nova Iorque foram cometidos por outsiders à cultura Ocidental, em nome de valores que nem sempre eram imediatamente entendíveis por esta cultura. Agora é diferente. O autor dos atentados deixou escritas uma série de críticas de natureza política, religiosa e filosófica à própria cultura prevalecente no Ocidente.

O terramoto de 1755 em Lisboa, com os milhares de mortos que produziu, ocorreu num momento em que a Igreja Católica estava sitiada pelos ataques do Iluminismo que resultara da Reforma Protestante dos séculos XVI e XVII. Portugal e a Espanha, na altura donos de dois respeitáveis Impérios coloniais, eram vistos no mundo como os bastiões do catolicismo. O terramoto atraiu na altura a atenção de vários filósofos (como Kant e Voltaire) e alguns viram no terramoto uma punição de Deus aos vícios do Catolicismo.

Os atentados de Oslo, dez anos depois dos de Nova Iorque, voltam agora o feitiço contra o feiticeiro. Aquilo que está em causa agora são os vícios do Protestantismo e das ideologias políticas - como o liberalismo, no caso dos EUA, e o socialismo, no caso da Noruega - que o Protestantismo produziu.

um doente mental

A leitura do diário de Anders Breivik revela elementos de possível doença mental. Delírio (Anders fala com Deus), obsessão-compulsão, adopção de rituais, dependência de drogas (?). Anders está obcecado com a Islamização da Europa que, no seu juízo(?), poderá ocorrer dentro de 100 anos.
Reparem como assina: "Andrew Berwick Justiciar Knight Commander, Knights Templar Europe, Knights Templar Norway".

Telegraph

caixas vs fios

24 julho 2011

não esteve lá

Tendo esta semana observado in loco o milagre da vida, fiquei especialmente chocado com a chacina de 6ª feira na Noruega. E mais chocado fiquei com o facto de o serial killer ser um norueguês de gema, como alguém lhe chamou, que agiu premeditadamente e suportado num racional qualquer que, ao render-se, disse querer explicar...como se aquilo que havia acabado de fazer tivesse alguma explicação ou justificação possível.

Ora, de tudo o que li acerca deste tal de Anders Breivik Behring, a informação que mais captou a minha atenção foi esta: "o pai, divorciado da mãe do suspeito desde o seu nascimento, disse que perdeu contacto com o filho desde 1995, quando este tinha 15 ou 16 anos". Enfim, ao ler aquilo, mesmo sabendo que a vida dá muitas voltas e que nem sempre nos corre de feição, recordei-me logo de uma coisa que o meu próprio Pai, uma vez quando o questionei acerca do papel paterno, me disse: "Ricardo, a função do Pai é simplesmente...estar lá". E, realmente, aquela coisa de querer explicar o inexplicável é reveladora: a uma mãe tudo se tenta explicar e quase tudo é desculpável, mas a um pai já não...

até votava

Ele até votava para a eleição das autoridades religiosas (da sua igreja luterana).
E você, imagina-se a votar para eleger o Papa?
Não, não se imagina, mas não fique penalizado(a) por isso.
Com uma probabilidade que, na minha opinião, ronda os 99.99%, você (posso ser eu, bem entendido), não tem julgamento para escolher um Papa.

back to the Catholic

267. I myself am a Protestant and baptized / confirmed to me by my own free will when I was 15
268.
269. But today's Protestant church is a joke. Priests in jeans who march for Palestine and churches that look like the minimalist shopping centers. I am a supporter of an indirect collective conversion of the Protestant church back to the Catholic. In the meantime, I vote for the most conservative candidates in church elections.
270.
271. The only thing that can save the Protestant church is to go back to basics.
(cf. aqui)
Será isto que leva a imprensa internacional a qualificar o autor como um fundamentalista cristão? Parece que sim. Não descobri ainda outras menções religiosas nos escritos dele.

cultura universal

É claro que o multiculturalismo praticado na Noruega, e contra o qual o autor dos atentados se indigna, não é um multiculturalismo verdadeiro, é um simulacro de multiculturalismo. É um multiculturalismo interesseiro - o interesse é sobretudo económico - em que os noruegueses permitem a outras culturas (árabes, chineses, portugueses, etc.) viverem no seu país, mas de maneira segregada, e sem que os noruegueses se misturem com elas. Pelo contrário, ficam numa posição de superioridade, que se transforma em medo quando o crescimento numérico de uma cultura imigrante (v.g., a muçulmana) ameaça a superioridade da sua própria cultura.

Verdadeiro multiculturalismo é o católico, protagonizado por aquele que os portugueses praticam há séculos. Casam com outras culturas, têm filhos delas, e todas as culturas acabam misturadas no mesmo país, formando um país de cultura universal (católica).

no passado

Comprei este livro depois de uma entrevista que vi, na televisão, com o autor, o Valter Hugo Lemos. Em síntese, não fiquei cliente do estilo. O Valter Hugo parece-me um homem que vive no passado.

Enganou-se

Uma das frases que eu achei mais curiosas do autor dos atentados na Noruega é aquela em que ele diz que aos 15 anos se fez baptizar na igreja luterana por sua própria vontade (citada aqui). Esta atitude em que a família deixa ao recém-nascido a liberdade de um dia vir a escolher uma religião, ou nenhuma, é típica do protestantismo e está ancorada no valor supremo que esta tradição atribui à liberdade individual, que é entendida como a isenção de submissão a uma qualquer autoridade (neste caso, a da família).

Esta atitude cultural contrasta com a da tradição católica, em que a família baptiza catolicamente o recém-nascido, sem lhe deixar liberdade de escolha, embora reconhecendo que mais tarde ele pode livremente abandonar a religião católica e adoptar outra ou nenhuma.

Qual a tradição que está certa, qual delas tem a verdade nesta matéria?

A Católica. A mensagem é clara: "Durante muitos anos na tua vida - se calhar, durante toda a tua vida - tu não terás capacidade para discernir qual a melhor tradição ou o melhor caminho de vida. Portanto, vais seguir a dos teus pais e avós. Essa está provada que funciona, caso contrário tu próprio não estarias aqui".

Deixar um rapaz de 15 anos - porventura, até um homem de 40 - decidir livremente qual a tradição religiosa que quer adoptar é uma grandiosa asneira. Ele sabe lá o que é que está a fazer. Como o jovem norueguês acabou por reconhecer. Enganou-se. Mas já era tarde. Porque um homem de cultura católica não comete aquela espécie de crime: "Um tipo daqueles a matar pessoas que nem sequer conhece ...", assim exprimiu o rui a., esta tarde, a sua indignação e o seu personalismo católico.

afastado de Deus

O autor dos atentados na Noruega parece ter vivido, em parte, afastado de Deus desde a mais tenra idade.


Quando uma pessoa se habitua, desde pequena, antes de fazer alguma asneira, a perguntar: "O que é que o meu pai vai pensar disto?", é muito provável que acabe levando uma vida decente. Pelo contrário, quando essa pergunta nunca existe no espírito do jovem, e mais tarde, no do adulto - isto é, quando ele se sente livre de fazer tudo aquilo que lhe ocorre ao espírito -, então, é de temer o pior.

É o teu pai

Quando, há dias, nasceu o meu neto Tiago, eu fiquei a imaginar como iria ser a vida dele. Era talvez a minha reacção natural de avô, a preparar-me eu próprio para acompanhar a vida dele. Se eu pudesse imaginar a vida dele, eu também iria estar preparado para ajudar a compôr as coisas nas fases mais difíceis.

Pensei na adolescência. Daqui a 15 ou 17 anos, ao descobrir o poder da sua própria razão, ele iria começar a questionar a vida, e a rejeitar uma boa parte das coisas que existem no mundo, entre as quais a autoridade dos pais. Eu até o imaginei um dia sentado à mesa ao jantar, e de repente a sair-se com esta: "Eu cá não acredito em Deus. Isso é tudo treta. Deus não existe. Quem é Deus? Onde é que está Deus?".

Depois do silêncio que se seguiria, onde todos estariam chocados pela inoportunidade e a espontaneidade da declaração destinada a chocar os adultos, como é próprio de um adolescente, como é que eu iria reagir? Tinha de ser de uma forma total e avassaladora, de modo que ele não mais se sentisse à vontade na vida para pôr uma tal questão sem se sentir envergonhado.

Perguntas quem é Deus? Olha, certamente que não é um Senhor que está lá no céu sentado num sofá a olhar para ti e para os outros. Temos de assentar primeiro na representação própria de Deus para podermos depois saber quem Ele é e onde está. Na nossa tradição - a tradição católica em que foste baptizado - Deus é, em parte, Homem. E vamos começar por aqui, por este Seu carácter humano. Depois, é um Deus pessoal, Ele revela-se para ti de uma maneira que não se revela a mais ninguém: tu és único para Ele. Deus é também a autoridade suprema da tua vida. Deus também te quer sempre bem, incondicionalmente bem. Deus é ainda o julgador das tuas acções e ocasionalmente castiga-te, mas precisamente porque te quer sempre bem, os castigos Ele que te aplica são sempre moderados pela benevolência.

Agora, Tiago, conheces algum Homem na tua vida que seja a tua autoridade suprema, um Homem que tem uma relação muito pessoal e única contigo, que te quer sempre bem e sempre sem condições, um Homem que te julga e que por vezes te castiga, embora sempre com moderação e visando sempre o teu bem? Conheces algum Homem que se ajuste a esta descrição? Se tu não conheces, eu conheço, está mesmo à frente dos teus olhos, tu vives diariamente com Ele.

É o teu pai.

Mas Deus não é só o teu pai. É também a tua mãe - a verdadeira imagem para ti da Virgem Maria -, são os teus avós, são os teus amigos, os teus professores, são todos aqueles que contribuiram para que tu hoje estivesses aqui. São também os mares, as estrelas, o Sol, a Lua, os passarinhos, os elefantes e as flores. Deus está em tudo o que é criado. Mas se quiseres simplificar, e reter apenas o principal, a tua pergunta "Quem é Deus e onde é que está Deus?", tem esta resposta simples. "É o teu pai e está aqui mesmo à tua frente".

uma luta

O criminoso e o crime são produtos típicos da cultura protestante, e o protestantismo luterano é, neste aspecto, bem pior que o protestantismo anglicano.


É o serial-killer e o crime de massas. O criminoso é um loner porque loners são todas as pessoas naquela cultura. Como eles se vêem a si próprios como sendo todos iguais, é indiferente matar um ou matar quinhentos. É tudo igual.


O crime é planeado racionalmente e possui uma fundamentação racional. A revolta foi, neste caso, contra o marxismo, o multiculturalismo e o luteranismo, tudo produtos intelectuais (ideologias) do próprio protestantismo.


A vida é vista como uma luta - a mesma visão da vida que aparece no marxismo e no nacional-socialismo -, neste caso, da cultura cristã contra a cultura islâmica, onde uma das partes tem de acabar inevitavelmente por esmagar a outra.

uma imensa monotonia

Há cerca de mês e meio viajei durante dez dias de automóvel pela Suécia. Comecei em Estocolmo, desci para Kalmar, visitei as Ilhas Ollands. Depois, atravessei a Suécia para o outro lado, cerca de 300 Km, para Gotemburgo. Subi mais 300 Km para norte e fui a Oslo, na Noruega. Em seguida, voltei para sul, para Malmoe, passando por Gotemburgo outra vez. Mais 70 Km e cheguei a Copenhaga, na Dinamarca. Larguei o carro e apanhei o TAP de volta a Portugal.

Qual o sentimento principal que me inspirou esta viagem? Igualdade, uma imensa igualdade. Se ficasse lá a viver, eu estou certo que, com o tempo, experimentaria outro, muito mais difícil de suportar. Monotonia, uma imensa monotonia.

23 julho 2011

I am myself a Protestant



Le trentenaire s'est également exprimé sur sa religion. Il se dit protestant, une «décision volontaire prise à 15 ans». Mais il ne manque pas de critiquer son église. «Aujourd'hui, le protestantisme est une vaste blague. On voit des croyants en jeans qui participent à des marches de soutien pour la Palestine, et des églises qui ressemblent de plus en plus à des centres commerciaux miniatures», écrit-il. Anders Behring Breivik se dit en faveur d'un retour vers les valeurs de l'église catholique. «La seule chose qui puisse sauver l'église protestante est un retour vers ses valeurs traditionnelles.» (aqui)


(Fotografia: fonte aqui)

Noruega

A Noruega é o país mais desenvolvido do mundo.

Um fundamentalista cristão no país mais ateu da Europa Ocidental? Que estranho.

Ranking dos países do mundo onde as pessoas vivem mais sós: Households with single occupation (% of total): 1. Sweden, 46.9; 2. Norway, 39.5; 3. Denmark, 38,9; 4. Finland, 38.9; 5. Germany, 38.4 (Source: The Economist, Pocket World in Figures, 2011, p. 90).

Ranking dos países do mundo onde as mulheres são mais iguais aos homens: Gender-related development index: 1. Australia, 96.6; 2. Norway, 96.1; 3. Canada, 95.9; 4. Iceland, 95.9; 5. France, 95.6; 6. Sweden, 95.6; 7. Finland, 95.4. (Source: ibid, p. 29)

eu sou a favor

Eu sou a favor da pena capital. E não sinto qualquer necessidade de me justificar.

PS: Foto do atentado na Noruega.

22 julho 2011

chegou o capitalismo II

Governo quer vender EDP a grupo alemão.

chegou o capitalismo

NEI quer lançar OPA sobre um banco português se ganhar corrida ao BPN.

o esplendor da populaça

agradecimento

Olá! Gostava de agradecer a todos as mensagens de felicidades que ontem me enviaram, a propósito do nascimento do meu Tiago. Correu tudo muito bem. Como pai estou muito feliz. E enquanto cidadão português também: com dois filhos, acho que já contribuí para a sustentabilidade financeira da nossa Segurança Social! Mas, não se preocupem, pelo sim e pelo não, tenciono continuar a majorar a minha contribuição...Um abraço a todos, Ricardo.

e a vencedora é:

Angela Merkel conseguiu o que até há bem pouco tempo parecia impossível. Posicionou a Alemanha para governar a Europa.
Sem disparar um tiro e, ainda por cima, com o ar de quem nos vem fazer um grande favor.

acabou o tabu

Nicolas Sarkozy, the French president, said the deal had pulled the eurozone back from the brink of disaster and laid foundations for the creation of an EU “economic government”.
He hailed it as “a historic moment” that would provide “bold and ambitious” plans for the creation of an embryonic EU treasury in the form of a European Monetary Fund.
“By the end of the summer, Angela Merkel and I will be making joint proposals on economic government in the eurozone. Our ambition is to seize the Greek crisis to make a quantum leap in eurozone government,” he said.
“The very words were once taboo. We will give a clearer vision of the way we see the eurozone evolving. We have done something historic. There is no European Monetary Fund yet, but nearly.”
Telegraph

PS: Quem será o próximo Finanzminister da UE?

é crime

Prestar declarações falsas ou enganosas a uma comissão parlamentar, no RU, é crime.

Precisamos deste tipo de legislação em Portugal, como de pão para a boca. A AR deve poder chamar qualquer cidadão a prestar declarações sobre assuntos de relevante interesse nacional e o visado deve estar sob a obrigação legal de contribuir para esclarecer a verdade.
Declarações que se venham a demonstrar falsas devem acarretar uma pena de prisão. Esta é a melhor arma para combater determinados tipos de crime, como a corrupção.

21 julho 2011

afinal...

... os mercados funcionam e estão atentos:

Medidas para solucionar situação da Grécia impulsionaram os títulos nacionais. Banca disparou em torno dos 6% e nove cotadas ganharam mais de 2%.

Quando os socialistas se referem à ditadura dos mercados é como se estivessem a falar da ditadura da lei da gravidade.

Tiago



Parabéns aqui ao nosso Ricardo que, esta madrugada, foi pai pela segunda vez.

para as meninas tagarelas III

Queridas,

Todos os governos são liberais quando se acaba o dinheiro dos outros.

PS: Hoje, o governo (i)liberal de PPC começou a desconstruir o socialismo na área dos transportes públicos.

OS X Lion

Fantástico.

20 julho 2011

Fala com os passarinhos

O meu género de música preferido é o romântico.
Os meus cantores preferidos são o Roberto Carlos e o Júlio Iglésias.
Gosto desta canção do Roberto Carlos. A canção foi inicialmente escrita em dedicação a Chico Xavier.

para as meninas tagarelas II

Deixo aqui estes dois links para a Maria João Marques do Insurgente, uma menina tagarela. Destaco-a, apesar de não a conhecer pessoalmente, porque gosto dos textos que nos vai postando no Insurgente e porque uma menina nunca se ofende por lhe chamarmos menina, mesmo que acrescentemos o tagarela, como são e devem ser todas as meninas.
Assim, evito chamar pelo nome próprio dos cavalheiros de barba rija que andam por aí a dizer mal do "governito que acabou de ser parido". Cavalheiros que não passam de meninas tagarelas, mas que não iam gostar do epíteto.

Executivo aprova plano para reduzir em 15% estruturas orgânicas e cargos dirigentes.

Governo aprova corte nas indemnizações por despedimento.

tenho de lhe dizer

Porque é que os banqueiros não travaram José Sócrates há 3 anos atrás? Este permanece, para mim, o maior enigma da actual crise. 

Liberdade e Aventura

O deslumbramento com que o Evelyn Waugh descreve aqui o seu encontro com o Catolicismo é o mesmo que se encontra no Chesterton, ambos vindos do Anglicanismo. E em que é que consiste essa maravilha que o Catolicismo tem e que nenhuma outra doutrina possui, que sentimento é esse que o Catolicismo inspira e que mais nenhuma outra doutrina inspira? Waugh di-lo explicitamente, como Chesterton já o havia dito cerca de trinta anos antes dele. É o sentimento de Liberdade e de Aventura.

O Catolicismo é a única doutrina produzida pelo pensamento Ocidental que permite a um homem experimentar tudo aquilo que há na vida, tirar partido de tudo aquilo que a vida tem para oferecer. É muito provavelmente a doutrina mais permissiva que a mente humana já produziu. Mesmo se aparenta exactamente o contrário, que é o de ser uma doutrina muito proibicionista.

Um dia, para testar, esta ideia, coloquei-me a seguinte questão. O Catolicismo visa acima de tudo chegar à Verdade. Será, então, que esta doutrina que tem como objectivo a Verdade, permite a mentira? Porque se o Catolicismo permite a mentira - o exacto oposto da sua finalidade suprema - então ele há-de permitir tudo. E fui ao Catecismo procurar a resposta. E a resposta é que o Catolicismo permite a mentira. O Catecismo explica que a mentira é sempre um pecado, mas existem circunstâncias em que é um mero pecado venial, e por isso facilmente desculpável, como no caso da mentira piedosa, ou quando estiverem em causa outros valores superiores, como a vida.

Posso matar? Claro que posso, desde que seja nas circunstâncias adequadas (v.g., legítima defesa ou para proteger a vida de outras pessoas) e com equilíbrio ou parcimónia (não necessito de cortar o agressor às postas). Posso fazer uma revolução? Oh, se posso, desde que se cumpram as condições descritas no Catecismo. Não apenas posso fazer revoluções, como devo fazê-las, desde que essas condições sejam cumpridas. Quem gosta de fazer revoluções, o melhor que tem a fazer é visitar países católicos à procura dessas condições serem cumpridas. O Catolicismo é o reino próprio dos revolucionários.

É esta ideia de que não há nada no mundo que esteja vedado a um homem, que inspira esse sentimento de enorme liberdade a quem encontra o Catolicismo pela primeira vez. Quem vem do proibicionismo protestante - como o Chesterton e o Waugh -, e chega ao Catolicismo fica deslumbrado. Posso beber álcool? À vontade, desde que seja nas circunstâncias adequadas (v.g., não beba em jejum) e com equilíbrio (não beba a garrafa toda num dia). Posso fumar? Claro que pode, nas circunstâncias adequadas (não fume junto a pessoas a quem o fumo incomoda) e com moderação (não fume cinco maços por dia). Tudo, nas Circunstâncias adequadas e com Equilíbrio (TCE) é o lema do Catolicismo.

Quando um homem descobre que pode fazer tudo na vida, que pode tirar partido de tudo aquilo que a vida tem para oferecer, deixam de existir limites. Ele sente que o mundo é seu, e que o mundo está ali somente à espera que ele o descubra. Daqui resulta o sentimento de Aventura, que o Catolicismo inspira e que acompanha o de Liberdade. A vida passa a ser uma aventura e, consequentemente, uma descoberta permanente. A cada passo, um homem fica maravilhado com as surpresas da vida.

Ainda há meses, quando viajei a pé para Fátima, eu fiquei muitas vezes maravilhado. A certa altura, falei com o Sol. Eu nunca tinha falado com o Sol e se me tivessem perguntado, há uns anos atrás, se era possível a um homem racional falar com o Sol, eu teria respondido rotundamente que não. A verdade, porém, é que, pela primeira vez na minha vida, eu falei com o Sol. Foi no segundo dia da minha viagem, pela manhã, ali por alturas de Estarreja. Se o Sol me respondeu? Fez muito mais do que isso. Foi Ele que meteu conversa comigo.

E o que dizer daquela outra descoberta que fiz durante a mesma viagem - a descoberta do que é a virilidade? Na minha idade, já avô, eu estava convencido que a viridade era um atributo masculino com um conteúdo exclusivamente sexual. Mas não é. É muito mais do que isso. Também pode incluir isso, mas é muito mais do que isso. É fazer uma grande coisa - a última coisa - por uma mulher. E isso, embora possa acontecer numa relação sexual, não tem só que acontecer aí. Pode acontecer a penar por ela durante uma viagem a Fátima.

Daqui resultou uma outra descoberta ainda mais maravilhosa e desconcertante - a da virilidade dos padres. Os padres hão-de experimentar a suprema virilidade, uma virilidade total, de peito-cheio, permanente. É a virilidade que resulta daquela vida de sacrifícios e de renúncias, algumas que parecem sobre-humanas, que eles levam por amor a uma Mulher - a Igreja. A virilidade dos padres em relação à sua Mulher, que é uma virilidade sobretudo espiritual, e que não tem nada de sexual ou físico, é o cume da virilidade. Foi essa virilidade que eu descobri enquanto caminhava para Fátima.

ou

"We are heading towards fiscal union or break-up".

19 julho 2011

um hábito

Universidade Católica cria regras de vestuário.

PS: Regra de vestuário no "campus" da Microsoft: "agradecemos a todos os colaboradores que andem calçados".

ao virar da esquina

A desintegração europeia não é uma questão de anos mas sim de "meses".

Paulo Rangel

18 julho 2011

eliminado?

News of the World phone-hacking whistleblower found dead.

Mr Yates resigned on Monday, citing "malicious gossip " which was a "significant distraction" in his role as head of counter-terrorism.

imortais

É fantástico descobrirmos que transportamos genes de Neandertal, significa que esses nossos antepassados "europeus", que viveram neste continente durante mais de 100.000 anos, sobrevivem em nós. E que enquanto nós sobrevivermos eles terão assegurada a sua imortalidade.

todos iguais, aos olhos de Deus

Se o resultado destes estudos forem verdadeiros, o homo sapiens cruzou-se com o homo neandertalensis há cerca de 80.000 anos, logo no início da sua migração de África (out of Africa theory).
O resultado foi que todos os genótipos humanos actuais, excepto os africanos, transportam genes de Neandertal.
É uma excelente notícia, sabermos que há um bocadinho de Neandertal em cada um de nós. A única desilusão é pensarmos que os africanos não beneficiaram deste cruzamento e que, portanto, estão mais distantes de nós, em termos genéticos, do que o que podíamos imaginar.
Resta-nos pensar que, pelo menos, somos todos iguais para o nosso Criador. Somos todos filhos de Deus e esta verdade não necessita de ser falsificável.

se for verdade

Neanderthals, whose ancestors left Africa about 400,000 to 800,000 years ago, evolved in what is now mainly France, Spain, Germany and Russia, and are thought to have lived until about 30,000 years ago. Meanwhile, early modern humans left Africa about 80,000 to 50,000 years ago.
Almost ten years ago, Labuda and his team identified a piece of DNA called a haplotype in the human X chromosome whose origins they questioned. When the Neanderthal genome was sequenced last year, they compared 6,000 chromosomes from all parts of the world to the Neanderthal haplotype.
They found that Neanderthal sequence was present in people across all continents, including Australia, except for sub-Saharan Africa.
"There is little doubt that this haplotype is present because of mating with our ancestors and Neanderthals. This is a very nice result, and further analysis may help determine more details," says Dr Nick Patterson, of the Broad Institute of MIT and Harvard University.

17 julho 2011

uma história tipicamente portuguesa

O Hospital de Almada colocou próteses ortopédicas ilegais em mais de trinta doentes. 
Os serralheiros do hospital abriram furos de broca num material, que por razões de segurança, não pode, sequer, ser riscado. E, pior que isto, os ortopedistas passaram a aplicar próteses de uma metalúrgica que nunca fabricou nem está autorizada a fabricar dispositivos médicos.
O Infarmed foi alertado há dois anos, mas nunca actuou.
Já a Inspecção-geral da Saúde anunciou agora à TVI a instauração de um inquérito.


Uma história de improviso, voluntarismo, boa-vontade e uma monumental ingenuidade.

o fio da história

Para compreender os dislates económicos que alguns altos responsáveis da governação do país, em particular o Presidente da República, têm proferido ao longo dos últimos meses, é necessário recuperar o fio da história que nos conduziu até aqui.

Portugal aderiu à UE em 1986, era então primeiro-ministro o actual Presidente da República, e assim continuaria nos dez anos seguintes, quando todas as principais instituições que caracterizam hoje a UE foram definidas, como o Mercado Único Europeu e a Moeda Única (Euro).

O diagnóstico que então foi feito de Portugal pelos responsáveis europeus e pelos dirigentes políticos nacionais foi o seguinte. Portugal tinha então uma elevada percentagem do PIB e da população activa na agricultura e nas pescas. E isso era considerado próprio de uma país "atrasado". A indústria portuguesa era, então, constituída predominantemente por indústrias tradicionais, como os têxteis, o vestuário, o calçado, a metalomecânica, etc. E isso era também considerado "atrasado". Portugal tinha também uma produtividade do trabalho inferior à média da União Europeia, e esse era mais um sinal de um país "atrasado". E o escudo, que era uma moeda forte até 1974, tinha desvalorizado fortemente até 1986, devido aos desmandos da governação democrática (que entretanto recorrera por duas vezes à ajuda do FMI). E este era também um sintoma de que o país estava "atrasado".

A UE deu-nos então dinheiro para reduzir o peso da agricultura e das pescas na economia, pagando aos agricultores e aos pescadores para ficarem em casa, ao mesmo tempo que os excedentes agrícolas dos países do Norte da Europa invadiam o mercado nacional. Quanto às indústrias tradicionais, como os têxteis, o vestuário e o calçado, dava-se cabo delas abrindo-as à concorrência no espaço do Mercado Único Europeu, e mais ainda, à globalização, permitindo que os chineses as substituíssem.

Ao mesmo tempo, a UE dava-nos dinheiro para aumentar a produtividade, financiando a construção de estradas, portos, pontes, aeroportos e também a educação e a formação profissional. Esperava-se que a população activa agora liberta da agricultura, das pescas, dos têxteis, do vestuário e do calçado, se reconvertesse para sectores mais modernos, talvez a biotecnologia ou a engenharia espacial. Assim modernizados, nós poderíamos aguentar uma moeda forte - o Euro.

Tudo isto foi feito com a assinatura e o entusiasmo do Professor Cavaco Silva à frente do Governo. Tudo estava a correr bem. Agora é que iríamos deixar de ser um país "atrasado", liderados pela sua visão iluminada. Ele próprio dizia na altura que éramos "o bom aluno da Europa", esta sim, uma manifestação de atraso e subserviência que não lembraria ao diabo. E quem é que não gostava de uma moeda forte, como o Euro que vinha aí, quem era? Só podia ser uma atrasado ou um louco.

No ínicio da década de 90, o Governo do Professor Cavaco Silva, tendo como Ministro da Indústria o Engenheiro Mira Amaral, pagou ao famoso Michael Porter uns bons milhares de dólares para ele dizer quais seriam aqueles sectores - a biotecnologia? a engenharia do espaço? as células estaminais? - em que Portugal estava destinado a especializar-se, substituindo a agricultura, as pescas, os têxteis o vestuário e o calçado.

Quando o resultado do estudo foi conhecido, a decepção não podia ser maior. Segundo Porter, Portugal tinha vantagens comparativas era nos têxteis, no vestuário, no calçado, no turismo, nos vinhos e outros produtos agrícolas, nas pescas, no mobiliário, e nos moldes da Marinha Grande - numa palavra, nos seus sectores tradicionais.

Apesar da desilusão, era necessário seguir em frente. E assim fizeram todos os governos portugueses que se seguiram aos do Professor Cavaco Silva, sempre oleados pelos subsídios da UE que permitiam ganhar votos. Até nos conduzirem à situação em que nos encontramos.

E é agora o próprio Professor Cavaco Silva que diz que temos de voltar à agricultura e que precisamos de uma moeda fraca. É preciso ter lata.

«atrasado»

"Portugal é um país conservador, paternalista e - Deus seja louvado - «atrasado», termo que eu considero mais lisonjeiro do que pejorativo (...). O senhor arrisca-se a introduzir em Portugal aquilo que eu detesto acima de tudo, o modernismo e a famosa «efficiency». Estremeço perante a ideia dos vossos camiões a percorrer, a toda a velocidade, as ruas das nossas velhas cidades, acelerando, à medida que passam, o ritmo dos nossos hábitos seculares".

(Salazar, em carta dirigida ao Presidente da Coca-Cola, no início dos anos 60, cit. por Barry Hatton, Portugueses, op. cit., p. 149)



beautiful

Thanks, Joaquim, what a beautiful piece.

até mete impressão

Este Presidente da República, como economista, tem metido os pés pelas mãos de uma maneira que até mete impressão.

Mas, então, não foi ele, como Primeiro-Ministro, que quis aderir ao Euro, que era uma moeda forte, uma moeda que não desvalorizasse?

Não é da responsabilidade dele, como Primeiro-Ministro e como economista, não ter antecipado há vinte anos atrás que Portugal não iria ser capaz de viver em concorrência com a Europa, sem uma moeda que desvalorizasse?

O Euro não desvaloriza, não. Os alemães não deixam. Moeda que desvalorize só o Bento.

E, no entanto, nenhum jornalista o confronta com isto. Ficam a contemplar as baboseiras que ele diz. O mesmo em relação à Agricultura.

come inside

Those who have read my works will perhaps understand the character of the world into which I exuberantly launched myself. Ten years of that world sufficed to show me that life there, or anywhere, was unintelligible and unendurable without God. The conclusion was obvious; the question now arises: Why Rome? A Catholic who loses his faith and rediscovers the need of it returns inevitably to the church he left. Why did not I?

Here, I think, the European has some slight advantage over the American. It is possible, I conceive, for a man to grow up in parts of the United States without ever being really aware of the Church's unique position. He sees Catholics as one out of a number of admirable societies, each claiming his allegiance. That is not possible for a European. England was Catholic for nine hundred years, then Protestant for three hundred, then agnostic for a century. The Catholic structure still lies lightly buried beneath every phase of English life; history, topography, law, archaeology everywhere reveal Catholic origins. Foreign travel anywhere reveals the local, temporary character of the heresies and schisms and the universal, eternal character of the Church. It was self-evident to me that no heresy or schism could be right and the Church wrong. It was possible that all were wrong, that the whole Christian revelation was an imposture or a misconception. But if the Christian revelation was true, then the Church was the society founded by Christ and all other bodies were only good so far as they had salvaged something from the wrecks of the Great Schism and the Reformation. This proposition seemed so plain to me that it admitted of no discussion. It only remained to examine the historical and philosophic grounds for supposing the Christian revelation to be genuine. I was fortunate enough to be introduced to a brilliant and holy priest who undertook to prove this to me, and so on firm intellectual conviction but with little emotion I was admitted into the Church.

My life since then has been an endless delighted tour of discovery in the huge territory of which I was made free. I have heard it said that some converts in later life look back rather wistfully to the fervor of their first months of faith. With me it is quite the opposite. I look back aghast at the presumption with which I thought myself suitable for reception and with wonder at the trust of the priest who saw the possibility of growth in such a dry soul.

From time to time friends outside the Church consult me. They are attracted by certain features, repelled or puzzled by others. To them I can only say, from my own experience "Come inside. You cannot know what the Church is like from outside. However learned you are in theology, nothing you know amounts to anything in comparison with the knowledge of the simplest actual member of the Communion of Saints."


Evelyn Waugh, 1949

PS: Especialmente dedicado ao PA

16 julho 2011

Um verdadeiro democrata



Na sua obra filosófica e teológica, o teólogo Joseph Ratzinger, actual Papa Bento XVI, tem utilizado frequentemente o episódio de Pilatos para ilustrar o principal vício da Democracia moderna. Pilatos estava convencido da inocência de Cristo. Porém, comportou-se como um verdadeiro democrata quando entregou a decisão sobre a vida de Cristo à multidão para que esta decidisse democraticamente o destino a dar-lhe.

O ponto que o teólogo Ratzinger pretende salientar é que a democracia não é nem um critério de verdade nem um critério de justiça. É apenas uma maneira de tomar decisões, e que essas decisões não são necessariamente boas somente porque são democráticas. Não. Essas decisões são boas se, e somente se, se conformarem com a Lei de Deus. Tomada como um bem absoluto, a Democracia conduz ao relativismo moral e cultural, na opinião do Papa um dos maiores males das sociedades democráticas modernas. Assim, por exemplo, não é por uma sociedade decidir democraticamente legalizar o aborto que o aborto se torna um acto moral.

Serão o Papa Bento XVI, e a Igreja Católica em geral, adversários da Democracia? Não, claro que não. O próprio Papa é eleito democraticamente. Aquilo que o Papa e a Igreja são contra é uma Democracia que não conhece limites, uma Democracia ilimitada, uma Democracia tornada critério da Verdade e da Justiça, e uma democracia de massa que é desumanizante. Naquela que é talvez a primeira Encíclica onde a Igreja reconhece plenamente as virtualidades positivas da Democracia, o Papa Pio XII escreveu: “Pelo que fica dito, aparece clara outra conclusão: a massa – como nós acabámos de defini-la – é a inimiga capital da verdadeira democracia e do seu ideal de liberdade e igualdade” (Encíclica Benignitas et Humanitas, 1944).

Desde há muitos séculos que a Igreja pratica a Democracia na eleição do Papa, muito antes do advento da Democracia moderna, de massas ou de sufrágio universal. Mas a Democracia que a Igreja pratica é uma democracia limitada. É uma Democracia entre pares - a elite da Igreja -, em que cerca de 120 cardeais são chamados a eleger o Papa, e não uma democracia de massas em que um eleitor de 18 anos é posto no mesmo plano de um outro de 60 anos, que tem idade e experiência de vida para ser seu pai ou mesmo avô. A Igreja não chama a eleger o Papa nem sequer a generalidade dos bispos, menos ainda os presbíteros, para não falar nos fiéis.

E uma vez eleito o Papa, o exercício democrático termina, passando a Igreja a ser governada pela autoridade suprema e absoluta do Papa, que não tem de prestar contas a ninguém, nem sequer a quem o elegeu, mas apenas a Deus. Parece ter sido essa, na realidade, a vontade de Deus, que a Igreja seja governada por um Homem, e não pelo povo ou pelos representantes do povo, como é próprio da Democracia moderna.

A palavra Igreja (do grego Ekklesia) significa comunidade. Cristo poderia ter entregue o governo da sua Comunidade (Igreja), ao povo, para que este a governasse democraticamente. Mas não o fez. Entregou o governo da sua Comunidade (Igreja) a uma elite de doze homens, designados por Ele, e até começou por designar o primeiro dentre eles: “Tu és Pedro…”.
(Publicado no jornal A Ordem)

juvenilidade




O Governo continua a produzir gestos simbólicos. A história da gravata no Ministério da Agricultura e do Ambiente é um sintoma da juvenilidade da Ministra. Ela ainda julga que há coisas no mundo que deviam ser mudadas; e, apesar de milénios de história, como não mudaram, nasceu ela há pouco mais de trinta anos para as vir mudar. Está enganada. Porque se o código de vestuário no trabalho devesse ser outro, há séculos que alguém o tinha mudado. Ninguém ficaria à espera que a ministra nascesse para o fazer.

A nossa cultura, sendo uma cultura católica, contém de tudo e em toda a amplitude. Na base, no povo, é uma cultura muito informal - tu-cá, tu-lá -, e no topo, na elite, uma cultura muitíssimo formal, bastando para tanto invocar a extrema formalidade da liturgia católica (à qual o Papa Bento XVI atribui uma extrordinária importância, e pelas mesmas razões que eu estou a expôr no que respeita ao uso da gravata).

Quem ocupa posições no Estado, mesmo não sendo elite, tem, pelo menos, de aparentar, caso contrário o povo não acredita nele. E uma das regras de conduta é aparecer sobriamente vestido perante o povo (e, já agora, devidamente barbeado). Dê-se a esta cultura a mínima abertura para sair do código de formalidade, e aquilo que vai resultar é o abuso generalizado.

Dentro em breve no Ministério da Agricultura e do Ambiente existirão funcionários que se apresentarão ao trabalho, não apenas sem gravata, mas em calções, sandálias e T-shirts. E quanto às mulheres, nem se fala. Esta é uma cultura popular de abusadores. Não se lhes pode dar uma mão porque eles tomam logo o braço. E, em breve, o corpo todo.

Infelizmente, a Ministra não durará no Ministério o tempo suficiente para ver os efeitos completos desta sua primeira medida - e aparentemente, a única - relativa ao Ambiente e à Agricultura. A única coisa que até à data saiu do Ministério do Ambiente foi a gravata. Literalmente, coisas de meninas.

pois

Espírito Santo Financial Group, 'holding' que detém o BES e o BCP já informaram o Banco de Portugal que, nos próximos três meses irão proceder a um aumento de capital.

lixo

A agência de notação financeira cortou o rating do BCP, BES, BPI, CGD e Montepio. BCP, BES e CGD caíram para lixo e ficaram um nível acima do da República, enquanto a BPI ficou a um patamar de lixo.

15 julho 2011

so impressive

Before talking about Gerês, he talked about the Portuguese economic and financial crisis, about the Euro and the Bento.

So impressive this man... he really takes himself seriously.

really impressive

This Arroja is really impressive.
Listen to him talking about Gerês.
When I grow up I want to be like him.

+ actual k nunca

O que é o liberalismo? O liberalismo é uma filosofia de vida em sociedade que parte do reconhecimento de direitos individuais inalienáveis, e da soberania popular, para uma organização social e política que respeite estes princípios.
O paradigma das sociedades liberais é a chamada democracia liberal e capitalista. Nestas sociedades, os resultados colectivos são o produto agregado da ação individual. Dos esforços que cada indivíduo desenvolve na busca da sua própria felicidade.
As instituições sociais, numa sociedade liberal, na são construídas de cima para baixo, como no socialismo. Emergem de baixo para cima, consolidando-se ao longo do tempo. O resultado, podemos afirmar, é quase sempre imprevisível, embora retrospectivamente pareça linear.
Liberalizar significa criar oportunidades para que cada cidadão possa, livremente, buscar a sua felicidade. Não significa destruir ou arrasar as instituições existentes e esperar que outras, mais democráticas, surjam do nada. Um liberal nem sempre saberia por onde começar, uma vez que a destruição seletiva já pressupõe uma visão construtivista.
Daí que o conservadorismo seja um elemento sine qua non do liberalismo. O verdadeiro liberal parte da análise da realidade social concreta e apenas procura soluções que expandam a liberdade individual. Em liberdade, emergirão novas opções, mais alinhadas com o Bem Comum.
Pequenos passos que vão, por assim dizer, na direção certa.
As revoluções sabe-se como começam, mas nunca se sabe como acabam (Lenine).
O conservadorismo é um aliado do liberalismo.

Post que eu escrevi em Março

só os liberalóides é que não perceberam

... fica claro que o governo quer não só a reposição dos equilíbrios básicos que se exigem a uma economia sã, mas também a desconstrução  do modelo de Estado regulador e providencial que demorou meio século a erigir.

Editorial do colectivo do Público.

PS: Por regulador a esquerda entende dirigista.

a realidade

A medicina cubana só opera milagres nos crentes. Para tratar Hugo Chavez foi necessário chamar um cirurgião espanhol e agora o Presidente da Venezuela está a caminho de um dos melhores hospitais do Brasil para prosseguir o seu tratamento.

Bento



macacos de imitação

Moody's puts US rating on review for downgrade.

China Dagong Rating Agency Chairman: US Debt On Negative Watch.

PS: Os chineses são os mestres da imitação. Assim é muito fácil e barato ter uma agência de rating.

ahahah













PS: Relatório da agência de rating Dagong, escrito em minglish. Penso que o conteúdo é incompreensível.