31 dezembro 2010

o jornalismo da populaça

Num artigo de ontem, no Expresso, Nicolau Santos desfere um ataque violento ao João Lobo Antunes a propósito do seu recente livro Egas Moniz – Uma biografia. Nicolau Santos argumenta que o autor publicou esta biografia para branquear a figura de Egas Moniz, essencialmente por motivos pessoais.
Penso que a agressão do Nicolau Santos ao João Lobo Antunes não pode deixar de estar relacionada com o facto de este ser o mandatário nacional da candidatura de Cavaco Silva à Presidência da República e, portanto, atribuí a diatribe à “porca da política”.
Já em relação às considerações do Nicolau sobre o Prof. Egas Moniz, gostaria de sublinhar que este, ao contrário do que é afirmado, não é nenhum Josef Mengele. Egas Moniz foi um médico ímpar e um cientista de excelência.
É profundamente injusto e ignorante abordar as complicações de algumas das descobertas de Egas Moniz sem referir os seus enormes benefícios. Seria como condenar a descoberta da penicilina devido à ocorrência de reações alérgicas fatais ou criticar a introdução da anestesia por causa dos efeitos tóxicos do clorofórmio.
No site oficial da Fundação Nobel, Bengt Jansson, num artigo de 1998, explica o mérito de Egas Moniz e as razões pelas quais lhe foi atribuído o prémio Nobel. Nada mais é necessário acrescentar.
É uma pena que o jornalismo português tenha descido tão baixo.

o livro da polémica

a receita de César

Sócrates cria "excepção aos cortes salariais" para trabalhadores da Segurança Social. A receita de Carlos César chegou ao continente. Aos amigos dão-se promoções retroactivas, aos outros aplicam-se os cortes.
Venha o FMI.

30 dezembro 2010

them's us

Lady Perry, a former chief inspector of schools in England, uses an anecdote from her time as a young teacher in Canada to explain the concept of the Big Society. It was half-time in a curling match, and she was chatting with fellow players in the hamlet of Grand Coulee. The thaw had arrived after another harsh winter, turning the dirt track to Regina into an impassable quagmire.
In her typically British way, she exclaimed that it was disgraceful they were cut off every year. “We should press for them to build us a proper road.” After a brief pause, one of the locals said: “Pauline, who’s them?” She replied that she didn’t really know, but presumed the provincial or local government should take action. After another pause, a team mate said: “Pauline, round here if we want a road, we build it. Them’s us.”

Via FT

PS: Uma história deliciosa.

+ protestantismo

The Vatican will establish a new authority to combat money laundering as the tiny state seeks the blessing of international regulators who have refused to include it on lists of countries compliant with international norms.

In a papal document to be published on Thursday, the Vatican will promise to adhere to European rules targeting money laundering. The decree, or motu proprio, will apply to all government bodies at the Holy See including the Vatican Bank, also known as the Institute for Religious Works (IOR).


Via FT

PS: Ver também este post do PA. Será que a modernização da Igreja Católica passa por alguma "protestantização"?

tablóides a tiritar


WINTER MAY BE COLDEST IN 1000 YEARS

Canuto

O Rei Canuto, que governou a Inglaterra no Sec. XI, foi um sábio. Para dar uma lição à sua corte, mandou colocar o trono numa praia e ordenou ao mar que parasse as marés. Quando a maré subiu e lhe molhou os pés e as vestes, voltou-se para os seu súbditos e disse-lhes:
- Que se saiba como é oco e fátuo o poder dos reis e que nenhum verdadeiramente merece esse título, só Ele a quem o céu, a Terra e os mares obedecem.
Canuto colocou então a sua coroa num crucifixo e nunca mais a usou.

29 dezembro 2010

desportajar, desdoutorar, descasar

Rui Rio alertou que o "tratamento discriminatório" que a cobrança representava era "muito perigoso para o Governo". "Estamos à beira de as pessoas se poderem revoltar a sério e com razão", afirmou então o autarca.

des

Há dias, uma piquena confidenciou-me, com lágrimas nos olhos, que se sentia muito vulnerável porque tinha acabado de passar por um descasamento.
Ofereci-lhe de imediato o meu ombro... eu sou assim, não gosto de ver ninguém sofrer.
Agora leio que outra piquena, que não conheço, foi desdoutorada e pronto, em vez de pensar no crime de plágio que lhe é alegadamente atribuído, culpo a universidade que a acolheu e doutorou.
Definitivamente não gosto do “des”, é uma espécie de desreligião.

a economia e a ética... (na perspectiva da irracionalidade)

Mais uma tese de doutoramento da UM
Abstract:
A epistemologia positivista assentou num grande equívoco: acreditava poder atingir a verdade a partir de pressupostos bem delineados que faziam com que se pudesse não só inferir a ciência como, também, em fazer a separação entre ciência e não ciência. A ciência estava dentro de fronteiras entre as quais tudo era explicado por leis universais, válidas no tempo e no espaço. A não ciência era formada por questões de gosto e por realidades abstractas, juizos de valor e pela ética. O equívoco vivia de uma forma simbiótica num pretenso mundo de certezas. As ciências sociais em geral (como a ciência económica em particular) cedo fizeram uma aproximação ao positivismo, cuja metodologia e epistemologia estenderam um tapete às novas ciências sociais emergentes. A economia positiva viria a criar uma espécie de «caixa preta» onde tudo se explica a partir de pressupostos aceites e eticamente neutros. Continuava o equívoco pelas ciências sociais. Este equívoco gerado tornou-se visível na adopção de um racionalismo instrumentalizado que faz rapidamente a melhor afectação dos meios mais adequados aos fins a atingir. Tecnicamente eficiente, o instrumentalismo criou um «homo oeconomicus» abstracto, que acaba por nem ser homem nem ser económico: é uma criação abstacta tal como se tornou a ciência moderna. O paradigma homocêntrico que a modernidade criara, mas que o positivismo, paradoxalmente, desnaturalizou é, agora, desconstruído e reconstruído num novo paradigma a partir de outros vectores (também irracionais) que são transversais ao estar no mundo real, ao esforço de busca da verdade, mas agora voltado para o bem-estar do ser humano que tem de ser livre para poder ser responsável e, responsavelmente, poder realizar o que mais valoriza. A liberdade para ser e para agir exige a presença da responsabilidade “ad intra” e “ad extra”: “ad intra” porque ontologicamente fundante e “ad extra” porque constitutiva da justiça e da equidade. Nesta perspectiva, só um espírito de comunidade será capaz de criar o ambiente de realização e felicidade que volatilize os “gaps” que separam o ter e o ser, tornando prioritário o ser humano em todas as suas dimensões. Num ambiente de relações informais, o exercício da liberdade assume ser o exercício legítimo do humanismo solidário no qual cada homem se realiza não só como indivíduo, mas, essencialmente, na sua relação com os outros. Afinal, o racionalismo económico eficiente (que, também, não deixou de criar os seus próprios desperdícios) acaba por ter de aceitar que o bem-estar é muito mais do que «uma fuga para a frentre»: a recuperação do que foi ficando para trás, sobretudo quando é humano, é essencial a todo o progresso de base humana e social.

PS: Cada vez tenho mais pena da rapariga desdoutorada.

para pensar

Daqui.

contributos para a (des)educação de adultos

Esta notícia levou-me a consultar algumas teses de doutoramento da UM. A tarefa foi muito fácil porque a Biblioteca da UM faz o favor de as disponibilizar em formato digital.
O material disponível é tanto e tão precioso que é um risco destacarmos um único trabalho. Não resisti, porém, a incluir aqui o abstracto de uma tese de doutoramento apresentada na UM em 2008. A originalidade é tal que a sua divulgação também serve como garantia de que o plágio, na UM, é forçosamente uma raridade.

Abstract:
Este trabalho, intitulado A Racionalidade Comunicativa: contributos para a educação de adultos, é a dissertação de Doutoramento em Educação, área de especialização em Filosofia da Educação, de ____________________. É constituído por um índice, indicações preliminares, seis capítulos, sendo o primeiro preambular, uma conclusão e bibliografia. Nas indicações preliminares justificam-se os objectivos da investigação; explica-se a metodologia usada; e indica-se a forma de organização do trabalho. No capítulo preambular problematizamos a tendência para um tipo de cogitação incorporado na vivência contemporânea, fixado na crença de que a uma acumulação de conhecimento correspondem níveis mais elevados de desenvolvimento. As abordagens críticas associam esta visão fragmentada do conhecimento aos efeitos do processo de racionalização crescente na nossa sociedade moderna. Não havendo uma uniformidade de perspectivas, delas se demarcam três posições que consideramos relevantes para a explicação deste mesmo processo: a de Max Weber, a dos teóricos críticos da segunda geração da Escola de Frankfurt e a de Jurgen Habermas, que expomos respectivamente ao longo dos segundo, terceiro e quarto capítulos. No quinto capítulo centramos a nossa atenção na proposta habermasiana sobre a consensualidade dialógica, própria da racionalidade comunicativa, que consideramos de grande valor na educação de adultos. Aludimos aqui também ao facto de Habermas se referir às narrativas como o lugar onde é projectada a atmosfera vivenciada no ‘mundo da vida’. No sexto capítulo trazemos à colação a exigência de auto-questionamento e de reflexão crítica no processo que envolve a educação de adultos; desenvolvemos a ideia de interesse emancipatório e da sua relação intrínseca com o autoconhecimento, sublinhando a valia que para ele podem assumir as narrativas breves. Na conclusão elencam-se, capítulo a capítulo, as principais ilações retiradas do trabalho desenvolvido de acordo com os objectivos da investigação previamente demarcados. Algumas das citações foram vertidas para Língua Portuguesa, de forma a uniformizar o trabalho. A bibliografia, tanto a citada como a consultada, segue a elementar ordem alfabética.


PS: Reparem na originalidade de um capítulo de "indicações preliminares", seguido de outro de natureza "preambular" e da inclusão de uma bibliografia que segue a "elementar ordem alfabética". Trata-se de um esforço de racionalidade que projecta a atmosfera vivenciada no "mundo da vida" e que traz à colação a exigência de auto-questionamento e de reflexão crítica.
Tenho pena da rapariga desdoutorada.

UM é forte com os fracos

A Universidade do Minho (UM) anulou um doutoramento que tinha sido obtido no ano passado com base numa tese que plagiava parte do trabalho de um investigador brasileiro.

A verdadeira notícia não é que uma aluna copiou. A verdadeira notícia é que a Universidade do Minho não demonstrou capacidade para avaliar as teses dos seus doutorandos.
Os professores não acompanharam o desenvolvimento da tese desta aluna, não estavam familiarizados com a matéria e não conheciam a bibliografia respectiva.
Obviamente, os supervisores deviam demitir-se, assim como o responsável pelo departamento e a UM deveria proceder a uma auditoria das teses de doutoramento apresentadas nos últimos anos.
A marca UM ficou desvalorizada. E a decisão de anular o doutoramento à aluna, sem medidas adicionais, acaba por ser contraproducente.

28 dezembro 2010

o último a rir



Piers Corbyn

uma doutrina revolucionária

A religião Católica ameaça todos os regimes opressores porque a sua doutrina defende a liberdade individual e esta é inimiga dos totalitarismos.
O PCC (Partido Comunista da China) afirma que o Vaticano pretende ter poder na China. Esta afirmação tomada literalmente é falsa, contudo é verdade que o aumento do número de católicos na China diminuiria o poder do Estado, na medida em que cada crente passaria a sentir-se mais responsável perante Deus e menos perante o partido.
Se acreditarmos que todos somos filhos de Deus e que a vida humana é sagrada, temos de concluir que somos detentores de direitos inalienáveis. Ora este conceito é subversivo na China.
E eu acrescentaria que também é um conceito subversivo em países em que o laicismo se converteu em ateísmo de Estado, como em Portugal.  

cuidado com as mnsgs

A minha mulher não gostou de uma mensagem que recebi da Optimus com o seguinte texto:

93: Casa dos segredos no seu telemóvel: acompanhe todas as emocoes dos ultimos dias. Clique aqui: http://l.optimus.pt/UltimosDias

Ninguém lhe tira da ideia que é 1 mnsg enkriptd d1 mula.

o poder da religião

"O que o Vaticano quer da China é poder. Não diz respeito à verdadeira essência da fé católica", afirmou o Global Times, publicação em língua inglesa do grupo Diário do povo, órgão central do Partido Comunista Chinês (PCC).
Na sua tradicional mensagem de Natal, o Papa criticou a China pelas "limitações impostas à liberdade religiosa". O Papa "quer ser o senhor dos católicos do mundo inteiro", mas "o mundo está a mudar" e "o Vaticano não tem poder para controlar a direcção e a velocidade das mudanças", disse o jornal.
Nos últimos anos, as relações entre Pequim e a Santa Sé "melhoraram", mas "enquanto o Vaticano mantiver relações diplomáticas com Taiwan e insistir no direito de nomear os bispos na China, será difícil assegurar uma melhoria permanente", referiu o Global Times. "A pretensão do Vaticano de que a identidade religiosa transcende tudo é irrealista e até prejudicial para um país com varias etnias e religiões", proclamou o Global Times.

Artigo citado n'O Insurgente.

PS: Voltarei a este tema que me parece extraordinário para reflexão.

27 dezembro 2010

ricos blindados

A propósito dos blindados que não chegam, por que razão se contratou um intermediário para a sua aquisição?!? Não se poderia ter posto alguém do Ministério da Administração Interna ou da PSP a tratar do assunto? Enfim, mais uma estória que ninguém compreende e que demonstra a falta de accountability deste pobre regime...

seria melhor para todos

“Portugal no necesita financiar su deuda pública hasta finales de año, pero no debería apurar ese margen para acudir al paraguas de rescate europeo. Seria mejor para todos”, afirma el economista jefe de Deutche Bank, Thomas Mayer en una entrevista al Frankfurter Allgemeine.

PS: Cada dia que passa as medidas para estancar o défice tornam-se mais difíceis. A cegueira de José Sócrates trouxe-nos os cortes salariais e, a continuar, vai trazer-nos despedimentos na função pública.

26 dezembro 2010

uma perspectiva diferente


What gives with Greece? If we look at only one, narrow, set of the statistics, i.e. government debt and official GDP figures, and compare them with other nations, then by all means Greece is essentially bankrupt - just as so many fear-mongering "analysts" claim.
But... Disraeli's saying "lies, damned lies and statistics" is always a good piece of advice. Even if he actually never said it himself.
So what should we look at? Two facts:
  1. Greece has one of the lowest total debt to GDP ratios amongst OECD nations. Yes, that's right, lowest; because even though government debt is very high at 127% of GDP (end of 2009 and going higher, probably to 140% by the end of 2012) private debt (i.e. corporate plus household) comes to only 108% of GDP, making for a total debt to GDP ratio of only 235%. That's lower than Switzerland (313%), Canada (259%) or, gasp!, ever-so-self-righteous Germany itself (285%).
  2. Greece has a very large, but very real, "shadow" economy due to widespread tax-evasion and corruption. The IMF estimates it at 27% of GDP, by far the highest of any OECD nation (average is estimated at 11%). This means that officially reported Greek debt/GDP ratios are grossly overstated.
Below is a table I constructed based on data from McKinsey for total debt (2009) and the IMF for the shadow economy. The adjusted figures include the shadow economy in the total debt to GDP ratio.
See anything grossly out of line?
One has to wonder how "the market" operates sometimes, eh? Looks like Greece got run over by a reindeer this Christmas. On purpose..?

E Agora?

Aqui recolhido na Pérola do Atlântico, que desde há uns anos a esta parte passou a ser a minha segunda base, tenho passado os últimos dias a ler. É curioso que, passando hoje uma boa parte do meu tempo a ler - seja nas férias ou no trabalho -, eu tenha sido um leitor tardio. Na realidade, só me encantei com os livros, no sentido de me realizar pessoalmente na leitura, já bem depois da maioridade. Enquanto miúdo e adolescente, nunca gostei das estórias da Ana Maria Magalhães e da Isabel Alçada, nem de romances, nem de livros ficcionais e muito menos de poesia. Porém, com os anos, tornei-me um ávido (embora lento) leitor de tudo o que tivesse a ver com a minha profissão e com História contemporânea (biografias, em particular). O gosto pela escrita, sem a qual hoje também já não passo, terá, também, incentivado à leitura. É, pois, com pena que vejo o progressivo abandono da leitura, em prol dos gadgets, por parte dos mais novos. E é com especial prazer que leio mais um livro sempre que algum me preenche intelectualmente.
Tudo isto vem a propósito do primeiro dos três livros que me propus ler durante este período estival: "E Agora? Por uma Nova Républica", de Manuel Maria Carrilho. Trata-se de uma colecção de crónicas, publicadas no Diário de Notícias, e que reflectem a perspectiva do autor quanto à desqualificação que a Democracia Representativa, em geral, e a Política, em particular, têm registado no passado recente. O livro chamou-me a atenção pelo título ("Por uma Nova República") e da sua leitura resultou uma agradável surpresa. É que Manuel Maria Carrilho, não obstante aqueles que eu entendo serem uns tantos equívocos conceptuais e uma certa predisposição para umas quantas picardias pessoais (com Miguel Sousa Tavares, por exemplo), é um excelente pensador.
Começando pelos equívocos, Carrilho é da opinião que a política está hoje subjugada à finança, em resultado de não existir uma alternativa consistente ao capitalismo, na sequência da desideologização da sociedade do pós Muro de Berlim. Ora, concordando eu com o autor que o conceito de auto regulação soçobrou, não posso aceitar a sugestão de que a raiz dos problemas não esteja na política, mas antes na especulação financeira. Não. Os problemas que hoje são expostos - e explorados - pelos especuladores e investidores financeiros são o reflexo das falhas da Democracia representativa, nomeadamente da insustentabilidade do Estado providência que daquela resultou na Europa (e, em certa medida, na América) e, ainda, da falta de accountability que esta mesma Democracia evidencia actualmente (e que o autor refere no seu livro!). Do mesmo modo, da desregulamentação desenfreada das últimas duas décadas, julgo que, não se exige um esforço de nova regulamentação. Exige-se, sim, mais e melhor regulação, a fim de fazer com que a ganância e a ausência de ética não produzam atropelos aos direitos dos cidadãos. De resto, se há coisa que quer a presente crise quer a queda do muro de Berlim evidenciaram é que a política nunca obterá o primado sobre a economia, como Carrilho sugere que aconteça. Pelo contrário, é a economia, como ciência eminentemente social que é, que marca as tendências políticas.
Quanto aos aspectos comuns, primeiro, a Educação, em relação à qual o autor alerta para o efeito destrutivo que a massificação do ensino provocou na autoridade do Professor pois "a possibilidade de ensinar depende estreitamente do estatuto, e da autoridade, que a sociedade reconhece não só aos saberes mas também aos professores, indispensáveis intermediários da mediação educativa, que nenhuma tecnologia consegue substituir" interrogando-se, aliás, "se a introdução da democracia na escola não terá, na realidade, por efeito paradoxal, contribuído para a inviabilização da própria escola." (páginas 70 e 71). Adicionalmente, Carrilho sublinha ainda que a erosão do conceito de Família colocou a escola, e os professores em particular, numa melindrosa encruzilhada que "atingiram a educação, cada vez mais desorientada pela multiplicação - quantas vezes contraditória - de objectivos que se lhe exigem (...) que levou à desvalorização dos conteúdos, dos saberes a transmitir" (página 69). Carrilho chega ao ponto de apelidar os professores de "heróis do nosso tempo", epíteto que, na minha opinião, é manifestamente generoso, mas que não deixa de ter um fundo de verdade.
Segundo, a Legitimidade Democrática. Neste domínio, Carrilho aponta uma questão muito importante: o distanciamento que, hoje, caracteriza os eleitores dos partidos políticos e a descredibilização que resulta do facto de estes estarem cada vez mais fechados sobre si próprios. Sendo certo que essa descrença nada tem de original - o autor remete-nos para os gregos e romanos, alturas em que esse tipo de crítica era também uma constante -, Carrilho sublinha, no entanto, que a sociedade contemporânea e, suponho eu, a tecnologia e a globalização que a caracterizam, faz com que hoje seja posta em causa a dupla ficção na qual se sustenta a democracia tradicional: "primeiro, a de que a parte [maioria] vale pelo todo. E, depois, a de que o momento eleitoral vale para toda a duração do mandato" (página 124). E conclui que "a democracia representativa vai ser sujeita a uma cada vez mais intensa pressão participativa (primárias, referendos, júris de cidadãos, sondagens deliberativas, etc.) como vai tornar-se necessário repensar a democracia a partir das suas instituições de interesse geral, colocando a questão da qualidade da democracia no centro do debate" (página 124). Enfim, o autor abriga-se no conceito de contra-democracia do francês Pierre Rosanvallon, porém, parece-me que o verdadeiro guarda-chuva é outro e dá pelo nome de Democracia Directa!
Em suma, um livro muito interesse e, pelo seu formato de colecção de crónicas, muito fácil de ler, no qual Manuel Maria Carrilho discute um sem-número de temas que, pela sua relevância e actualidade, merecem ser mais debatidas. É claro que, pelo meio, o autor levanta questões mais controversas (por exemplo, não percebo como é que Carrilho pretende compatibilizar um Governo económico da Europa, uma identidade cultural europeia com uma política nacional da cultura alicerçada no conceito da lusofonia e da língua portuguesa...), mas, enfim, é desse despique de ideias que se faz o debate.

25 dezembro 2010

outro socialista

Delivering his Christmas sermon at Canterbury Cathedral, Dr Rowan Williams said the country would be divided and suffer from mistrust if the most prosperous do not “shoulder their load”.
His comments were echoed by other Church leaders, who expressed concern that the impact of the financial crisis was being unfairly distributed and fear a rise in social unrest.

coisas que necessitam de equilíbrio

O principal desafio que se coloca aos portugueses, para superar a crise atual, não é só combater os nossos defeitos. Minimizar os defeitos é importante mas é tão óbvio que não se torna necessário sublinhá-lo.
O principal desafio é encontrar o ponto de equilíbrio correto para as nossas qualidades. Em excesso, ou fora de contexto, todas as qualidades parecem ter um potencial maléfico. Só que por serem qualidades não merecem a nossa atenção e passam facilmente despercebidas enquanto factores da crise.
A tolerância, a inocência e a desvalorização dos bens materiais, por exemplo, caem no capítulo das qualidades que se podem tornar perniciosas se não forem geridas com equilíbrio.
Para superarmos a crise atual, penso que devemos começar por prestar mais atenção às nossas qualidades.

um retrato

El discurso del rey Juan Carlos… en cifras.
"Los parados son nuestra prioridad". En España hay 4,57 millones de parados, un 19,8% de la población activa, según la EPA del tercer trimestre. En el último año (de septiembre de 2009 al mismo mes de 2010) se han quedado sin empleo 451.000 personas.
"La sociedad no puede dejar que tantos jóvenes carezcan de trabajo". La tasa de paro juvenil es del 41,7% y duplica a la media de la Unión Europea. Solo Estonia tiene niveles similares.
"Pienso en quienes han tenido que cerrar comercios". En los últimos dos años se han cerrado 30.000 tiendas y se han perdido 90.000 empleos, según datos de la Confederación Española de Comercio.
"Los sacrificios asumidos por los asalariados...". El coste laboral medio por trabajador y mes (2.421 euros) cayó por primera vez en 10 años en gran parte por el estancamiento de los salarios.
"Los autónomos...". Hasta noviembre, se quedaron en paro 51.591 trabajadores por cuenta propia, según el Régimen Especial de Trabajadores Autónomos.
"Los pensionistas...". La congelación de pensiones contributivas para 2011 decretada por el Gobierno afectará a 5,6 millones de pensionistas.
"Los funcionarios...". Los funcionarios vieron rebajados sus sueldos un 5% desde junio y los verán congelados durante 2011.
"Volver a situar a la economía en el pelotón de cabeza". Brasil desbancó a España como octava economía (FMI).
"Sin un crecimiento adecuado no crearemos empleo". La previsión de crecimiento oficial para 2011 es del 1,3% del PIB, muy superior al que estiman organismos como el FMI o la Comisión Europea. El Ejecutivo ya ha reconocido que hasta la segunda mitad de 2011 no habrá un incremento de empleo, que será mínimo (0,3% en el conjunto del año).
"Máxima atención a los excluidos y marginados". Ocho millones de españoles padecen pobreza (Cáritas). El número de hogares con todos sus miembros en paro es de 1.292.300 (EPA). Y uno de cada cuatro niños (24,1%) está en riesgo de pobreza relativa (Unicef).

Discurso de Juan Carlos, via El País.

24 dezembro 2010

públicos e privados

Nos últimos anos temos vindo a assistir ao desaparecimento progressivo da fronteira entre o Estado e a chamada sociedade civil. O Estado passou a desenvolver a sua ação através de múltiplas entidades privadas e muitas entidades privadas passaram a depender inteiramente do Estado.

Na área financeira, por exemplo, esta miscigenação é muito clara. O Estado regulamenta toda a atividade dos bancos, desenvolve a sua estratégia macroeconómica através dos bancos e assume o papel de avalista final.

Nas áreas da educação e da saúde o Estado assume-se como empresário, mas também desenvolve parcerias com os privados e com entidades sociais, como as Misericórdias, num novelo que parece impossível de destrinçar.

O resultado desta mistura é dramático. Destrói a administração pública pela contaminação com princípios de gestão privada e destrói o sector privado que passa a estar dependente da influência, da política e da burocracia.

Parece-me muito importante pôr um ponto final nesta mixórdia que só beneficia os agentes políticos e os empresários de segunda categoria e que prejudica, e muito, o País.

Nochebuena II

1. DECOMISO DEL VEHÍCULO
Esta es, sin lugar a dudas, la medida que genera más controversia. Según el nuevo Código Penal, aquellos conductores que cometan una infracción por exceso de velocidad, conducir bajo los efectos del alcohol o sin carné, se quedarán sin su coche de manera definitiva por considerarse éste "instrumento del delito"

Nochebuena I

El día de Nochebuena traerá este año un regalo envenenado a los millones de empresas que operan en España y a sus trabajadores. La reforma del Código Penal, que entra en vigor el próximo día 24 de diciembre, introduce multas y penas de prisión de seis meses a cuatro años para el delito de corrupción entre particulares, con lo que cualquiera que conceda o acepte regalos que pretendan comprar voluntades u obtener cualquier beneficio en la compra o venta de mercancías puede incurrir en delito.

XTMAS

23 dezembro 2010

causas, tribos & sexo

No Público de hoje, uma senhora da tribo das Panteras Rosa afirma que Portugal mudou de paradigma. Era Deus, Pátria e Família e agora são as pessoas.
Claro que continuamos a ter de prestar contas a Deus pelos nossos actos, continuamos ligados à Pátria e todos temos uma família, mas para as Panteras a realidade não conta. Vivemos noutro paradigma e pronto. A fantasia, nos contos de fadas, transforma-se em realidade.
O novo paradigma, para as Panteras Rosa são as pessoas. Mas as pessoas sofreram alguma metamorfose? Pergunto eu. Claro que não. Só que em vez de erguerem os olhos para o céu as Panteras baixaram o olhar para o chão. Substituíram Deus por Causas, a Pátria por Tribos e a Família pelo Sexo. O novo paradigma não são as pessoas, o novo paradigma é:
Causas, Tribos e Sexo.
As causas atraem grupos de pessoas que formam tribos e se fornicam umas às outras. Grande paradigma!

22 dezembro 2010

elementary my dear Watson

O Governo decidiu que o salário mínimo vai subir 10 euros em Janeiro para os 485 euros. Mas o Executivo comprometeu-se a aumentar o valor para os 500 euros ao longo do próximo ano.

Governo não espera estar em funções até ao final de 2011 e pretende deixar o terreno armadilhado para quem se seguir.

a real elite (II)

Bolas! Estive agora a ler melhor o texto que citei no meu post anterior e, afinal, é tudo ficção! Enfim, apesar da invenção, reitero a minha admiração pelo Dr. Medina Carreira. Quanto ao autor do texto...não havia necessidade.

a real elite

Recebi esta manhã um email de um amigo meu muito indignado com um artigo de opinião que acabara de ler no Diário de Notícias e que faz referência à vida pessoal do Dr. Medina Carreira. Depois de ler o texto só posso uma concluir uma coisa: "he is putting his money where his mouth is", como diriam os americanos. Isto é, se o cenário catastrofista que o reputado comentador prevê para Portugal se concretizar, Portugal, provavelmente, sairá do euro e a nova moeda será fogo nas mãos, condenada à desvalorização real associada à inflação que se seguirá. Ora, nesse cenário, a alternativa clássica ao dinheiro físico são os activos reais, nomeadamente o imobiliário. Ou seja, Medina Carreira - num registo pouco habitual entre os portugueses - está simplesmente a tangibilizar as suas opiniões, a traduzir em actos as suas convicções, merecendo, por isso, a minha cada vez maior admiração pessoal por ele. Tivéssemos, nós, mais Medinas Carreiras e o país estaria bem melhor.

as políticas socialistas

Mercedes ameaça liderança da Renault em Portugal

Para 2010, prevêem um crescimento de 13%, para 450 milhões de euros. "Foi um ano muito bom para a Mercedes-Benz. Esta foi a nossa recompensa depois de mais um ano de grandes mudanças e de reforço da marca", explica Carsten Oder.

A marca alemã prevê fechar este ano com mais de 8.500 carros vendidos no mercado português, o que significa um aumento da quota de mercado para 4,2%. "O objectivo traçado com a casa-mãe foi vender 7.300 carros este ano em Portugal, mas vamos vender mais. Portanto, ultrapassámos o nosso objectivo", defende o executivo.

PS: Os socialistas apregoam a igualdade, mas o resultado é o que se vê.

Perdões de dívida

21 dezembro 2010

mini ice age coming

Artigo de Boris Johnson.

o mesmo trilho

quando crescer é encolher

Olhando para o lado da despesa, a nota afirma que “no período de Janeiro a Novembro, a despesa pública registou um crescimento de 2,6 por cento, que traduz uma redução de 0,2 pontos percentuais face ao mês anterior” e sublinha que “o grau de execução da despesa situou-se em 89,1 por cento, inferior em 1,7 pontos percentuais à média do perfil intra-anual de execução da despesa nos quatro anos precedentes, continuando a revelar sinais seguros de que o objectivo orçamental para 2010 será cumprido”.
Via Público
PS: A vermelho a realidade e a verde o spin.

20 dezembro 2010

execução orçamental

Foi hoje divulgado o mais recente relatório de execução orçamental da Direcção Geral do Orçamento e os números não evidenciam nenhuma melhoria significativa das contas públicas. Revelam que, a exemplo do mês anterior, houve uma estagnação do défice do Estado à custa de receitas bem acima do previsto e pouco mais. Há, de facto, uma pequena redução do saldo global, porém, o saldo primário aumentou ligeiramente. E verifica-se que é no Estado central e no Estado social que persistem os desvios na despesa, nomeadamente nas Transferências Correntes para a Admnistração Central e para a Segurança Social, bem acima das previstas. Uma última nota para a Assembleia da República: continua a figurar na lista de organismos em incumprimento na prestação de informação (coisa a que poucos dão grande importância, mas que, para mim, representam a imoralidade, o Estado enquanto pessoa de mal, a que chegámos).

a nova crise

o arquitecto e a obra

Architect of the single currency dies.


Morreu o arquitecto e resta saber se a sua obra prima não terá já ultrapassado o prazo de validade.

19 dezembro 2010

mudar de vida

  • Ou mudamos de estratégia ou caímos no abismo.
  • É necessário mais espaço para a iniciativa privada e menos para o Estado.
  • Temos de enterrar concepções insustentáveis do socialismo.
  • Não podemos confundir a igualdade com o igualitarismo.


Declarações de José Sócrates Raul Castro.

Sócrates critica socialistas

Sócrates condena quem explora a pobreza para retirar dividendos políticos.

18 dezembro 2010

Molly Malone

as suecas andam a perder o melhor

Não admira que sejam umas neuróticas.

mal educadas sexuais

A Suécia tem educação sexual nas escolas desde 1956, contudo (a avaliar por estas histórias) as suecas são umas mal educadas sexuais. Aqui está um bom argumento para acabar com a educação sexual.

como resolver o défice da saúde

Só há duas maneiras possíveis de acabar com o défice da saúde. Ou cortar nos cuidados aos doentes ou cortar no próprio Ministério da Saúde.
Na segunda opção, o MS poderia ser extinto e o financiamento passar a ser feito directamente às unidades prestadoras de serviços de saúde, por um método de capitação. As questões de saúde pública seriam confiadas a uma Direcção Geral.
A primeira opção deixo à imaginação e cuidado dos socialistas. Eles é que têm estômago para essas coisas.

2.000 M€


A situação financeira do Serviço Nacional de Saúde (SNS) pode, afinal, ser ainda mais grave do que o próprio ministro das Finanças admitiu em Outubro passado.
Mais do que os 500 milhões de derrapagem em relação ao que foi orçamentado para 2011 e que Teixeira dos Santos descobriu, as contas provisórias do final do ano feitas pelo próprio Ministério da Saúde apontam para um défice acumulado que pode chegar aos dois mil milhões de euros.

5 medidas credíveis 5

Gostaria de sugerir ao governo 5 medidas simples para resolver, de vez, o problema do défice e da dívida soberana portuguesa.

  1. Acabar com o Ministério da Saúde - O MF financiaria directamente as unidades de saúde por um método de capitação.
  2. Acabar com o Ministério da Educação - O MF financiaria directamente as escolas.
  3. Acabar com o Ministério da Ciência, da Tecnologia e Ensino Superior.
  4. Acabar com o Ministério da Economia - Por inutilidade.
  5. Acabar com o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social.
Em alternativa, o Sr. primeiro-ministro deve demitir-se e dar o lugar a quem tenha os "cojones" necessários para tomar estas medidas.

desvario total

O Governo já tem um plano B caso as 50 medidas que foram apresentadas esta semana não acalmem os mercados.

B, C, D, E, F...

17 dezembro 2010

EUA 150 - UE 0

ESTE ANO FALIRAM NOS EUA CERCA DE 150 BANCOS (ver lista aqui). NA UE PENSO QUE NÃO FALIU NENHUM.
SÃO 150 A 0.

blended

Eis o que nos espera.

Chinelanda

El FMI considera insuficientes los recortes presupuestarios de Irlanda.

Body Browsing - mais uma inovação da Google

a legitimidade do Estado

Os Estados estão a perder legitimidade? Seria uma grande presunção da minha parte responder genericamente a esta pergunta, pese embora a existência de elementos que apontam nesse sentido. O Estado português, com certeza, tem hoje menos legitimidade do que tinha há 20 anos.

Quando me refiro à legitimidade do Estado, não estou a invocar os aspectos formais do funcionamento da coisa pública. Pelo menos, no Ocidente, todos os governos atuais resultaram dos formalismos políticos adequados. Refiro-me, isso sim, ao reconhecimento, por parte dos governados, da autoridade dos governantes para os liderarem.

Ora, neste capítulo, estamos conversados. A população portuguesa já não reconhece aos governantes qualquer autoridade. Considera-os alienados do Bem Comum, vassalos de interesses particulares, incompetentes e, nalguns casos, corruptos.

Esta falta de legitimidade limita a ação governativa e, em desespero, leva a que cada um trate da sua vidinha. O capital foge, a informalidade cresce, os ajuste de contas banalizam-se, não se investe, não se contrata ninguém, não se confia em ninguém, enfim – é o descalabro social.

Na minha opinião, vai ser muito difícil recuperar a legitimidade perdida. Serão necessários novos líderes e um novo regime político.

16 dezembro 2010

don't ask don't tell

O governo acordou, em princípio, permitir os voos com prisioneiros de Guantánamo. As respectivas autorizações, contudo, teriam de ser concedidas caso a caso e parece que nunca chegaram a ser solicitadas. Pelo que o MNE afirma que se esses voos ocorreram:
- Os EUA devem um pedido de desculpas a Portugal.
Foi por uma boa causa, estais desculpados.

vectores do anarquismo individualista moderno

1. Perda da legitimidade do Estado.
2. Egoísmo.
3. Hedonismo.
4. Ignorância.
5. Desestruturação da família.
6. Libertinagem sexual.
7. Feminismo.
8. Ateísmo.
9. Emocionalismo (substituição do pensamento racional por emoções).
10. Fim do socialismo.

trabalhar malandros

As mais de 600 mil pessoas que estão sem trabalho em Portugal - um contigente de dimensão histórica, que cresceu de forma descontrolada com a crise económica e financeira - terão de ser parcialmente absorvidas pelo sector das obras de reabilitação urbana ao longo dos próximos anos com a ajuda de medidas concretas do Governo, em articulação com várias plataformas empresariais ligadas à área da construção, como a Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) ou a Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas (Aecops).
Via DN

PS: Uma vez que há dezenas de milhares de desempregados com cursos superiores, a construção civil portuguesa vai poder contar com a força de trabalho mais educada do mundo. Presumo que a produtividade de assentar tijolos vai explodir.

palha

Se as 50 medidas do governo (aqui muito bem dissecadas pelo João Miranda) fossem respostas a um teste de economia, o examinador devia considerá-las, no calão académico, PALHA.

15 dezembro 2010

50 medidas 50

Medidas do governo podem contribuir para reforçar tendências anarquistas da sociedade portuguesa. Digo eu.

o erro de Assange

O grande erro de Assange foi não ter convidado as suecas para um dueto, assim não havia queixas.

A

Os anarquistas são contra qualquer forma de governo coercivo, qualquer forma de governo que seja imposto aos cidadãos pela força, incluindo as formas democráticas de governo que não contemplem direitos de secessão ou de “opting out” (nenhuma o faz).

Sem tentar analisar as mil e uma nuances do anarquismo que vão do anarco-sindicalismo ao anarco-capitalismo, gostaria de me focar apenas na aversão dos anarquistas ao Estado para sustentar a tese de que esta característica tem tendência a desenvolver-se à medida que os indivíduos adquirem maior autonomia económica e social.

Uma pessoa capaz de ganhar a vida pelos seu próprios meios, capaz de se governar a si próprio e à sua família, sente que não precisa tanto do Estado e até que estaria muito melhor sem a intromissão constante do Estado na sua vida.

Numa determinada sociedade, meia dúzia de indivíduos com essas características constituem um bando de lunáticos. Uma percentagem significativa da população, porém, constitui uma corrente anárquica com capacidade para influenciar o curso dos acontecimentos. É possível que esse efeito de massa já se esteja a fazer sentir nos países mais ricos e que o apoio à Wikileaks traduza este fenómeno.

informal

É possível que o governo conservador da Suécia não resista a esta fuga de informação. Vão rolar cabeças e não vai ser (para já) a do Assange. Não dava para acreditar que o interesse da justiça sueca pelo líder do Wikileaks se devia apenas a umas quecas suecas mal aviadas.

FMI

Portugal não necessita de recorrer ao FMI porque o FMI "re-corre" a Portugal e o primeiro-ministro está disposto a fazer "o trabalho sujo" desta organização internacional.
É uma situação política inédita, penso eu.

PS: Link para um estudo do FMI sobre crescimento na zona do Euro (PDF).

federalismo?

Portugal vai hoje novamente ao mercado e parece que, desta vez, é MESMO o último leilão do ano. Por 500 milhões de euros a 3 meses vamos pagar qualquer coisa entre os 3,5% e os 4%. Ou seja, o dobro face à última vez que vendemos dívida com aquela maturidade. Contudo, o derradeiro teste de 2010 é amanhã: a Espanha também tem de ir ao mercado, sendo que, o seu sucesso ou insucesso dar-nos-á uma ideia de como decorrerão os leilões previstos para o início de 2011. Mas o panorama não é muito animador...a Moody's acaba de anunciar que o "rating" da Espanha deverá ser revisto em baixa em face das necessidades de recapitalização dos seus bancos, das suas cajas e das suas regiões autónomas (no total, poderá atingir perto de 100 mil milhões de euros). E, em Itália, segundo a imprensa internacional, assistimos, ontem, às mais violentas manifestações dos últimos anos, que acabarão por forçar a demissão de Berlusconi e uma crise política que o euro, provavelmente, não suportará.
Entretanto, começam a soar os alarmes no Banco Central Europeu (BCE). Depois de Jean Claude Trichet ter pedido um aumento de capital do BCE (!) e de ter sugerido que, em alternativa ao banco central, deverá ser o Fundo de Estabilização Financeira (EFSF) da UE a comprar a dívida da Europa periférica (alargando o seu escopo de acção, para já restringido ao resgate de última instância), o presidente do EuroGroup, o senhor Juncker, sugere que a UE emita dívida europeia (os chamados Eurobonds) até 40% do PIB da zona euro e que os países que, ultrapassando a sua quota, necessitem de dívida adicional sejam, então, chamados a pagar o diferencial de juros. Ou seja, por um lado, o BCE, que já conta com uma carteira de 72 mil milhões de dívida periférica, começa a ver riscos de as suas reservas (avaliadas em 5 mil milhões, segundo dados citados pelo DE de hoje) não chegarem quando se registar a inevitável reestruturação de dívida daqueles países. Por outro lado, uma vez esgotado o EFSF em 2013, já todos perceberam que muitos países da zona euro não conseguirão ter crédito a preços decentes. Enfim, as perspectivas não são boas. A única saída parece estar numa solução federal. Os mercados assim o indicam, evidenciado na escalada dos juros da Alemanha (de 2,2% no Verão, já passaram os 3%). Porém, na prática, será possível?

se hay gobierno yo soy contra

O movimento anarquista está em franca ascensão a nível mundial. O fenómeno Wikileaks é uma demostração importante desta realidade, mas não é a única. As manifestações de estudantes em Londres, por exemplo, também contaram com uma boa ajuda anarca.

A desilusão com a esquerda e a extrema-esquerda é certamente uma das causas deste fenómeno. Os jovens aspiram à liberdade e constatam que ela não está no socialismo nem no comunismo.

Em Portugal, a juventude vai demorar mais tempo a anarquizar-se devido à influência da cultura católica que, como o PA tem realçado, é uma cultura de autoridade e a anarquia é anti-autoridade. Mas a moda vai chegar, nós adoramos estrangeirismos.

Nos próximos posts irei tentar demonstrar que esta ascensão da anarquia é um desenvolvimento social lógico e até benéfico. Irá destruir o que resta da esquerda Estalinista e Maoísta, as franjas colectivistas dos partidos socialistas e sociais-democratas e abrirá caminho ao Estado mínimo.

Como libertário, este resultado agrada-me.

13 dezembro 2010

os jornalistas portugueses são suaves

...the WikiLeaks founder now in custody in London awaiting extradition to Sweden on faintly mysterious charges of sexual assault, look both weak and repellent.
The Economist

Não estive nas camas em que ele se meteu na Suécia, mas não vejo motivos para não achar que os tribunais ingleses e suecos são capazes de julgar o caso com equilíbrio no quadro das respectivas legislações.
JMF, no Blasfémias

os jornalistas são suaves

As fugas de informação do Wikileaks demonstraram, para quem andasse distraído, que o jornalismo português não vale um tostão furado. Os portugueses devem deixar de gastar dinheiro com este jornalismo suave manso que não passa de lixo.

a democracia em funcionamento

Obamacare considerado inconstitucional por um tribunal federal.

o erro de Santos

Cable:

On February 5, Millennium
Executive Board Chairman Carlos Santos Ferreira discussed the
proposal with Poleconoff and its possible benefit to the USG.
While he claimed that the costs could outweigh the benefits
to Millennium
, Ferreira is willing to establish a
relationship with Iran to help the USG track Iranian assets
and financial activities. Millennium has consulted with the
Bank of Portugal and senior government officials, and would
like our views on its proposed relationship with Iran and
Washington's interest in tracking Iranian accounts in
Portugal.

O erro:

Santos Ferreira pensa que os accionistas do BCP são beneméritos, dispostos a sacrificarem-se pelas causas do USG.

Ferreira, Santos Ferreira

O risco financeiro associado ao negócio bancário não é exatamente o mesmo da espionagem. Se os acionistas do BCP soubessem que o banco pretendia ser uma central de informações, por certo teriam exigido uma remuneração adicional para o capital investido.
É que a possibilidade de serem apanhados com a boca na botija, por assim dizer, é grande (como se constata) e as consequências não podem deixar de ser bastante onerosas.
Se o Banco de Portugal teve conhecimento prévio desta situação, estamos perante um escândalo de grandes dimensões. Jardim Gonçalves parece um santo, quando comparado com Santos Ferreira.
Como é que o atual presidente do BCP se terá apresentado a Mahmoud Ahmadinejad? Deixem-me adivinhar:
- Ferreira, Santos Ferreira.

+ transparência

Diplomacia dos EUA retrata Sócrates como um político carismático, com sentido de Estado, e Cavaco Silva como um ressabiado que só está preocupado com a sua imagem.
Sócrates procedeu bem ao autorizar os voos da CIA, com os presos de Guantánamo. Mentir ao Parlamento, contudo, não teria sido necessário. O Mister devia ter driblado as perguntas sobre este assunto.

o mister

O primeiro-ministro José Sócrates sai relativamente bem no retrato da embaixada norte-americana. Pragmático e com sentido de Estado. É um verdadeiro MISTER.

12 dezembro 2010

democratizar a informação

The state has not been “in control” of information for hundreds of years, probably not since Gutenberg invented the printing press and produced his Bible, which helped make the Protestant Reformation possible.

PS: Mais um a falar da reforma, a propósito do Wikileaks.

Wikileaks

1. Precisamos de mais transparência? Sim, sem qualquer dúvida.
2. A Wikileaks pode ser um meio para uma sociedade mais transparente? Sim.
3. A divulgação das fugas do Departamento de Estado dos EUA são legítimas? Com certeza que sim.
4. Têm interesse publico? Sim e sim.
5. As motivações do Assange são importantes? São importantes, mas esse é outro assunto que não deve prejudicar a divulgação das fugas.
6. A transparência total é possível, como pretende Assange? Não, o segredo de Estado tem de ser preservado, mas apenas temporariamente e nalguns assuntos específicos – na guerra, por exemplo.
7. O que é o jornalismo científico? É uma treta sem pés nem cabeça.
8. As fugas do Wikileaks beneficiam ou prejudicam a liberdade individual? De um modo geral beneficiam, mas há áreas em que podem prejudicar.
9. A populaça tem capacidade para analisar a informação “em bruto”? Não, de modo algum. Esse é o trabalho dos jornalistas e mais tarde dos historiadores.
10. O Wikileaks aumenta o poder dos jornalistas? Não, diminui porque deixam de ser eles apenas a decidir o que é notícia.

a liberdade de saber

O efeito das fugas é a sociedade ficar a saber os segredos do poder. Este, ao guerrear a sociedade com extorsão (impostos), leis e regras esmagadoras da actividade económica e da vida em geral da comunidade ou ainda a actividade policial que aplica cegamente os ataques do poder político, não pode esperar que a sociedade coopere (ou pelo menos, não toda a sociedade). É expectável que haja pelo menos uma parte desta que não aceite ser tratada como súbdita, meramente útil a pagar impostos e a respeitar tudo aquilo que os seus pretensos representantes aprovam. Neste sentido, é expectável que não haja respeito pelo que o estado considera confidencial.

Filipe Abrantes, n'O Insurgente

11 dezembro 2010

com o pêlo do mesmo cão

Teixeira dos Santos deve pedir ao Presidente de Moçambique que invista na dívida soberana portuguesa. Faria todo o sentido.

o valor da verdade

Costuma dizer-se que a primeira vítima da guerra é a verdade. Basta pensarmos na propaganda que rodeou a guerra do Iraque, por exemplo, para compreendermos esta máxima.
Em guerra, os Estados mentem ou distorcem a verdade por razões tácticas e porque os fins justificam os meios. Tudo deve ser feito pela vitória. A derrota constitui uma ameaça existencial intolerável para qualquer povo. É por isso mesmo que Sun Tzu afirmou, há mais de 2.500 anos, que a guerra é um assunto extremamente sério. O mais sério de todos, digo eu, porque é um assunto de vida ou de morte. É por isso que em guerra, todos os direitos podem ser suspensos e impera a lei marcial.
A liberdade de expressão e a liberdade de imprensa ficam diminuídas ou suspensas durante a guerra. As fugas de informação transformam-se em crime de traição e os responsáveis podem ser executados.
A ideia de Julien Assange, de que o Estado deve expor aos cidadãos toda a verdade sobre as guerras em que se envolve ou pode vir a envolver, é absolutamente contrária à própria natureza dos conflitos armados e conduziria ao enfraquecimento e à derrota dos que aceitassem este princípio.
Em ultima análise conduziria à perda total da liberdade.

seraglio

Frederick Arthur Bridgman

huris

Alcorão

The smallest reward for the people of paradise is an abode where there are 80,000 servants and 72 wives, over which stands a dome decorated with pearls, aquamarine, and ruby, as wide as the distance from Al-Jabiyyah to Sana.

PS: Uma sugestão para as interpretações literais dos textos religiosos.

10 dezembro 2010

ler é maçada

No Jugular, JPC disserta sobre os desígnios de Deus, para regozijo da populaça.
Não se refere, porém, ao Deus dos filósofos e dos Doutores da Igreja. Refere-se ao Deus de Dawkins, ao Deus dos brutos. Um interesse que o qualifica e que simultaneamente o desqualifica.
Tomás de Aquino, em pleno Séc. XIII, já tinha explicado que o homem, pela sua natureza finita, não pode conhecer a infinitude divina. Apenas pode inferir da existência de Deus, em especial pela impossibilidade da criação ex nihilo. Porquê o mundo? Porque não nada?
O literalismo bíblico, que JPC tão grotescamente parodia, não passa de uma doença infantil da ignorância atrevida.
“Ler é maçada, estudar é nada” – “let’s party”.

em política o k parece...

"Why was Mr. Assange hidden in jail? Is that democracy?"

Putin

bem negociado

Como tenho vindo a sublinhar há já algum tempo, a melhor saída para a crise que afecta a Europa periférica é a negociação de reescalonamentos da dívida e, no limite, a negociação de perdões de dívida.
Ora, hoje está a ser noticiado que a Islândia chegou a acordo com a Inglaterra e com a Holanda, a fim de pagar a dívida de 4 mil milhões de euros associada à falência do Banco islandês Icesave. Assim, depois de morosas negociações, o pagamento da dívida foi extendida até ao longíquo ano de 2046, sendo que a Islândia pagará um juro anual de sensivelmente 3%. Ou seja, bem melhor que os termos dos empréstimos negociados pela Grécia e pela Irlanda e que, provavelmente, permitirão à Islândia manter a trajectória ascendente desde que a sua economia bateu no fundo depois de ter implodido há dois anos. De resto, também esta semana, foi divulgada a taxa de crescimento real do PIB islandês no terceiro trimestre de 2010, que evidenciou um crescimento trimestral de 1,2%, ou seja, uma taxa anualizada de quase 5%. Pelo contrário, na Grécia, na Irlanda e, em breve, em Portugal, não há qualquer esperança de que qualquer um destes possa, no curto e médio prazo, sair da recessão.
Enfim, os números do PIB agora divulgados na Islândia confirmam os estudos elaborados por Kenneth Rogoff e Carmen Reinhardt em "This time is different", que eu tenho citado com frequência nas minhas intervenções na imprensa. Assim, o que Rogoff e Reinhardt nos dizem, para além da inevitabilidade do "default" e dos seus méritos a prazo, é o seguinte: que após o colapso (definido como o momento "t"), sucede-se, em média, um crescimento anual real de 2,1% entre os anos t+1 e t+3 (página 132, tabela 9.1), lançando as bases para novos períodos de prosperidade mais à frente. Mais, aquela taxa de 2,1% - taxa real - não é fruto do acaso, aliás, é estatisticamente significativa ao nível de 1% (por outras palavras, em 100 eventos semelhantes ocorre em 99). Em suma, dada a teoria, os números da Islândia não surpreendem. Pelo contrário, o que surpreende é a casmurrice e o preconceito daqueles que, afirmando que as reestruturações e perdões de dívida só em África, apenas adiam o inevitável, o razoável e o exigível.

nova crise dos mísseis

Presidente fraco leva a problemas fortes. Isto vai acabar muito mal.

F*%k the President

Os democratas não andam contentes com Obama. Nem os democratas...

reprogramação

Português sendo reprogramado para saber beneficiar do Estado Social. Terminada a sessão, este súbdito irá subscrever o Novo Contrato Social da Saúde.

falta de médicos (II)

Joaquim,
Obrigado pela estatística. Espero que a imprensa se deixe de preconceitos e comece a falar do assunto com o devido rigor. Quanto à ausência de mecanismos de mercado para eliminar a má distribuição de médicos em Portugal - e situações como esta -, é simples: discrimine-se o salário em função da carência ou do excesso de médicos em cada concelho do país. Ou seja, crie-se uma espécie de Bolsa na saúde, em que os salários flutuem com a oferta e a procura disponíveis. Os doentes e o país, em particular o interior desertificado, ficariam melhor servidos.

falta de médicos

Ricardo,

Penso que esta notícia encerra a questão da falta de médicos.

Portugal está entre os países da Europa que não tem falta de médicos, conclui a OCDE. O País está mesmo acima da média europeia. De acordo com o relatório "Health at a Glance 2010", publicado esta semana pela OCDE, existem 3,7 médicos por cada mil habitantes, um número acima da média europeia (3,3 médicos por milhar de habitantes), e que tem mesmo vindo a crescer. O mesmo estudo diz ainda que metade dosclínicos são médicos de clínica geral. A falta de médicos em Portugal tem sido, contudo, apontada pelo Governo como um dos maiores problemas do sector.

PS: A má distribuição dos médicos resulta da ausência de mecanismos de mercado. É, por assim dizer, uma falência do planeamento central.

o bom comunista

Como é que podemos melhorar o sistema de saúde?
1. Reestruturando o SNS.
2. Reprogramando os portugueses.
Creio, sinceramente, que a primeira hipótese é mais realista.

CS recupera da Gripe A

Novo contrato para a saúde:

1. Para evitar os efeitos nocivos de cortes cegos, CS propõe respostas automatizadas e uma reprogramação cultural (neuronal?) dos agentes da saúde.
2. Um OE que todos percebam porque o atual é incompreensível, até pelos técnicos superiores.
3. “Se não adoptarmos um novo contrato vamos acabar com um sistema de saúde similar ao do Burundi da América”.
4. Os pobres não têm o acesso devido ao SNS, apesar deste ser gratuito.
5. Para poupar deveríamos estender as PPP ao sector social (como disse?)
6. Os portugueses devem subscrever um novo contrato para a saúde (e comportarem-se tão responsavelmente como os finlandeses, digo eu).

PS: CS que nos salvou da roleta russa da Gripe A, propõe-se agora salvar-nos da catástrofe da americanização do sistema de saúde.

+ antiamericanismo

09 dezembro 2010

reforma máxima: 1.700 euros

Ainda no outro me falavam desta notícia, passada na RTP, à qual eu reagi com uma certa incredulidade e com a seguinte tirada "mas 1.700 euros na Suíça não pagam sequer uma renda de casa!". Contudo, a notícia, ao que parece, rapidamente, retirada do ar, vetada pelos media, é mesmo verdade e chegou-me agora através de leitores do nosso PC. E, efectivamente, sendo certo que a lei suíça obriga à subscrição de PPR's, a verdade é que, também, fixa a reforma máxima em 1.700 euros por pessoa e uma só reforma por pessoa. Imaginem só se isto fosse aplicado em Portugal...

Dei Gratiae, Rex Portugaliae

Rei de Portugal e do Allgarve, de Timor Lorosae e do Brasil.

$ocialismo & $ocial-democracia, S.A.

Há quem olhe para um bairro da lata e só veja miséria e há quem olhe para o mesmo bairro e veja potes de ouro.

Não sei quem é o autor desta frase que resume uma grande verdade. O socialismo, a grande fábrica da miséria em Portugal, só sobrevive porque muita gente vê potes de ouro no meio da pobreza. Sugiro que passemos a escrever socialismo e social-democracia com cifrões - $ocialismo, $ocial-democracia. É mais coerente com a realidade.

(in)flexível

A vice-presidente da Comissão Política Nacional do PSD, Paula Teixeira da Cruz, considerou numa entrevista à SIC que o Código do Trabalho não necessita de alterações porque já é suficientemente flexível.

A Heritage Foundation não partilha a mesma opinião:

Portugal’s overall economic freedom remains limited by high government spending, low fiscal freedom, and a rigid labor market... The labor market is highly regulated.

status quo

Pedro Santos Guerreiro, no JN, defende o status quo:

Portugal precisa de exportar mais. Para isso, precisa de ser mais competitivo. Como? FMI, BCE e Comissão Europeia têm a resposta na ponta da língua: despedimento individual. Afinal governar a economia é simples. Excepto num ponto: não é o que as empresas querem. Trocavam isso por energia mais barata.

PS: PSG refere-se às empresas instaladas, às que lhe subsidiam o jornal. Não compreende o obstáculo que o Código do Trabalho constitui para as micro-empresas que funcionam num escritório de 50 M2 ou numa garagem. Nem compreende o drama dos jovens desempregados.
Enfim, cada um faz o seu papel.

Confúsio

O ministro Vieira da Silva recusou-se a admitir a possibilidade de o Código de Trabalho ser revisto a breve prazo, alegando que as novas leis laborais revelam-se adequadas na resposta à crise e combate ao desemprego.

Vieira da Silva, Abril de 2009

O ministro da Economia afirmou hoje que o Governo quer discutir o custo das indemnizações pagas aos trabalhadores despedidos.

Vieira da Silva, Dezembro de 2010

08 dezembro 2010

Jeróooooonnniiimooooo

Os mercados, tantas vezes amaldiçoados pelos portugueses, ainda vão detectando situações de excelência em Portugal. E a Jerónimo Martins, certamente, encaixa nesse perfil. Hoje, as acções da retalhista registaram novos máximos históricos, encerrando a sessão nos 12,58 euros por acção, a que corresponde uma valorização de 80% (!) desde o início do ano. A performance é verdadeiramente extraordinária, tanto mais que o PSI20, como um todo, regista uma variação negativa desde o início do ano. A Jerónimo Martins está de parabéns. Dá lucros, dá emprego - em Portugal e no estrangeiro - e dá o exemplo, financiando actividades filantrópicas, como é a Fundação Francisco Manuel dos Santos (que magnífica colecção, é aquela à venda nos Pingo Doces!) e o Pordata. Mais uma vez, parabéns. Quanto às acções, a 12,58, talvez esteja na altura de uma correcçãozita...

reformistas

500 anos de distância, a mesma luta cega pela "verdade". Martinho odiava os judeus que apelidava de mentirosos e violentos. Julien odeia os Americanos, pelos mesmos motivos.

EBJ - evidence-based journalism

WikiLeaks coined a new type of journalism: scientific journalism. We work with other media outlets to bring people the news, but also to prove it is true. Scientific journalism allows you to read a news story, then to click online to see the original document it is based on. That way you can judge for yourself: Is the story true? Did the journalist report it accurately?
Artigo de Julien Assange

Depois de terem confiado a cada indivíduo a interpretação da palavra de Deus, como o PA tanto tem sublinhado, os protestantes propõem-se agora confiar a cada indivíduo a interpretação dos "factos" subjacentes às notícias e a sua respectiva validação.
Esta abordagem só pode conduzir à aniquilação da verdade, como a interpretação individual da palavra de Deus conduziu ao ateísmo.

alelos curtos vistas curtas

Finalmente a ciência conseguiu descobrir o gene da promiscuidade sexual, o DRD4. Os alelos (variantes) mais longos do DRD4 estão associados a comportamentos sexualmente permissivos em 50% dos casos.
As pessoas que carregam o pesado fardo de transportar um par destes alelos são mais aventureiras, correm mais riscos e divertem-se mais a fazê-lo.
Foram eles que nos tiraram de África, com o seu gosto pelo risco. Foram eles que nos deram um mundo novo e é justo que se regalem, depois de um dia de labuta, com uns flashes de dopamina. Disse depois, mas também pode ser antes ou durante ou quando lhes passar pela cabeça. E que se reproduzam para que a prevalência dos alelos longos supere a dos alelos curtos.
Alelos curtos vistas curtas.

os socialista são o pesadelo dos pobres

Quando os socialistas sonham, os pobres têm pesadelos. Para realizarem os seus sonhos, os socialistas têm de meter a mão no bolso da populaça, têm de ir lá buscar os recursos necessários para os realizar. Os ricos também sofrem, mas nada que se compare. Em primeiro lugar porque os ricos são, por assim dizer, alvos em movimento, muito mais difíceis de atingir, enquanto os pobres podem ser “apanhados à mão”, é só ir-lhes aos salários. Em segundo lugar porque o esforço que o Estado impõe aos cidadãos, em termos relativos, é menor no caso dos ricos.

Acresce ainda que, por força dos grandes números, a maior parte dos sonhos dos socialistas nunca poderia ser financiada pelos ricos, pelo simples facto de não serem tantos e tão ricos. Quem poderia financiar uma educação “gratuita” para todos? Os ricos? Não, o dinheiro tem de provir dos pobres, da populaça.

Para realizarem os seus sonhos, os socialistas dependem assim de um sistema de vasos comunicantes que estabeleça uma ligação direta do bolso dos pobres para os cofres do Estado. Os biliões sugados desse modo são depois gastos em projetos mirabolantes de que, em teoria, todos beneficiariam.

Os pobres, contudo, pouco ou nada beneficiam porque deixam de ter recursos para o essencial e raramente usufruem das grandezas e luxos que os socialistas congeminam. O TGV, por exemplo. Poucos pobres o irão usar, mas uma coisa é certa, todos o irão pagar. É por isso que quando os socialistas sonham, os pobres têm pesadelos.

$ da electricidade a 27

Ver detalhes aqui.

A electricidade é 20% mais cara em Portugal do que em Espanha para pequenos consumos. Tendo em conta a diferença de rendimentos, podemos afirmar que os portugueses de menores recursos estão a ser esfolados vivos para financiarem a visão energética dos socialistas.

a cegueira do governo II

“Em termos globais, o acréscimo da factura da electricidade poderá assim ascender a cerca de 20% e afectar os 9.300 lojistas presentes em 127 Centros Comerciais, que actualmente representam 90 mil empregos directos e 200 mil indirectos”.

07 dezembro 2010

Cimeira do Tintol




A bebedeira calha a todos! O Sarkozy, desta vez, parece só ter bebido mesmo água. Quanto ao pobre do Medvedev, coitado, subestimou o tinto lusitano que, pelos vistos, em nada ficar a dever à vodka!

uma velha meretriz

A prisão de Assange, sob os pretextos que são conhecidos, é uma vergonha para a Suécia e para a Europa. Não quero aqui analisar se o fundador do Wikileaks é ou não culpado de algum crime, relativamente às fugas de informação que são conhecidas. Se é deve comparecer perante a justiça.
Agora deitarem-lhe a mão a propósito de um assunto que corre em paralelo e que de modo algum parece justificar prisão preventiva corrompe o Estado de Direito e deve deixar-nos a todos intranquilos.
A Europa tornou-se hoje menos livre, menos independente, menos frontal. A velha Europa tornou-se hoje mais opaca, mais velhaca e mais arbitrária.
Não são boas notícias para os Europeus, qualquer que seja a consideração que tenham pelo Sr. Assange.

cuidado rapazes...

...as suecas de tudo são capazes. Podes ser "condomnado".